Antes de existir a maioria das pessoas que circulava pelo primeiro dia do Rock in Rio, o duo britânico Pet Shop Boys já mudava a história da música pelo mundo. Se o choque de gerações poderia causar certo estranhamento, Neil Tennant e Chris Lowe não demonstraram nenhum incômodo em cantar depois de Ivete e antes dos superjovens 5 Seconds of Summer. Muito pelo contrário, Neil, principalmente, o front man, não se fez de rogado e elencou um set list com 14 canções, apostando até em alguns lados B, como Burn, do álbum mais recente da banda. Mas, obviamente, os grandes clássicos, que todo mundo sabe cantar junto, até os tais novinhos que não eram nascidos quando a música foi lançada, também estavam lá. West End Girls, Its A Sin, Go West e, claro, no bis, Always on My Mind. De poucas palavras, Neil arranhou um pouco de português ao se apresentar- “Nós somos os Pet Shop Boys”-, e ao agradecer a receptividade – “Nós amamos o Rio e o Brasil”. Ah, e quando cantaram a amada Se A Vida É, que inclui frases na nossa língua, composta depois de um périplo pela América Latina, Neil fez o fofo: “Essa canção foi vocês que me deram”. Grande parte do público jovem, mesmo sem ter memórias afetivas com as músicas do duo como os mais, digamos, experientes, reagiu bem à apresentação e assistiu a tudo com a animação de quem descobria um brinquedo novo.
Bom, se a turma do fim dos anos 90 e do começo dos anos 2000 não conheciam tão bem os Pet Shop Boys, quando o show do 5 Seconds of Summer começou, o jogo virou. Os australianos, todos na faixa dos 20 e bem poucos, fizeram a turma contemporânea se descabelar e cantar tudo, do início ao fim, mostrando que eles não estão para brincadeira. Apesar de um som pouco criativo ou instigante, um pop rock meloso e sem grande importância, eles têm comunicação imediata com seu público – muito pelo carisma dos integrantes, em especial o baterista, Ashton Irwin e o vocalista, Luke Hemmings. Eles, aliás, começaram com um de seus maiores hits, Girl Talks Boys, que faz parte da trilha do novo Caça-Fantasmas, e terminaram com outro sucesso, She Looks So Perfect. E teve mais 14 canções, como Don’t Stop, Good Girls e Jet Black Heart. No palco, eles comemoravam sua primeira apresentação no Brasil – com direito a abraçar a bandeira do país – e se diziam apaixonados por tudo. “Essa é a noite mais especial de nossas vidas”, decretou, diplomático, Luke. Foi um show feito para os fãs. E só para eles.
O maior abacaxi da noite, aliás, não foi nem de Ivete, que abriu os trabalhos no palco Mundo, nem do Pet Shop Boys, que tinha de se comunicar com uma plateia bem jovem, e nem do 5Sos, que ainda não tem envergadura para sustentar 100 mil pessoas. Quem teve de segurar um rojão eram os caras do Maroon5, escalados de última hora para preencher o enorme buraco deixado com a ausência de Lady Gaga, que, como já contamos, teve de cancelar sua apresentação por conta de fortes dores causadas por um quadro de fibromialgia. Pois bem, Adam Levine e sua turma não se fez de rogado e enfiou até um cover de Garota de Ipanema no terço final da apresentação para fazer um afago nos brasileiros e ganhar a partida. Se deu certo? Bom, foi uma apresentação honesta, que começou já de cara com Moves Like Jagger, passou por This Love e Sunday Morning, celebrou David Bowie com Let`s Dance e terminou ao som de Sugar. No meio disso tudo, Adam rebolou, soltou seus falsetes, fez charme para a plateia, duelo com a guitarra e, claro, declaração de amor ao Rio. Um show correto, divertido e pra cima, mas que não supriu, nem em parte, a falta de Lady Gaga. E hoje eles estão de volta.
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