*Por Brunna Condini
Tatá Werneck tem voltado aos poucos ao seu ritmo de trabalho, tomando todas as precauções necessárias por conta da pandemia do novo Coronavírus. Gravando o ‘Lady Night’, no Multishow, que estreou essa semana em grande estilo com uma entrevista bafônica com Xuxa Meneghel, ela também se prepara para apresentar ao lado de Paulo Gustavo e IZA o 27º Prêmio Multishow na próxima quarta-feira (11).
A atriz e apresentadora esteve bem reservada, na companhia da filha Clara Maria, de 1 ano, e do marido, Rafael Vitti, durante toda a quarentena. “Tive muito medo e o meu maior pânico era não saber como proteger a minha filha de tudo o que estava acontecendo. Fiquei sete meses sem sair de casa mesmo, em cárcere privado, e hoje tenho tentado encarar de uma forma mais tranquila”.
Mas agora, além do programa que lidera, vai viver uma experiência inédita, apresentando o Prêmio Multishow sem plateia, direto do Rio de Janeiro. De lá, ela e os outros apresentadores vão revelar ao vivo os vencedores da noite e farão conexão com todos os palcos regionais. É a primeira vez que o evento será transmitido online e contará com performances musicais espalhadas em cinco estados: Rio de Janeiro, São Paulo, Bahia, Ceará e Minas Gerais. O tema escolhido nesta edição exalta a música que tem trazido cada vez mais entretenimento e alguma leveza para o cenário nebuloso que vivemos: “A Música não Para”, vai representar toda a transformação que a indústria musical passou com a pandemia.
Sobre os desafios desta volta, Tata fala da ausência do calor da plateia, tanto no prêmio quanto na atração ‘Lady Night’. “No programa já estamos com plateia virtual, o retorno demora, no início sentia até menor, mas já me acostumei, estou tranquila. Na verdade, é diferente”, observa. “É difícil fazer comédia sem as pessoas ali, porque a gente se alimenta das risadas. Mas é importante a segurança de todo mundo, então tem que ser assim”.
“Estamos vivendo um momento em que a arte cada vez mais vem sendo colocada à margem, como se fosse menos importante, tivesse menos valia. E ao mesmo tempo, as pessoas perceberam que a gente não vive sem arte. E que a a nossa vida tem uma trilha sonora, por exemplo, que consumimos muito mais arte do que poderíamos imaginar. Não existe a minha vida sem música, dos mínimos detalhes a lembrar de alguém. Nossa vida é composta de música o tempo todo, então não existe não ser grata à música e à arte”.
Ela analisa ainda, o momento para a comédia: “Humor também é uma ferramenta política, um agente transformador, um olhar sobre a vida. Fui gravar o ‘Lady Night’ e o que eu mais queria, além de continuar contratada (faz graça), era conseguir levar um pouco de alegria para as pessoas, porque a vida está muito pesada”, diz a apresentadora. “Acho que o humor vem se transformando. A gente vem entendendo que tem coisa que não podemos falar mesmo porque são criminosas. Nós somos obrigados a nos reinventar o tempo todo . É aquilo, tem coisas que eram ditas antes e que já não poderiam ser ditas, né? E ninguém da nossa geração viveu uma pandemia como essa, estamos aprendendo a lidar. Fiquei muito receosa até de voltar a fazer o ‘Lady Night’, porque algumas piadas não são engraçadas, é a dor de muita gente. Então, tenho brincado mesmo é com o meu medo em relação a tudo que está acontecendo”.
Sororidade
Quando fala sobre a apresentação do prêmio que tem na disputa na categoria de melhor Cantora do Ano nomes como Anitta, Ivete Sangalo, IZA, Luísa Sonza e Marília Mendonça, Tatá faz questão de ressaltar a potência destas mulheres e o direito feminino ao respeito em suas escolhas. “Sou fã de todas as mulheres que estão neste prêmio e das suas trajetórias. Porque além de ser difícil viver de música, e parece idiota, mas também é difícil dançar e se expressar livremente no Brasil. Parece que quando uma mulher dança e se expressa com liberdade, pegam um conceito machista, escroto e criminoso para desmerecer o trabalho dela. Sou fã e público dessas mulheres que chegaram até aqui e rebolam se quiserem, claro. Vou aplaudi-las”.
Perguntada se a recente repercussão do caso Mariana Ferrer – que gerou indignação pública depois da absolvição do empresário André de Camargo Aranha, em um veredicto inédito de ‘estupro culposo’ – geraria desdobramentos em seu discurso durante o prêmio, Tatá, que se manifestou sobre o caso nas redes sociais como outras personalidades, foi direta: “É um assunto importante. Não sei se no roteiro do prêmio tem espaço para falar sobre isso, mas tenho certeza que não teria problema se falássemos. E eu, como mulher, que defendo e olho para outras mulheres, falaria. Toda ou quase toda mulher já foi abusada, assediada. Acho que uma mulher quando é estuprada e não morre por fora, morre por dentro. Por isso o feminismo é tão importante e existe uma visão muito distorcida dele. Infelizmente muitas mulheres costumam dizer: “Feminina, sim, mas não feminista”. Feminismo não é um movimento contra os homens. É um movimento a favor dos direitos da mulher. Para mulher ser o que ela quiser, sendo respeitada. E o que garante isso à uma mulher é o feminismo. Foram mulheres lá atrás que abriram espaço para que leis nos defendessem”.
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