Por Pedro Willmersdorf
Mocinhas histéricas à beira da grade contrastando com casais mais afastados à espera do embaixador romântico da noite, galã arrasa-quarteirão fora dos palcos e figura discreta e profissionalmente correta quando está sobre um. Assim, suavizando ainda mais a atmosfera deste sexto dia de Rock in Rio, John Mayer, do alto de seus 35 anos, cumpriu a promessa de arrancar suspiros dos mais românticos, lágrimas dos mais sensíveis e aplausos de todos que curtiram de perto sua performance mergulhada em uma mistura envolvente de pop, folk e blues. Tudo carregado no açúcar, mas sem afetação.
No repertório, uma mistura interessante de seus maiores sucessos, como ‘Your Body Is a Wonderland’, ‘Daughters’, ‘No Such Thing’ e ‘Why Georgia’, com faixas mais recentes, como ‘Queen of California’, do álbum ‘Born and Raised’ (2012), e ‘Wildfire’ + ‘Dear Marie’, presentes em ‘Paradise Valley’, trabalho lançado no mês passado. Uma fórmula que, mesmo rendendo explicitamente mais durante a execução dos hits, manteve a vibração delicada que permeou sua apresentação integralmente.
O final, com um solo intenso (e extenso) durante ‘Gravity’, expôs de forma definitiva a versatilidade (e a entrega) de Mayer, passeando tranquilamente por todos os rótulos que o envolvem: galã, compositor de mão cheia, popstar, amante do blues, guitarrista talentoso e artista de uma ‘eficiência pacata’ quando está em ação. Assim, ele prova que a suavidade de sua música pode se tornar uma densa experiência.
Artigos relacionados