No Rio, Maria Rita batuca todos os corações no Circo Voador e encanta até os Arcos, com participação de Arlindo Cruz!


A cantora se apresenta na casa da Lapa com figurino e cenário de Fause Haten, divulgando seu novo álbum e tornando a noite memorável para virginianos e nativos de todos os signos!

* Por Bruno Muratori

Noite que mais parecia primavera, clima agradável, céu estrelado e aquela brisa que incentivava todos a colocar o bloco na rua. Foi nesse clima que o Rio brindou a escala carioca da turnê de Maria Rita, com o show “Coração a Batucar, do álbum homônimo lançado sete anos após “Samba meu” e que já é sucesso de crítica e público. Em novo momento, ainda em levada “eu sou o samba” –  deixando qualquer dúvida de lado, esse trabalho é sua segunda incursão pelo mais brasileiro dos gêneros musicais – , a cantora escolheu a Lapa para se apresentar neste sábado (13/9) , naquele badalo típico do Circo Voador que dispensa qualquer adjetivo.

Mesmo com o atraso do inicio do “pagode”, a galera estava animada e já ensaiava desde cedo palmas para dar aquele toque especial à noite. “Pode isso, produção?!?”, perguntava um ou outro na plateia. Bem, a artista tem lá seu quinhão de sedução, e o bom de estar no Circo Voador é que até a espera é tão agradável, sem suplício algum, que inspira a chance de ficar admirando os Arcos da Lapa, naquela vibe open air, sentando num barzinho lá fora, comprando algum souvenir ou ainda dando corda para os malandros. Sim, pode até mesmo rolar aquela “erotizada” básica e, quem sabe, alguém cair de cabeça na “frechada” de algum olhar. Daí, natural, vale ensaiar antes uma palminha aqui, em atmosfera de torcida organizada, em prol da diva.

Ela entra em cena com todo aquele magnetismo genético que vem de lá de dentro, fazendo simplesmente todos focarem em sua reluzente estrela. A cantora quer reproduzir no palco a atmosfera que diz ter norteado a produção de “Coração a Batucar”, que foi gravado praticamente ao vivo, tipo roda de samba. Cool! Já começa o show com “Meu Samba, Sim Senhor, em seguida tasca – para o delírio da galera que comparece em peso ao circo – “Cara Valente”, destaque para a banda afinada e primorosa liderada pelo guitarrista Davi Moraes, filho de Moraes Moreira. Os músicos estiveram juntos no estúdio e vão ao palco em plena sintonia. Os caras esculacham, de tão bons! No baixo, Alberto Continentino, no piano senta Rannieri de Oliveira e Wallace Santos comanda a batera.

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Fotos: Vinícius Pereira 

Numa pausa muito feliz, a cantora mima o público: “Estar aqui no Circo Voador e na Lapa é mesmo incrível! Tantos aplausos, fico humildemente agradecida! Vocês sabem que não sou muito de falar, mas tudo vale a pena quando se está aqui em cima e se tem esse reconhecimento. Sempre digo que a minha relação é com a arte, antes de tudo, eu faço isso por vocês, por causa de vocês! Ah, pronto, chega! Eu sou tímida… (rs)” Mas continua: “Tenho que agradecer à minha equipe que fica escondida e ninguém vê, mas são eles que fazem com que tudo corra bem para que vocês tenham uma linda noite. E o meu último agradecimento vai para esses artistas maravilhosos que formam essa banda. Eles me emocionam muito…”

Depois, em momento perfeito para os apaixonados, a batucada dá lugar ao samba-canção. Hora de se rasgar inteiro, caso esteja naquela “pausa por opção”. Sei… E, se é daqueles (ou daquelas) que faz inveja às inimigas, é hora de agarrar sua paixão ao som de Rumo ao Infinito” e “O que é o amor”, de Arlindo Cruz. “Quando a gente ama, brilha mais que o sol, É muita luz,  é emoção, o amor”. Bom, bateu aquela dor? Relaxa que vem mais samba para ficar com bolha no pé!

Aí, o show segue daquele jeito, com faixas tipo Coração a Batucar” e Samba Meu”: E Vamos a luta”, “Maria do Socorro”, “É Corpo é Alma, é Religião”, “Fogo no Paiol” e “Mainha Me Ensinou”dentre outras.

Outro grande momento é o solo de atabaques, bateria e piano dos músicos, um show!  Levam mesmo a rapaziada a tirar o pezinho do chão. Momento para a diva do samba trocar de figurino e subir de novo ao palco com aquele rosa, na pegada Estação Primeira de Mangueira, divino! Seu visual é assinado pelo estilista e parceiro de longa data Fause Haten, que, pela primeira vez, também assina o cenário de um show. O cara manda bem em cenografia minimalista, não roubando nem um pouco o brilho da estrela. Arte que deve ter aprendido em sua trajetória de SPFW, onde o ambiente deve funcionar apenas para emoldurar a roupa, sem dominar o desfile.

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Fotos: Vinícius Pereira

E, quando o público pensa que já está no fim, eis que surge Arlindo Cruz, porque, onde tem bom samba, ele aparece como num encanto para dar a benção. Lá vem Arlindo. Sim, repara só, o “Arlindão”está mesmo em todas! O músico sobe ao palco com aquele jeito bonachão de “por essa não esperava” e, antes que se dê conta, já aparece um bolo com as cores do Império Serrano (verde e branco). Como de improviso, Maria Rita o parabeniza pelo seu aniversário. Já é para lá de meia noite e no dia 14 de setembro o cara faz anos. Boa!

“Vou falar uma coisa para vocês desculpe: Setembro é f*@#%&@! Meu aniversário é hoje, o da minha querida Maria Rita foi dia 9, mês do lançamento do meu CD “Herança Popular” e ainda rola São Come e Damião. É fogo!”, diz o bamba. Se o mestre-glutão fala, está falado, e esse repórter do HT, como bom virginiano, não pode dar mole e discordar do compositor. Afinal, isso é mesmo! No mais, é de impressionar a energia singela e a interpretação da Maria Rita, temperada com requinte, brasilidade e cheia de emoção. Noite memorável!

* Carioca da gema e produtor de eventos, Bruno Muratori é uma espécie de fênix pronta a se reinventar dia após dia. No meio da década passada, cansou da vida de ator e migrou para a Europa, onde foi estudar jornalismo. Tendo a França como ponto de partida, acabou parando na terra do fado, onde se deslumbrou com a incrível luz de Lisboa e com o paladar dos famosos toucinhos do céu, um vício. Agora, de volta ao Rio, faz a exata ponte entre o pastel de Belém e a manjubinha