“Produzir cultura no Brasil é dificílimo e poucos conseguem viver da arte”, diz Sandra Pêra


O espetáculo Duas Feras Perigosas, de Dhu Morares e Sandra Pêra, acaba de sair do forno em CD e DVD reunindo histórias e músicas que fazem parte da vida dessas grandes mulheres da cultura brasileira que se conhecem desde 1972

*Por Rafael Moura

Foi durante o ano de 1972 que Dhu Moraes e Sandra Pêra se conheceram nos ensaios do musical “Pobre menina rica”, bem antes de serem conhecidas como “As Frenéticas”. A identificação entre as duas foi imediata e, de lá pra cá, já inspirou vários projetos artísticos, como o espetáculo Duas Feras Perigosas, que acaba de ser lançado em CD e DVD, pela Biscoito Fino, com direção de Rodrigo Faour. “O nome do espetáculo foi sugestão do diretor e nós ficamos muito felizes com essa escolha”, conta ao site HT a atriz e cantora Sandra Pêra.

Com tantas histórias e canções surgiu a ideia de montar o show que, musicalmente, conta passagens de antes e depois do grupo As Frenéticas, no qual atuaram entre 1976 e 1982. O repertório é composto por clássicos do conjunto que as consagrou, novidades da MPB e do pop contemporâneo, canções que gostavam de vocalizar quando se conheceram e temas de peças nas quais atuaram antes da fama. E ainda dividem com o público passagens divertidas dos mais de 40 anos de parceria. “Somos quase um casal. Uma parceria incrível e prazerosa”, afirma Dhu. Sandra completa elogiando a amiga: “É maravilhoso dividir o palco com a Dhu. É espetacular. Nós nos entendemos desde sempre”.

O repertório traz ainda músicas que cantavam em peças musicais (“Sabe você“, “Aquarius“), de brincadeira (“Rock and roll Lullaby” e “Pensando nela“, do repertório dos Golden boys), hits das Frenéticas (“Vingativa“, as citadas “Perigosa” e “Dancin’ days“), do universo brega (“A noite mais linda do mundo” e “Não se vá“, imortalizadas por Odair José e Jane & Herondy, respectivamente), além de músicas mais recentes como “Ainda bem“, de Marisa Monte e Arnaldo Antunes, e “Eu vou fazer uma macumba pra te amarrar, maldito”, de Johnny Hooker. Alguns sucessos da época das discotecas que elas nunca gravaram, como “Marrom glacê” (hit de Ronaldo Resedá) e “It’s raining men“, das Weather Girls, que em português virou “Está chovendo homem“.

Sandra Pêra e Duh Moraes em “Duas feras perigosas” (Foto: Vitor Jorge/Divulgação)

O sucesso dos shows foi tanto que ganhou versões álbum ao vivo (nas plataformas digitais) e DVD (formato físico), registrados em uma noite que contou com as participações especiais de Carlos Lyra, Eduardo Dussek e da frenética Regina Chaves. A direção musical é do guitarrista Mimi Lessa que trabalha com as duas desde os áureos tempos de “Perigosa” e “Dancin’ days“, hits que marcaram uma geração e jamais foram esquecidos.

Fizemos um “trocadilho” com Sandra e perguntamos o que a deixa uma fera… “A burrice e a ignorância das pessoas. Além da estupidez humana, gente que gosta de passar a perna nos outros. A corrupção brasileira”, conta Sandra indignada. E completa falando do atual momento da cultura brasileira: “É muito difícil. Dificílimo. Tenho a impressão que as pessoas no Brasil não gostam de cultura. Nossos governantes têm tanto descaso e falta de respeito com os artistas que chega a ser assustador. O país não nos ajuda. Poucas pessoas conseguem produzir e viver de cultura. Fazer um show é sempre um prazer, mas ganhar dinheiro nunca. Poucos conseguem”, conclui.

Ouça nas plataformas digitais:  link: https://orcd.co/duasferas

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