Antes dos caras do The Who entrarem no palco do Rock in Rio, o telão anunciava em letras garrafais: Mantenha a Calma, aí vem o The Who, numa brincadeira com aqueles famosos cartazes de “Keep Calm…”. Mas se tinha uma coisa que as 100 mil pessoas da Cidade do Rock não estavam eram calmas, já que nos mais de 50 anos de carreira da banda, os músicos ingleses nunca tinham se apresentado no Brasil até essa temporada de shows que começou em São Paulo, passou pelo Palco Mundo e termina em Porto Alegre, no dia 26. “Vai ser uma grande noite para vocês. Vão voltar para casa em pedaços”, disse Pete Townshend que, junto de Roger Daltrey, é a essência da banda. No lugar de Keith Moon e John Entwistle, que já morreram, tocam hoje o baterista Zak Starkley, que é filho de Ringo Starr, e o baixista Jon Button.
Quando a gente fala que todo mundo estava ansioso para ver esta apresentação, não é força de expressão: na beira do palco, num espaço reservado, via-se do baterista do Red Hot Chilli Peppers, Chad Smith, que se apresenta nesse domingo, encerrando o Rock in Rio, a Samuel Rosa, do Skank, e João Barone, dos Paralamas do Sucesso, só para citar alguns. Se a voz de Roger segue firme, a de Pete não fica atrás – e nem o seu humor.
Foram várias as tiradas tipicamente de humor britânico durante todo o show. Depois de cantar The Bargain, que Pete disse ser a favorita dele do disco Who’s Next, ele soltou: “Toquei a musica inteira no tom errado”. E riu. E todo mundo riu junto. Após Behind the Blue Eye, ele se solidarizou com a plateia que se espremia para garantir um bom lugar. “É injusto que eu tenha todo este espaço para dançar aqui em cima e vocês fique, ensanduichados aí embaixo. Pelo menos vocês podem ver como se dança um velhinho”, brincou.
Em um set list poderoso, que incluía ainda The Kids Are Alright, I Can’t Explain – que abriu o show – , Pinball Wizard, My Generation, Join Together e mais um tanto de hits que os fãs brasileiros demoraram mais de 50 anos para ver ao vivo, eles se valeram de toda a energia do alto de seus 70 anos para comandar a massa como os mestres que são. Se valeu a pena? Pelo sorriso nos rostos ao fim do show, parece que sim. Foi uma apresentação intensa e em clima de reencontro de amigos – mesmo que esses amigos deem a entender que não voltam nunca mais. Aos 72 anos, Pete já disse que vai tirar um período sabático depois dessa temporada de shows e só Deus sabe se ele voltará aos palcos. A gente torce para que sim… E que volte ao Brasil.
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