Rock in Rio Day 1: Lellê, Karol Conka, Gloria Groove, Linn da Quebrada, Mano Brown, Seal e Xênia no Sunset


O Palco protagonista de momentos únicos no start da maratona musical. E mesmo debaixo de chuva o público vibrou, cantou e chorou

Lelle teve a responsabilidade de dar o start do Palco Sunset no primeiro dia do Rock In Rio 2019 (Foto: Rogério Fidalgo)

*Por Rafael Moura

“Um local para grande encontros musicais. A ideia é sempre desafiar os artistas”, foi assim que Zé Ricardo, o curador do Palco Sunset definiu o espaço para o site Heloisa Tolipan. Infelizmente não tinha pôr-do-sol, afinal, a edição de 2019, do Rock In Rio começou com um dia cinza. Como canta Adriana Calcanhotto, ‘cariocas não gostam de dias nublados’, mas nem a chuva afastou os fãs do festival da programação dessa palco que já conta com um line up disputado. “A cada edição fazemos um match de artistas, mesclando de medalhões a novos nomes em encontros musicais que tornam memoráveis”, explica.

Em carreira solo, Lellê teve a responsa de dar o start na programação do Sunset. A artista que veio ‘com o pé na porta’, em seu show falou de temas como racismo, homofobia e cultura de favela. Lembrando que a cantora já esteve no Rock In Rio com o Dream Team do Passinho, em 2017, convidada por Fernanda Abreu e como apresentadora do canal Multishow. “Foram dois meses de ensaio para essa apresentação. E quando pensei nesse corpo de baile era natural que eu trouxesse mulheres, inclusive uma trans, além da backing Will Barros e da DJ Tamy. “Eu sempre fui muito fã da Tamy, ela é uma guerreira, eu sou muito fã dela, da sua história. Fui uma contribuição linda para esse show. Eu fiquei mais nervosa nos ensaios, quando chegou na boca do palco, eu respirei fundo e meti bata e quebrei tudo”. Teve homenagem ao Dream Team, grupo que a revelou e ao DJ Rennan da Penha preso desde março de 2019 e que acaba de ser indicado ao Grammy Latino com o clipe ‘Me Solta’ um feat com Nego do Borel.

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Lellê trouxe ainda, num encontro mais do que especial, a cantora Blaya, brasileira criada em Portugal, que construiu sua carreira integrando o grupo Buraka Som Sistema, então um dos trabalhos de maior projeção internacional. No fim, a jovem desabou em lágrimas cantando ‘I’ll Be There’, dos Jackson 5 e arrancou muitos gritos e aplausos da plateia. “O amor é um filme na minha vida. E essa música fala de fazer um pacto de amor. Com apenas 21 anos eu vi a morte do meu pai e lembrei da minha avó, que com certeza está me assistindo em casa”, conta emocionada.

Vermelho foi a cor escolhida pelas três divas que deram sequência às apresentações do Palco Sunset. Quando a sirene tocou, o público vibrou e aplaudiu muito Karol Conka que convidou Gloria Groove e Linn da Quebrada. A rapper cantou seus sucessos cravejados de mensagens fortes e reflexivas, que estavam na boca da plateia. A nova diva pop, cheia de Groove, estremeceu a Cidade do Rock com os hits ‘Ioiô’ um feat com Iza, ‘Bumbum de Ouro’ e ‘Coisa Boa’. Já a vanguardista, Linn, fez um manifesto pela vida, com ‘Parem de nos matar’, seguido da de ‘Bixa Preta’ e ‘Necomancia’, um feat com Gloria Groove. “Foi impacto profundo, mas antes de entrar eu estava com aquele frio na barriga de ‘quero chorar’. Foi gostoso demais sentir o estômago colando, isso mostra que estamos vivos. Eu estou vivendo isso em modo em offline, querendo me divertir e quero lembrar desse momento para sempre”, ressalta Gloria Groove. “Eu nasci para dar uma causada. Falei como ser eu vou estar no Rock In Rio, ser rock e não levar uma das minas que eu acho mais rock do rolê, a Linn da Quebrada, e a drag mais rock que está ali pau a pau com a Nicky Minaj, a Gloria Groove? Eu acho que o nosso show foi o mais rock pela atitude, pela postura, pelas mensagens. Só a nossa presença ali já é um ato político”, enfatiza Karol.

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A terceira apresentação do Sunset foi uma baile black bem classudo. A apresentação que passeou entre o soul e o funl pré-batidão contou as presenças de Carlos Dafé, Hyldon e Bootsy Collins. Com uma big-band, a Boogie Naipe, Brown, a maior voz do Racionais, fez show que deixou ‘a fumaça’ frenética do rap e do funk da atualidade para dar lugar a um suingue com um climas refinado. O rap marcou presença, entranhado no arranjo de músicas como Gangsta boogie. Mas quem imperou foi mesmo o soul, no melhor do estilo Soul Train.

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Debaixo de chuva, Seal encerrou as atividades no Palco Sunset, no primeiro dia de Rock In Rio 2019. Aos 56 anos, o britânico mostra que carisma, talento e energia não lhe faltam, conceitos que perpassaram toda a apresentação que contou com a participação, mais do que especial de Xênia França. A plateia ávida vibrou com os hits como ‘Crazy’, ‘Killer’ e ‘Kiss from a rose’. A cantora que iluminou o palco com um look branco perolado, semi transparente, nos contou logo depois do show, que estava se sentindo numa dimensão acima. “Foi uma experiência além da música, é algo espiritual. Depois do que vivemos no palco hoje, eu tenho certeza que as coisas são traçadas para acontecer. É como se fosse um carimbo depois de ter lançado meu disco que vai fazer dois anos amanhã (29 de setembro)”, revela emocionada. Xênia comentou sobre as duas músicas que cantou com Seal. “A escolha das músicas foi minha. Eu pensei que o Stevie Wonder está no topo da pirâmide dessa ancestralidade. E esse é o novo elo de ligação. A primeira foi Higher Ground e a segunda Future Love Paradise, que é uma canção que fala do presente para o futuro, e é do primeiro disco dele”.

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