*Por Rafael Moura
Com uma voz doce e a poesia na veia, Luiza Brina acaba de lançar seu terceiro álbum solo ‘Tenho saudade mas já passou’ (2019) com oito músicas autorais, reunindo Marcelo Jeneci, Ceumar e Tuyo, além de regravação da composição ‘Queremos Saber‘ (1976), de Gilberto Gil, na voz de Erasmo Carlos há 43 anos. A cantora, vocalista da banda Graveola se apresenta na noite de hoje (dia 8), no Festival Levada, no Centro da Música Arthur da Távola, na Tijuca, no Rio de Janeiro. “É uma alegria máxima tocar no Levada, acompanho o festival há muito tempo e acredito que esses eventos ajudam a impulsionar a carreira de novos artistas, assim como nós ajudamos a compor esses eventos, formando uma rede e um novo público. É uma imensa alegria ter sido convidada para o festival”, comenta Luiza, em entrevista ao site HT.
No palco do Festival Levada, a artista abre a turnê que segue depois para Belo Horizonte, Portugal e Espanha, apresentando o repertório do novo disco, algumas de suas composições anteriores, e ainda releituras que dialogam com o universo popular de seu novo trabalho. O álbum conta com direção artística do cantor e compositor César Lacerda, revisita e processa todas as intensas experiências da artista na música, e traz para o hoje sua produção musical, fazendo desse terceiro registro o mais completo retrato da cantora, compositora e instrumentista. “Eu espero que esse show chegue às pessoas como uma forma de escape, porque o Brasil está uma panela de pressão. Espero contribuir para as pessoas sentirem o encantamento e conseguirem respirar para enfrentar as gravidades do país”, dispara a mineira, e completa: “Espero circular bastante com o show desse disco por todos o cantos levando minha mensagem para o Brasil e o mundo”.
Pensar em Luiza Brina é olhar para muitas ‘Luizas’, seja na atual vocalista e guitarrista do Graveola, um dos grupos de maior expressão na cena pop contemporânea brasileira, e com quem a artista já lançou cinco álbuns. Ou na promissora arranjadora, que assina, por exemplo, os arranjos do álbum da conterrânea Julia Branco, o premiado ‘Soltar os cavalos’. Ou ainda na violonista, aquela que, por exemplo, é companheira artística importante no trabalho do cantor e compositor Castello Branco. A compositora dos complexos arranjos, e cujo interesse atravessa a canção erudita, e a artista das letras delicadamente confessionais, dos acordes diretos, cujo trabalho se espraia na música popular.
O Graveola é uma banda que nasceu na terra do pão de queijo, Belo Horizonte, e esse sabor, o coletivo musical, traz uma conhecida versatilidade de gêneros, instrumentos, timbres e arranjos explorados em suas canções. “O Graveola nasceu em 2004, eu entrei em 2013. O engraçado é que mesmo antes de estar na banda ela já me influenciava de alguma maneira. Eu admirava muito e dialogava com eles. Sempre houve uma troca e, com certeza, depois que eu entrei essa influência aumentou. Tem canções do meu repertório solo que eu toco na banda e vice-versa. A massa acaba dando liga”, revela.
Segundo o Relatório Global de Música da Federação Internacional da Indústria Fonográfica (IFPI, na sigla em inglês), a receita mundial com músicas gravadas cresceu 9,7% ano passado, turbinada pelo streaming — que vai cumprindo todos os vaticínios e se tornando irreversivelmente a grande locomotiva do mercado fonográfico. O setor musical movimentou US$ 19,1 bilhões mundialmente, contra US$ 17,4 bilhões em 2017. Esses números incluem os ganhos com streaming, vendas, direitos de execução pública de músicas gravadas e sincronização.
O Brasil é um dos grandes destaques desse estudo, ganhando uma planilha própria. Com expansão de 15,4% na receita — para atingir um total de US$ 298,8 milhões —, nosso país é o décimo maior mercado de musical do mundo, atrás de Estados Unidos, Japão, Reino Unido, Alemanha, França, Coreia do Sul, China, Austrália e Canadá. Ano passado, éramos os nonos, mas fomos ultrapassados por uma China em rápida expansão, que, pouco a pouco, vai deixando para trás um longo histórico de pirataria e desrespeito aos direitos autorais. “Eu acho que a gente tem lutado muito para a construção de um mercado médio no Brasil, temos um mainstream e um mercado muito pequeno, que os novos artistas estão engajados em encontrar um espaço nesse mercado médio. Mesmo com a atual crise no Brasil estamos sempre empenhados a fazer o melhor e como podemos”, comenta Luiza.
Brina revelou que o poder e força do streaming é maravilhoso e que está aprendendo a se relacionar com essas tecnologias. “Isso é de alguma forma uma novidade, mas é muito importante aprender, atuar nessas novas maneiras de compartilhar conteúdo, sejam nas musicais ou nas redes sociais. Está sendo um desafio delicioso fazer a minha música circular mais”, enfatiza.
Luiza Brina é compositora, cantora e instrumentista. Em carreira solo, possui dois álbuns lançados: “A toada vem é pelo vento”, de 2012, e “Tão Tá”, de 2017, produzido por Chico Neves, este último prensado e lançado no Japão pelo selo Inpartmaint Inc, com destaque na revista LATINA. É também vocalista, guitarrista e compositora da banda Graveola, tendo cinco discos com o grupo, e prestes a lançar o sexto. Atuou como violonista, vocalista e compositora do CD do Coletivo ANA, de 2015, com participação de Ná Ozzetti. No último ano, fez arranjos e gravou violões, percussão, baixo, bateria, piano e vocais no CD da cantora e compositora Julia Branco, “Soltar os Cavalos”. Luiza é ainda violonista e arranjadora da banda do cantautor Castello Branco e violonista do VerdeVioleta, da flautista Aline Gonçalves.
SERVIÇO:
Festival Levada – Show Luiza Brina
Data: 08 de agosto de 2019
Hora: 20h
Local: Centro da Música Carioca – Rua Conde de Bonfim, 824 – Tijuca
INGRESSOS: R$20 / R$10 (para todos os que se encaixam na Lei prevista de meia: estudantes, idosos, deficientes, menores de 21, professores do Município do RJ).
LOTAÇÃO: 159 + 2 (cadeirantes)
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