*Por Brunna Condini
Esse moço está diferente. Nego do Borel quer deixar as polêmicas de 2019 para trás e investir mais nas intenções e sonhos em 2020. Tanto, que o cantor já começou a pagar as promessas nos primeiros segundos do novo ano: depois de comandar a virada na praia de Mauá, em Magé, o funkeiro fez um “propósito com Deus” e por isso não bebeu durante toda noite e, depois da apresentação, foi direto para casa. Nada de festa ou farra.
Será que o artista pode dar uma dica sobre a tal promessa? “A virada do ano, de alguma forma, representa sempre um recomeço. Fecha um ciclo e começa outro. E é sempre bom desejar coisas boas para a nova etapa. Tenho muitos projetos para 2020, alguns já venho trabalhando até. Mas acredito, que quando a gente pede a bênção, “papai do céu” faz a parte dele, mas nós também temos que fazer a nossa. E por isso, fiz esse propósito”, comenta. “Os propósitos são uma coisa entre a pessoa e Deus, não podem ser revelados. Mas adianto para os meus fãs que tem muita novidade chegando para eles em 2020”.
Mas se não fosse essa promessa, como provavelmente você celebraria a virada do ano? “Eu passei a virada do ano da melhor maneira possível. Fazendo show, que é uma das coisas que mais amo na vida e depois na minha casa, que é o meu canto favorito no mundo. Neste momento, não sei se faria diferente”.
Se ele não quer falar ou saber de badalação, de trabalho, ele quer. O cantor adianta, que entre os projetos deste ano, está o lançamento de novas músicas mais voltadas para o “funk raiz”. Como será? “É a minha essência, nunca deixei e nem deixaria o funk. Mas, nos últimos anos, a minha música vem ganhando uma pegada mais pop. O que eu também gosto e continuarei fazendo. Só que este ano, também pretendo lançar alguns trabalhos mais voltados para o batidão mesmo. Aquele mesmo batidão do funk de quando comecei a minha carreira”.
E aproveita para revelar um desejo: “Além da música, penso em retomar uma paixão que experimentei recentemente que é atuar. Quando fiz “Malhação” foi super enriquecedor. Como artista me vi num lugar novo e adorei. Quero dar sequência a esse sonho”.
Nego do Borel parece querer mesmo deixar confusões e mal-entendidos no passado. Isso inclui evitar “polemizar” sobre sua separação da atriz Duda Reis. O casal estava junto há um ano e o término do relacionamento foi noticiado no fim de 2019. Mas será que ainda pode pintar uma reconciliação? “Preferi não me pronunciar em relação à Duda, e pretendo continuar assim. O que posso dizer, é que ela é uma pessoa muito especial e importante na minha vida”, diz o cantor, em exclusividade para o site.
Início de ciclo também é época de balanço. E o ano que passou foi de grandes extremos para o artista. Ele começou 2019 envolvido em um tumulto por conta do polêmico videoclipe “Me solta”, em que foi acusado de transfobia. Mas o mesmo projeto que inicialmente trouxe dor de cabeça para o funkeiro, foi o responsável por ele ter concorrido em novembro, ao Grammy Latino, em Las Vegas, Estados Unidos, na categoria Melhor Vídeo Musical Versão Curta. Além disso, o cantor conseguiu lançar o seu adiado e primeiro DVD “Nego do Borel — Ao vivo”.
Podemos dizer que 2019 foi ao mesmo tempo muito difícil e muito produtivo para você? Do que se orgulha e do que arrepende? “Como para qualquer pessoa, todo mundo faz coisas das quais se arrepende e se orgulha. Mas num balanço geral, 2019 trouxe muita coisa para mim. Fiz minha primeira turnê pela Europa e foi uma grata surpresa a forma como fui recebido por lá, em todos os lugares que passei. Recebi o mesmo carinho nos shows que também fiz na África”, contabiliza. “Gravei o meu DVD que foi um projeto que me dediquei e sonhei muito. E ficou maravilhoso. Com grandes parcerias, não só dos artistas que arrasaram muito, mas de toda a equipe que trabalhou duro para que desse tudo certo. E o DVD hoje está aí na pista, sendo muito bem recebido pelo público. As músicas bem executadas nas rádios. Isso me deixa muito feliz! Foi um ano que eu amadureci muito, pessoalmente e profissionalmente. Estive bem perto da comunidade que eu cresci (o Borel) e que eu amo. Então eu tenho muito o que agradecer”.
