Por Pedro Willmersdorf
Um dos traços mais interessantes (e respeitados) nas bandas de metal, seja qual for a nacionalidade, é a personalidade que o sub-gênero roqueiro carrega. Tanto em seus representantes sobre o palco como seus fãs de lado de cá. E, sendo assim, o mínimo que se espera de um nome que está iniciando sua trajetória é a tentativa de construção de sua própria personalidade. O que, infelizmente, ficou distante do que o grupo paulista Kiara Rocks entregou ao público do Rock in Rio neste último dia de festival.
Logo na abertura da performance da banda, formada há cinco anos, um cover de ‘Ace of Spades’, do Motörhead, para estranheza geral. Até mesmo do público ainda diminuto (e receptivo) que acompanhou a passagem dos primeiros artistas pelo Palco Mundo neste domingo. Posteriormente, uma sequência baseada em faixas do álbum ‘Daqui por Diante’ (lançado em julho deste ano). Até o momento em que, equivocadamente, foi iniciada uma sessão de covers dispensáveis. Com direito à convocação ao palco do britânico mais paulista do metal, Paul Di’Anno, ex-vocalista do Iron Maiden (headliner desta noite) demitido da banda em 1982 e reconhecidamente um fanfarrão na cena.
Vieram versões de gosto duvidoso de ‘Wrathchild’, do Iron Maiden, ‘Highway to Hell’, do AC/DC, e ‘Blitzkrieg Bop’, dos Ramones. Uma sequência que pode ter funcionado logisticamente dentro do show do Kiara Rocks, mas não confere legitimidade alguma à presença da banda no espaço principal do evento. Ao fim, mais um discurso à la Dinho Ouro Preto, agora disparado por Cadu Pelegrini, vocalista da banda: “Aos haters, digo que vocês têm que odiar aqueles políticos filhos da p*** que roubam vocês todos os dias”. Pode até ser. Mas então não dê motivo também, né, Cadu?
Fotos: Vinícius Pereira
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