* Por Carlos Lima Costa
A classe artística é uma das mais afetadas pela Covid-19. Um dos cantores de maior sucesso de sua geração, Sidney Magal, por exemplo, testemunha e resume bem como o coronavírus vem impactando a todos desde março do ano passado. “A pandemia veio para mudar muito do cotidiano principalmente dos artistas pelo fato de que nós vivemos de aglomeração e isso em um momento como esse da minha vida…. Eu fiz 70 anos na pandemia, vou fazer 71 (em 19 de junho) também na pandemia”, frisou o artista, em entrevista ao RJ TV. Não à toa, irradiou extrema felicidade no vídeo que postou, em 23 de março, no Instagram, do momento em que recebeu a primeira dose da vacina contra a doença. “Viva a Vacina! Viva os profissionais de saúde”, exultou ele, que se mostra mais fortalecido também por conta de sua primeira netinha.
A menina nasceu em novembro de 2019, pouco tempo antes dessa tragédia social e sanitária. Mas trouxe na ocasião, e permanece preenchendo o dia a dia do artista de um sentimento de renovação. “Minha neta Madalena me fez ver que o mundo tem solução, tem vida e esperança”, ressaltou ele, no telejornal, sobre a netinha a quem costuma chamar carinhosamente de “pipoquinha” em sua rede social. Nela, inclusive, ele já postou várias imagens de momentos de ternura dele com a herdeira de sua filha Nathália. Magal é pai ainda de Gabriela e Rodrigo. “A vida é realmente cheia de surpresas. Do nada ela vem com um sopro de amor que invade nossos corações e faz com que os dias tenham um outro sentido. Ser pai de três é uma maravilha, mas ser avô é a cereja do bolo da vida”, postou Magal, embevecido, poucos dias após o nascimento da neta. Várias vezes até já usou a #mechamaqueeuvovo, que remete a um dos maiores hits de sua trajetória artística de mais de 50 anos: Me Chama Que Eu Vou, tema de abertura da novela Rainha da Sucata, em 1990.
Profissionalmente, não tem do que se queixar de tudo que vem conquistando em mais de cinco décadas. Se pensar em âmbito geral, poucos são os artistas que têm a vida retratada no cinema ainda estando em atividade. Por isso mesmo, ficou superrealizado com o documentário Me Chama Que Eu Vou, dirigido por Joana Mariani, que retrata sua história desde a infância até seus 70 anos. O filme fez sua estreia oficial em sessão especial, em setembro do ano passado, no 48º Festival de Cinema de Gramado, sendo exibido também no Canal Brasil. “Esse documentário foi maravilhoso para mim porque eu estou vivo. Como é legal e importante você ser homenageado vivo”, frisou a Fábio Júdice. E prosseguiu: “Faz alguns anos, foi lançada também a biografia Sidney Magal – Muito Mais do Que Um Amante Latino, da Bruna Ramos, então, tudo isso está me dando muito prazer”, vibra, citando o livro editado em 2017.
Magal vai ter ainda a vida retratada no filme Meu Sangue Ferve Por Você (título homônimo a um de seus maiores sucessos), no qual o ídolo vai ser interpretado por José Loreto. Teria sido rodado ano passado, mas a pandemia adiou os planos.
Apontado como um dos queridinhos de Chacrinha (1917-1988), um dos maiores apresentadores de televisão que o Brasil conheceu, o cantor Sidney Magal, com sua dança e sensualidade, arrancava suspiros das mulheres nos anos 70 quando estourou nas paradas de sucesso. Atualmente, aos 70 anos, frisa que nunca se colocou nesse lugar. “Não me sinto tão sensual nem tão bonito assim, mas assumi toda essa personalidade artística para dar ao público o que tinha de melhor através da minha música. Eu precisava ser lindo, muito bem vestido, eu precisava ser extravagante para chamar atenção, e ter gestos muito fortes para marcar. Tanto que fui apelidado de Carmen Miranda (1909-1955) de calças por conta dos meus movimentos de mão e isso tudo é a minha verdade. Eu senti que era necessário colocar para fora muito mais do que eu sou no dia a dia”, confessou no RJ TV, o artista cujo primeiro hit foi Se Te Agarro Com Outro Te Mato. O sucesso era tanto que, em 1979, protagonizou o filme Amante Latino.
E é com tranquilidade e sabedoria que ele vem encarando a passagem do tempo. “Eu lido muito bem. Eu não quero fazer botox, plástica, harmonia facial, até regime eu sou contra e estou precisando muito (risos). Então, a alegria de viver para mim é muito importante, tenho muitos motivos para querer viver bastante”, assegurou.
Mesmo desejado por sua legião de fãs mulheres, Magal logo escolheu a dona de seu coração, sua esposa Magali West, com quem está casado há 41 anos. “Esse amor que eu passo através do meu trabalho e da minha música com certeza é o amor que eu sinto dentro de mim, é o amor que eu sinto pela minha mulher. Nos conhecemos de uma forma tão maravilhosa e, tão empolgante que esse casamento representa muito pra mim. Ele me da estabilidade, tranquilidade e ao mesmo tempo me enriquece com um sentimento para poder trocar com o público essa bolinha legal”, comentou ainda o primo em segundo grau de Vinicius de Moraes (1913-1980), ícone da Bossa Nova.
Em sua carreira, Magal também mostrou seu lado ator em produções como as novelas A História de Ana Raio e Zé Trovão, na extinta Rede Manchete, em 1990/1991, e em Bang Bang, na Globo, em 2005/2006. Nos tempos atuais, também já se rendeu às lives musicais que invadiram a internet, após o início da pandemia. No final de maio do ano passado, por exemplo, em seu canal do YouTube, ele realizou a Lamba Live do Magal.
Recluso em Camaçari, na Bahia, aonde mora há quase 23 anos, o cantor Sidney Magal é carioca, torcedor fervoroso do Botafogo. “Estou todo arrepiado, não tem como não arrepiar”, diz ao ouvir o nome de seu time de coração. “Sou muito grato ao Botafogo por constar das páginas do livro de sua história como um dos artistas que torce pelo time. É importante que ele continue nos corações das pessoas por décadas e décadas e eu tenho certeza de que continuará”, completou no RJ TV.
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