Sucesso no “Superstar”, Sabrina Sanm, da banda Kita, fala sobre a participação no programa e divide os conselhos de Sandy


Grupo de rock liderado pela moça acabou de passar para a próxima fase do reality show musical graças a um passe da madrinha. Em entrevista, a moça conta o que mudou desde que começou a participar da competição, influências e rebate as críticas por cantar em inglês

Quem acompanha o novo reality show musical da Rede Globo, “Superstar”, provavelmente tem se espantado com o talento das bandas que estão se apresentando no palco do programa nesta edição. Entre os concorrentes, um dos grupos tem chamado a atenção e é um dos favoritos a levar o prêmio para casa: Kita, a banda liderada por Sabrina Sanm e que investe pesado no pop rock, com muita atitude e letras em inglês.

Com Sandy como madrinha, a Kita passou para a próxima fase do programa graças ao passe que a jurada deu, o que pode ser visto como um grande incentivo e aposta no talento do grupo. Mas, apesar de estarem mais em evidência agora, a banda já tem anos de estrada, um EP lançado, shows por vários países da Europa e da América do Sul, além de terem se apresentado como atração de abertura do Paramore aqui no Rio.

Prestes a subir ao palco do Solar de Botafogo, onde se apresenta com a Kita nesta quinta-feira (28) em um repertório cheio de músicas ainda inéditas e, de bônus, um cover do Nine Inch Nails, Sabrina bateu um papo com HT sobre as expectativas para o programa, o melhor conselho que já ouviu da madrinha Sandy, o que mudou com a participação da banda no reality, mulheres no rock e muitos outros tópicos que você confere abaixo:

No "Superstar", a Kita foi para a próxima fase graças a um passe da madrinha Sandy, que aconselhou a banda a não ceder sob a pressão (Foto: Divulgação)

No “Superstar”, a Kita foi para a próxima fase graças a um passe da madrinha Sandy, que aconselhou a banda a não ceder sob a pressão (Foto: Divulgação)

HT: Como vocês se conheceram e como surgiu a banda?

SS: Conheci o Renato [Pagliacci, guitarritsa] há 16 anos. Ele é meu marido e nós começamos a compor para um trabalho solo que eu tive. Depois, deixei isso um pouco de lado e começamos a compor em inglês, para um trabalho mais ambicioso, com o intuito de tocar no mundo todo. Depois, participei de um projeto musical com o [Guilherme] Dourado, baixista, ele trouxe o Jayme Neto [guitarrista] e nós quatro permanecemos no grupo.

HT: E como surgiu a oportunidade de participarem do “Superstar”?

SS: Nós fomos convidados no ano passado, mas estávamos viajando na época e não poderíamos fazer o teste necessário. Também não sabíamos como era o programa, mas enfim. O convite voltou este ano e nós já estávamos interessados de novo, porque vimos como o formato era bacana e tinha dado certo. Então, topamos.

HT: Vocês têm recebido muitas críticas por cantarem apenas em inglês. Quais bandas – nacionais ou não – que influenciaram vocês nesse aspecto?

SS: Eu já fazia música em inglês, mesmo no meu projeto solo, quando lancei dois discos, sempre com uma faixa em inglês no final. Eu fui alfabetizada em inglês, então isso é algo natural para mim. Acho que como influência, nós temos justamente os artistas que não cantam em sua língua original, como a Björk e outros europeus que compõem em inglês para poderem abrir portas para o mundo.

Nós já fizemos shows em vários lugares como México, Polônia, Alemanha, Espanha, Chile, Argentina e nunca rolou esse problema de ‘ah, brasileiro que não canta em português’.  O engraçado é que a fila na porta dos Foo Fighters fica sempre lotada, né?


Kita – “Twisted Complicated World”

HT: Essas críticas sobre as letras em inglês chegam a incomodar? Como vocês lidam com isso?

SS: Rolou um comentário geral sobre isso e foi tudo o que eu ouvi durante dois dias. É lógico que a gente considera a opinião dos outros. Ainda estamos pensando nisso, mas nem decidimos qual será a próxima música que apresentaremos no programa.

HT: Tendo a Sandy como madrinha de vocês no programa, qual foi o melhor conselho que ela já deu?

