O já tradicional bloco Timoneiros da Viola, vencedor do Prêmio Serpentina de Ouro de Melhor Bloco de Carnaval em 2012, ano de sua estreia, vem enfrentando com bravor a crise financeira que também acomete as escolas de samba. Marcado para este domingo, 24, às 13h na Praça Paulo da Portela, em Oswaldo Cruz, a celebração não recebeu qualquer apoio estatal ou da iniciativa privada. Com menos de 10% do total necessário arrecadado em uma plataforma de financiamento coletivo, a direção está sendo obrigada a utilizar recursos próprios para colocar o bloco na rua.
Vagner Fernandes, idealizador do projeto, mostra-se resiliente, no entanto, apesar da situação, assinalando o preconceito contra o subúrbio como o principal motivo do desinteresse de apoiadores: “Não há desejo em investir no Carnaval das Zonas Norte e Oeste. Não temos mar. A nossa orla é a linha do trem”. Vagner ainda tece críticas às instâncias governamentais: “Não priorizar o Carnaval tem sido uma premissa das atuais gestões. É muito difícil dialogar com governos que não compreendem a importância sociocultural da mais importante manifestação popular do Brasil”.
O Timoneiros da Viola irá homenagear o trio fundador da Portela, Paulo da Portela, Antonio Rufino e Antonio Caetano, na edição deste ano. A celebração contará com 150 ritmistas, todos sob o comando de Mestre Jonas, e com Rixa, intérprete oficial do bloco, considerado o Pavarotti do samba. O compositor Nelson Sargento, 94 anos, que será reverenciado em momento especial, também está confirmado na festa, ao lado de Zé Renato, Dorina, Tia Surica, Marquinhos de Oswaldo Cruz, Gloria Bomfim, o trio Razões Africanas e Aline Calixto, criadora do bloco mineiro Filhas de Clara, em homenagem à Clara Nunes, enredo do Carnaval de 2019 da Portela. As Composições de Nelson Cavaquinho, Bide, Marçal, Candeia, Cartola, Donga, João da Baiana, Pixinguinha e Paulinho da Viola, cofundador e padrinho do bloco, estarão novamente entre as resgatadas a fim de que se preserve a memória dos grandes ícones do samba e do choro.
O principal objetivo do projeto é celebrar o samba, os seus compositores e a sua contribuição para a cultura do país: “Carnaval é uma manifestação que não pode ser avaliada somente sob a perspectiva do entretenimento. Carnaval é investimento e não despesa”, pontua Vagner. Apesar dos obstáculos, a festa não deixará de ser realizada, conforme ele ressalta: “Independentemente da questão financeira, o bloco sairá. Exaltamos o maior gênero musical do país, mola propulsora de nossa identidade. Samba é resistência. Por isso, o Timoneiros também o é”.
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