*Por Simone Gondim
A admiração mútua e o carinho deram o tom da conversa entre Samantha Schmütz e Criolo, na live promovida pelo Festival #CulturaEmCasa. Amigos há anos, eles conversaram sobre cinema e música, relembraram momentos juntos e criticaram a desigualdade, que ficou ainda mais gritante no Brasil por conta da pandemia causada pelo novo coronavírus. “É muito chocante que existam 40 milhões de pessoas em situação de vulnerabilidade social”, disse Criolo.
O cantor e compositor foi além das palavras: em maio, lançou o EP “Existe amor”, fruto de um projeto em parceria com Milton Nascimento. Juntos, os dois arrecadaram verbas para ajudar a população de rua. “Na pandemia, dizem para ficar em casa. E quem não tem casa, como faz?”, questionou Criolo. “É importante fortalecer as pessoas. Toda ação feita com afeto gera uma energia que muda o mundo”, acrescentou.
Por falar em afeto, Samantha passou boa parte do bate-papo se declarando para Criolo. “Você é uma riqueza na minha vida, faz com que ela seja muito mais iluminada, rica e alegre”, derreteu-se. A atriz e cantora também lembrou de quando dividiu o palco com o amigo, repetindo um pot-pourri de sambas cantados por Elis Regina e Jair Rodrigues, gravado no álbum “Dois na Bossa”. “Foi uma das coisas que eu tive mais prazer de fazer na minha carreira artística”, revelou. “Que desafio lindo. Obrigado pelo convite e pela oportunidade de viver esse momento”, rebateu Criolo.
Outra ocasião que ficou na memória de Criolo foi a gravação de “Cais”, ao lado de Milton Nascimento, Arthur Verocai e Amaro Freitas. “Milton é tudo de mais lindo que tem no mundo. Que ser de luz”, afirmou o paulistano. “Momentos assim são mágicos na vida da gente”, garantiu. Além de “Cais”, fazem parte do o EP “Existe amor” as músicas “O tambor”, parceria de Criolo e Verocai, “Dez anjos” e uma releitura de “Não existe amor em SP”.
As participações de Criolo no cinema não foram esquecidas durante a live. Seja a figuração em “Luz nas trevas – A volta do Bandido da Luz Vermelha” ou papéis em filmes como “O juízo”, de Andrucha Waddington, “Tudo que aprendemos juntos”, de Sérgio Machado, e “Não vamos pagar nada”, cuja estreia foi adiada por causa da pandemia, todas as experiências renderam a chance de expandir a rede de contatos. “Em ‘A volta do Bandido da Luz Vermelha’ trabalhei com Ney Matogrosso. Foi ele que me apresentou ao Milton Nascimento”, contou.
O cantor e compositor ainda falou das lives “Criolo TV”, que acontecem três vezes por semana no serviço de transmissões ao vivo Twitch. “Tem live todas as terças, quartas e quintas, às 17h. Terça a gente sempre assiste a um documentário, um longa ou um curta-metragem; quarta é dia de aprender junto, sempre alguém vem no canal para me ensinar alguma coisa; quintas são as conversas necessárias, os debates, assuntos que a gente entende que são importantes para a gente trazer, discutir e aprender com os convidados”, descreveu.
Criolo ressaltou que todas as lives ficam disponíveis no canal, para que possam ser assistidas a qualquer momento. “Cada um vai criando seu espaço e seu jeito de se comunicar. É muito interessante ter essa liberdade e um lugar para produzir do zero, dando vazão às ideias”, observou. “Você vai entendendo, no dia a dia, que essa mágica da comunicação é dom. Desde o início ficou definido que o canal é um lugar de aprender junto, então as pessoas vão vendo que se comunicar também é um aprendizado para mim”, concluiu.
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