SS: Ela já elogiou bastante a gente no programa. Mas também falou que gostaria de ouvir uma música nossa em português. Depois, ela falou comigo em uma rádio e disse que gosta muito da gente, porque cantamos músicas autorais, algo que ela acha muito corajoso. Acho que ela até se arrependeu de ter pedido para cantarmos em português. O mais importante é acreditar na música que a gente tem que apresentar e ela tem certeza que vamos sempre dar a nossa cara para a apresentação, mesmo que seja de um cover. O que ficou foi esse segundo recado e uma mensagem de ‘não ceder à pressão, fazer o nosso melhor’. Acho muito legal ela falar que nos entende como uma banda com identidade.

HT: Vocês abriram o show do Paramore aqui no Rio, para cerca de oito mil pessoas. Existem algumas semelhanças entre as duas bandas, como o fato de ambas apostarem no rock e serem lideradas por mulheres. Você acha que sofreu alguma influência deles após esse show?

SS: Sempre gostei do trabalho deles e curti desde que os descobri. Ali, vendo o show pertinho do palco, acho que eles influenciaram sim em termos de postura, porque todos são muito queridos e educados, têm presença de palco etc.

HT: Muitas artistas femininas reclamam de sexismo na indústria da música, principalmente em gêneros como o rock e o hip hop. Você acha que isso ainda existe no Brasil? Já experienciou algo assim?

SS: Acho que é um assunto que já passou. São tantas as mulheres respeitadas no rock, hoje em dia… Na minha opinião, já passamos desse limite. Hoje rola muito respeito por causa do talento, e não pelo sexo.

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HT: Como é se apresentar em rede nacional, em um programa que tem um alcance de visibilidade tão amplo?

SS: É muito louco, porque é uma experiência tensa, emocionante, a gente fica abalado na hora, mas é muito bom ver o resultado final. Quantas pessoas novas conhecem o nosso trabalho por causa do programa…

HT: Se pudessem escolher, com quem gostariam de colaborar?

SS: Jay Vaquer é um amigo e compositor que não deixa de ser nosso parceiro, apesar de nunca termos lançado nada juntos. Seria muito legal podermos fazer isso. Agora, de artista internacional, um sonho muito grande é o Trent Reznor, do Nine Inch Nails.

HT: Como vão os preparativos para o próximo álbum?

SS: Já temos bastante músicas prontas, algumas que eu comecei a compor durante a turnê na Europa ou até antes de a banda existir. É um álbum mais maduro e conciso, que eu e vou ouvir por muitos anos e me orgulhar com muioto carinho. Lógico que, com o “Superstar”, o projeto atrasou um pouco, mas é uma experiência que vai somar muito também.


Kita – “You”

HT: O que mudou com a participação de vocês no programa? Qual foi o melhor fruto que vocês colheram até agora?

SS: A visibilidade é a melhor coisa. Nosso canal no Youtube hoje tem muitos acessos, os vídeos que fazemos com tanto cuidado são assistidos… Tivemos crescimento em termos de experiência de palco, em saber lidar com as emoções e com o público. Pessoas que eu admiro vieram falar comigo e comentar que gostam do nosso som. Pessoas que eu nunca nem imaginei que assistissem ao programa! Também recebemos convites para novos projetos.

HT: Pode adiantar alguns desses projetos?

SS: Ainda não temos nada fechado, mas eu também sou maquiadora e o Renato é fotógrafo, então há muitas portas se abrindo nesse meio.  Me chamaram para participar de fashion filmes como cantora e pode ser que role, o que será muito legal para os dois lados.

HT: Falando em fashion filme, qual a sua relação com a moda? Tem algum ícone de estilo?

SS: Eu já tenho bastante tempo de estrada e um estilo meio definido, por assim dizer (risos) . Obviamente, as minhas influências acabam existindo, como Shirley Manson e Courtney Love. Sempre dou um olhadinha para ver o que elas estão fazendo.

Serviço:

Kita @ Solar de Botafogo – Rio de Janeiro/RJ
Data: 28/05
Local: Solar Botafogo (Rua General Polidoro, 180 – Botafogo – Rio)
Horário: 21h
Preço: Inteira – R$ 40 | Lista amiga (não cumulativa com meia de estudante) – R$ 20
*Para incluir nomes na lista amiga, envie um e-mail para <info@kitasounds.com> com o assunto “Lista amiga Solar” e os nomes no e-mail.