“Sou uma pessoa cada vez mais sem limites, em forma de potência, de mulher”, frisa Antonia Morais

* Por Carlos Lima Costa

Um dia especial para Antonia Morais. Nesta sexta-feira, a cantora e atriz lança nas plataformas digitais Luzia 20.20, seu segundo álbum, totalmente autoral em suas setes faixas. Ele não só reflete o amadurecimento pessoal e profissional, mas também apresenta estética e sonoridade diferentes de Milagros, de 2014, onde todas as canções eram em inglês. “Existe uma diferença gigantesca. Quando fiz meu primeiro trabalho foi um rompante musicalmente. Fiz tudo no quarto, sozinha. Era uma fase conturbada, depressiva, obscura, com muitos questionamentos e eu fiz questão de deixar isso explícito, de forma poética, mas com sonoridade mais pesada, agressiva. Artisticamente fui fiel ao que sentia. O tempo passou, vi e vivi muita coisa, não só o meu som, mas eu também amadureci como ser humano, mulher”, reflete a artista, de 28 anos.

Capa do segundo álbum de Antonia Morais (Foto: Fernanda Liberti)

Ela tinha vontade de fazer algo cantando em português, próximo dos sons do Brasil, da natureza. “E foi isso que aconteceu. É só mais uma das mil Antonias que existem. Sou pessoa ilimitada, cada vez mais sem limites, artisticamente falando, em forma de potência, de mulher. Me vejo cada vez mais perto do que eu sempre quis ser desde criança: múltipla. Então, Luzia 20.20 é mais do que um álbum, é um conceito que ultrapassa a música”, assegura a filha da atriz Gloria Pires e do cantor e compositor Orlando Morais.

Em seu DNA artístico, mesmo em estilo diferente, parece beber na fonte do pai. Sua poesia remete a dele. “Nunca busco uma referência conscientemente. Mas acho que indiretamente, com certeza, meu pai me influenciou muito, porque cresci ouvindo aquilo, respirando aquele som, ouvindo aquela voz, o timbre, o jeito de cantar, as melodias. Aquilo ecoa em mim até hoje. Então, obviamente, isso está presente em mim inevitavelmente e com muito orgulho, porque tudo que meu pai faz é genial. Ele é uma das minhas inspirações. Mas não foi algo consciente. Isto acontece naturalmente”, explica ela, que recentemente terminou o namoro com o ator Paulo Dalagnoli, com quem se relacionava desde fevereiro.

As sete faixas de Luzia estão disponíveis nas plataformas digitais (Foto: Fernanda Liberti)

E deixa claro, que durante o processo de realização não pediu opinião nem conselho do pai. “Não existe esta troca. Gosto de mostrar as coisas quando elas já estão prontas, justamente pela estrada que ele tem. O caminho dele é muito dele e ele exerce muita influência sobre mim. E eu preciso encontrar o meu caminho, mesmo que eu erre. Mas óbvio, depois de tudo pronto, mostrei, ele achou incrível. Ficou chocado. Minha mãe também adorou. Gosto de surpreender. Com Milagros também foi assim, cheguei com tudo pronto, porque tenho os meus processos, os meus demônios, não tem como compartilhar com ninguém”, pontua.

O novo trabalho resulta de fase mais madura da cantora (Foto: Fernanda Liberti)

Optar pelo lado cantora em detrimento da atriz não está nos planos. “Sinto necessidade de seguir as duas coisas. Desde muito cedo, sempre quis isto. Tenho um fascínio pelo palco, sabe, sou leonina, gosto de me apresentar, atuar, cantar, tenho alma de artista. Uma coisa complementa a outra. No palco, cantando, também estou interpretando, sendo atriz. Não consigo imaginar minha vida sem ser uma coisa ou outra”, assegura Antonia. Entre os trabalhos dela como atriz estão a novela Guerra dos Sexos, a série Lúcia McCartney e o filme Linda de Morrer.

O título do álbum que mescla MPB, trip hop e indie pop rock é inspirado no fóssil  humano mais antigo descoberto na América e que revolucionou os estudos sobre o povoamento do continente americano, mas queimado durante o incêndio da Museu Nacional, do Rio de Janeiro, em 2018. “Sempre amei esse nome, significa emitir luz no passado. Quando esse fóssil pegou fogo, achei simbólico ter sido reconstruído depois, me veio a história da ƒênix. Me identifiquei com esse movimento, porque estou sempre me reconstruindo, renascendo. E achei bonito juntar o nome que vem da nossa ancestralidade com 2020, número tão redondo, futurista, da nova era. Um ano que vem trazendo desafios para o mundo. Achei contraditório juntar estes dois elementos”, divaga sobre o álbum que começou a ser concebido em Bonito, no Mato Grosso do Sul, onde gravava como apresentadora o programa Lavando A Alma, do canal Mais Globosat. Lá, escreveu a letra de Gaivotas, que abre o álbum”, conta sobre o trabalho, cujo primeiro clipe, da música Xiliks, estará disponível a partir de dois de outubro. O restante do processo aconteceu em São Paulo, onde mora sozinha.

Imagem de Antonia para divulgar a faixa título do álbum (Foto: Fernanda Liberti)

Com o início da pandemia, retornou à casa dos pais. “Tive que vir passar com minha família, mas agora estou voltando para São Paulo, vai ser ótimo”, conta. Por enquanto, nada de apresentações presenciais. “Enquanto a vacina não sair vamos neste novo formato de shows, as lives, com a vida de todo mundo em segurança. A minha primeira deve acontecer lá para novembro”, diz. A situação pela qual o mundo passa, claro, a desagrada. “Não lidei bem com a pandemia. Mas sou grata por ter uma situação mega privilegiada. Agora, verdade seja dita, sou hiperativa. Não morava com minha família desde os meus 20 anos. Pra mim, foi difícil, me gerou conflitos pessoais internos. Mas agora estou em outro lugar. O fato de estar trabalhando, divulgando meu novo álbum me deixa muito feliz, estou me sentindo viva de novo, útil”, explica ela, que antes da quarentena iria atuar na novela Gênesis, na Record. Mas ainda não foi informada sobre a retomada do projeto.

Antonia planeja para novembro live do novo projeto (Foto: Fernanda Liberti)