Rock in Rio: ‘satanismo pop’ dos suecos do Ghost B.C. não convence e banda faz show morno no Palco Mundo


Visual macabro e de cunho religioso contrasta com vocal melódico e teclados oitentistas, criando sonoridade comercialmente interessante, mas distante do público deste quarto dia

Por Pedro Willmersdorf

Ao avistar pela primeira vez os integrantes da banda sueca Ghost B.C., qualquer um poderia apostar que o som dos caras preza pela densidade do metal. Liderada por um macabro vocalista sob a alcunha de ‘Papa Emérito’, a banda repete a fórmula já adotada por outros grupos: o anonimato de seus integrantes, misteriosamente chamados apenas de ‘ghouls’ (algo como ‘morto-vivo’, em tradução direta). No entanto, sua sonoridade é bem mais leve do que seu visual pode sugerir. Sua simpatia também. Até um ‘boa noite’ em português (com sotaque carregado, claro), o pontífice endemoniado disparou.

Contrastando com as vestes sacerdotais e as letras de forte carga satânica, o Ghost B.C. aposta em vocais extremamente limpos e melódicos, teclados oitentistas e arranjos que beiram um pop à la B-52s (não à toa, em sua curta carreira de cinco anos, o Ghost B.C. já gravou até cover dos conterrâneos do ABBA).

No palco,uma mescla das principais faixas presentes nos dois álbuns já lançados pela banda: ‘Opus Eponymous’, de 2010, e ‘Infestissumam’, nascido em abril deste ano. Porém, apesar da roupagem até certo ponto comercial dos suecos (hoje contratados da gigante Universal Music), o público não foi tão receptivo. Gritos de ‘Metallica! Metallica!’ ecoavam pela plateia, visivelmente entediada pela passagem dos satanistas de mentirinha. Alguns, mais bem humorados, pediam Anitta no lugar dos ‘sacerdotes’.

Fotos: Vinícius Pereira