Por Pedro Willmersdorf
O artista pop de sucesso é aquele que, além do talento, da eficiência e de uma produção competente, também carrega consigo a racionalidade sobre o palco. Ter consciência de suas limitações pode ser uma estratégia certeira para conquistar o público, principalmente quando o contexto é um festival da dimensão do Rock in Rio. E assim, dona da situação, Jessie J conseguiu atravessar sua performance de 60 minutos sem riscos, empolgando a plateia.
Um resultado alcançado com um mix de elementos que combinaram bem. Como a abertura febril ao som de ‘Price Tag’, seu maior sucesso, e o encerramento com ‘Domino’, hit inevitavelmente contagiante. Somada a esta equação, o discurso de autoajuda de Jessie também foi eficiente nos trechos mais tranquilos do show, como a prévia de ‘Nobody’s perfect’ quando a britânica citou o programa de TV em que raspou suas madeixas por caridade a crianças vítimas de câncer.
Mas, lá no fundo do palco talvez estivesse o ponto-chave para o êxito da passagem de Jessie pelo evento: sua banda + backing vocals, afiadíssimos e base importante para a cantora, privilegiada com uma voz potente e que funciona sem percalços a despeito de poucos efeitos gravados.
Uma voz que, no entanto, até hoje não emplacou uma gama tão extensa de hits, o que (olha a racionalidade aí!) justifica e muito a presença de tantos covers em seu repertório. As faixas oitentistas ‘I found lovin’, ‘Ain’t nobody’, ‘Emotions’, ‘Never too much’ e ‘Abracadabra’, além do clássico ‘I don’t wanna miss a thing’, do Aerosmith, deram uma sustentação prática à apresentação da artista, sem afetar, porém, a empolgação de seus fãs. Interessante quando o cérebro também não sai do tom.
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