Qual foi sua real intenção quando fez o videoclipe da música “Me Solta”? Faria outro clipe polêmico hoje ou isso o “traumatizou” de alguma forma? “Amadureci muito em todos aspectos, especialmente na minha carreira. Tive a oportunidade de conversar e aprender com pessoas do movimento LGBTQIA+ para conhecer melhor os desafios que enfrentam, e com isso aprendi muito”, conta. “São muitas informações novas para mim, que podem confundir algumas pessoas. A questão é ter empatia, ouvir as críticas, respeitar a forma com que as pessoas se reconhecem e como elas pensam também”.
Passou a ter mais cuidado com o que diz e faz? “Com certeza hoje me coloco mais no lugar do outro. A gente precisa entender a essência de cada um. Observar esse espaço e agregar mais pessoas que visam contribuir com tudo isso é muito bom. Tenho buscado todo um processo de desconstrução desses valores sociais”.
Ele revela ainda, como superou o período turbulento: “Estudando sobre o assunto e me desconstruindo. E sempre que posso vou à igreja, sempre foi assim”.
Mais atento do que nunca às suas raízes, Leno Maycon Viana Gomes, o Nego do Borel, revela que o Natal passado foi o sétimo em que realizou sua festa na comunidade. “E sempre que posso também estou lá. Eu também comemorei meu aniversário com eles (ele completou 27 anos, em julho passado). É sempre muito bom poder contribuir, mesmo que um pouco, para ajudar a vida dessas pessoas que me viram crescer e precisam tanto. A fome é grande e eu sei disso”, destaca. “Dessa vez eu contei com o apoio do DJ Gabriel do Borel, que é um menino muito talentoso que estou empresariando e tem uma história muito parecida com a minha. Além de outros parceiros que me ajudaram a garantir um Natal com muitos brinquedos para as crianças, torneio de futebol, queima de fogos e cestas básicas”.
O cantor conta, que também participou de projetos sociais quando era morador do Borel e afirma que isso foi fundamental na sua trajetória: “Tudo que passei fez com que me tornasse quem sou. Até hoje aprendo muito e agradeço a todos que passaram no meu caminho ajudando nessa caminhada”.
Para quem viveu e acompanha essa realidade tão de perto, quais ainda são as maiores dificuldades de crianças e jovens que moram em comunidades? “A pobreza e a discriminação. As oportunidades não são as mesmas. Somos sempre vistos como o “garoto do morro”. Eu espero que um dia essa diferença acabe e todos tenhamos os mesmos direitos”.
Como se definiria hoje, depois de tudo que viveu até aqui? “Não tinha parado para pensar nisso ainda, mas com certeza não sou mais o mesmo Nego do Borel do início da minha carreira. Não no que se refere à minha essência, pois continuo fiel às minhas raízes. Mas hoje, com certeza, sou um cara muito mais maduro, consciente e responsável. Aprendi muito com os erros, e também com os acertos. Acho que também sou um cara mais confiante e otimista”, analisa. E se não fosse o Nego do Borel, funkeiro, quem gostaria de ser? “Estou num momento que estou gostando muito de ser eu mesmo. Mas se não fosse o Nego do Borel cantor eu seria o Nego do Borel ator que de uma forma diferente também lida com a arte que é o que eu amo fazer”.
Gostaria de fazer outra novela ou uma série? “Atuar é uma coisa que eu gosto muito. Me faz muito bem e eu pretendo fazer sim outros trabalhos. Todo personagem tem seu valor, mas acho que eu gostaria muito de fazer um vilão, de repente um bandido. Porque são personagens que me tirariam da zona de conforto”.
Recado dado. Atenção autores e diretores, olho nele!
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