Rock in Rio: Iron Maiden ‘brinca’ em encerramento do festival com show nostálgico e crítica bem humorada à cerveja brasileira


Autoridade do heavy metal, banda britânica liderada por Bruce Dickinson renovou seus votos afetivos com os fãs brasileiros em performance recheada por hits da fase inicial da carreira

Por Pedro Willmersdorf

O simbolismo por trás da passagem do Iron Maiden pelo Rock in Rio vai muito além dos quase 40 anos de carreira da banda. A trupe britânica tem com o Brasil uma relação muito mais próxima do que qualquer outro nome que tenha subido no Palco Mundo nesta edição. Não somente por sua base de fãs no país, como também pelo currículo de performances por aqui. Obviamente, as duas mais representativas são as apresentações do grupo em edições passadas do festival: em 1985, na estreia do Rock in Rio, quando ainda não tinha banca de headliner, e em 2001, já dono do pedaço e responsável por um dos shows mais antológicos na trajetória do evento.

Agora, em 2013, apesar de toda a expectativa em torno de mais uma chegada do Iron em nosso solo, a ideia geral era de que Bruce Dickinson e seus companheiros tranquilamente renovassem os votos de amizade com os fãs brasileiros. E assim foi feito: ‘brincando’, a banda encerrou a última noite do festival com uma apresentação temática que integra a turnê ‘Maiden England’, baseada na série de shows feitos no fim da década de 80 com o álbum ‘Seventh Son of a Seventh Son’.

Uma oportunidade para entregar à plateia do festival um rodízio de hits históricos (como ‘The Trooper’, ‘The Number of the Beast’, ‘Wasted Years’, ‘Phantom of the Opera’ e ‘2 Minutes to Midnight’), envolvidos em um cenário pirotécnico já característico da banda, com a tradicional presença do boneco Eddie, assustador mascote do Iron Maiden. O mais do mesmo que todo e qualquer fã poderia querer, com a louvável roupagem competente dos músicos consagrados pelo tempo e pelo sucesso, com destaque para o baterista Nico McBrain, uma verdadeira máquina escondida por seus pratos, bumbo, surdo e tambores.

E o que dizer de Bruce Dickinson? Aos 55 anos, o vocalista britânico mantém a energia metaleira que levou o Iron Maiden a um patamar de supremacia na cena. Correndo, interagindo e, principalmente debochando, Bruce preencheu todos os requisitos que deveria preencher. Com direito a uma crítica bem humorada à cerveja brasileira: “A cerveja daqui é uma m…, eu tive que trazer a minha”, soltou Dickinson, logo em seguida dando um trago em uma garrafa da marca recém-lançada pela banda. Um brinde a seu humor ácido e a mais uma passagem marcante do Iron Maiden por aqui. Encerramento à altura do Rock in Rio que deixou no passado o final constrangedor proporcionado por Axl Rose em 2011.

Sob a liderança contagiante do vocalista Bruce Dickinson, Iron Maiden não decepcionou com show retrô, encerrando mais uma edição do Rock in Rio (Foto: Reprodução)

Sob a liderança contagiante do vocalista Bruce Dickinson, Iron Maiden não decepcionou com show retrô, encerrando mais uma edição do Rock in Rio (Foto: Reprodução)

O sétimo dia de Rock in Rio

O Palco Mundo iniciou sua última noite com um show equivocado da banda brasileira de metal Kiara Rocks. Sem aproveitar a chance de reforçar a imagem do gênero no país, os músicos paulistas apostaram em uma combinação dispensável de covers ao lado de faixas autorais. Com direito a uma participação qualquer-coisa de Paul Di’Anno, vocalista expulso do Iron Maiden em 1982.

Em seguida, entrou em cena o Slayer, banda com problemas recentes em sua formação (como a morte do guitarrista e fundados e mais um desligamento de seu baterista). Ainda assim, o grupo americano fez uma performance correta e coerente com o status que carrega, sendo um dos ícones do thrash metal na história do rock.

Já o Avenged Sevenfold, com ‘apenas’ 15 anos de estrada, enfrentou a resistência de fãs mais radicais do Iron Maiden, mas com a popularidade em alta junto aos metaleiros mais jovens, conseguiu manter a temperatura em alta com sua apresentação segura e calcada na mistura de metal com outras vertentes do rock. Para desespero dos puristas.

Fotos: Vinícius Pereira