“Falar que é DJ é muito fácil. Mas a profissão é muito mais do que colocar uma música para tocar em uma festa. Ser DJ está muito acima disso”. A frase é dita por Marcelo CIC em entrevista exclusiva ao HT. O DJ, com 15 anos de carreira, já coleciona passagens por festivais como o Tomorrowland, Dream Valley – com o qual contribuiu para a música-tema da edição de 2013, “Keep Running”), Skol Beats, Rio Parade, os XV Jogos Panamericanos, dentre muitos outros. Agora, CIC se prepara para tocar no palco de música eletrônica do Rock In Rio (no mesmo dia em que o Slipknot e o Faith No More), ao mesmo tempo em que se prepara para lançar seu primeiro disco com a gravadora Universal.
Marcelo, que começou a carreira de DJ toando em festas para os amigos, tem uma grande variedade de experiências no currículo: já passou tanto por matinês, quanto dividiu cabine com gente como David Guetta, Fatboy Slim, Calvin Harris e Avicii. Do pai, que também trabalhava na cena noturna, ele aprendeu o gosto pela noite e as manhas do mercado. E, em quesito de sonoridade, CIC também já passou por grandes evoluções, do underground ao techno, até a fase atual, em que se considera “mais mainstream“, com o objetivo de divulgar a eletrônica pelo Brasil e pela América Latina. Prova disso é “Superfans”, seu mais recente single que já vem estourando pelos seus sets e caiu no gosto dos fãs do gênero.
No bate-papo que você lê abaixo, Marcelo CIC comenta sobre todas essas experiências citadas acima, a carreira de DJ no Brasil e como às vezes ela pode ser mal interpretada, além de saber quais os projetos futuros do cara que já é uma referência no país. Vem com a gente:
HT: Como foi a experiência de tocar no palco do Tomorrowland Brasil?
MC: Foi maravilhoso! Com certeza, uma das cinco melhores experiências da minha carreira, ainda mais por ter feito parte do palco principal, o que chama mais atenção para o seu trabalho. É uma experiência muito bacana para qualquer tipo de artista poder sentir essa energia e tocar as suas próprias músicas.
HT: Como você vê a carreira de DJ hoje no Brasil, considerando que qualquer pessoa se autoproclama DJ?
MC: Você falar que é DJ é muito fácil. Mas a profissão é muito mais do que isso. Você colocar uma música ou outra para tocar não significa ser DJ, porque isso é algo muito acima: é tenica, conhecimento, sentimento. É muito mais do que as pessoas têm vendido hoje em dia. A pessoa faz um BBB e se chama DJ. Ela não é! É uma presença VIP que coloca música para tocar. Hoje, o DJ já é visto como artista, graças a gente como [David] Guetta e [Calvin] Harris, que nos colocaram nessa posição. Temos nomes que cobram U$1 milhão por show no mundo.
HT: O que você já tem em mente para o seu set no Rock In Rio?
MC: Eu nunca sei minha primeira música. Juro. A única coisa que determino previamente é a intro do meu show. O que posso adiantar é que, como estamos divulgando a “Superfans”, ela fará parte do meu set. Logo em seguida, não me pergunte. Depende da energia da hora e do número de pessoas. É por isso que eu sempre subo ao palco com frio na barriga. Quando isso acabar, eu abandono a profissão.
HT: Tirando as suas próprias músicas, o que não pode faltar no seu set?
MC: Eu procuro sempre tocar brasileiros e tem funcionado demais. Acho que não devemos em nada ao que é feito lá fora. Mas nenhum set meu é igual ao outro, sempre faço muito ao vivo.
HT: Já aconteceu de estar tocando ao vivo e uma música não se conectar com o público? O que faz nessas horas?
MC: Às vezes a gente espera que uma música dê um tipo de reação e ela não dá, então temos poucos segundos
para trocá-la. Isso vai muito do DJ e de você se colocar na hora. Já aconteceram momentos em que eu errei
e tive que consertar rápido para não perder o ânimo do set.
HT: O que você acha dessa tendência de grandes nomes da eletrônica estarem colaborando com artistas pop e gerando esses megahits?
MC: Acho muito importante esse crossover entre a música pop e a eletrônica. Grandes artistas se tornaram populares justamente com esses outros nomes que já estavam fazendo sucesso. É muito importante essa porta que o Guetta abriu. A eletrônica sempre teve esse papel difusor entre outros gêneros e artistas, como o Nirvana, o Chemical Brothers e até o próprio Daft Punk.
HT: Existe algum desses crossovers que te chame mais a atenção?
MC: Poxa, gosto bastante do trabalho do Calvin Harris. Além de ser bonito e pegador, o cara ainda tem músicas ótimas! (Risos)
HT: Se você pudesse colaborar com alguém, quem seria?
MC: A Demi Lovato, a Selena Gomez e até a própria Taylor Swift (se o Calvin Harris deixar). Estou bastante interessado em fazer esse crossover.
HT: Como foi dividir a cabine com nomes como Calvin Harris, David Guetta, Avicii e Fatboy Slim?
MC: É sempre uma experiência muito bacana quando isso acontece. A gente conversa nos bastidores e aprende muito. Quando você toca com esses hitmakers consolidados, vê como a postura é importante. E como nós não temos uma referência no nosso país que seja do tamanho deles, a gente precisa sempre aprender a absorver o melhor.
HT: O que você pode adiantar do disco que está produzindo?
MC: Serão 14 faixas, mas ainda não tem data exata de lançamento. Tudo indica que é para o próximo verão, mas
vamos lançar um EP antes disso. Quero fazer um trabalho muito autoral nesse álbum. Vamos celebrar tudo durante o ano: no começo de julho já tem mais um novo single, com clipe e tudo. Estou preparando com calma para que isso entre no mercado internacional. Não vai ser um projeto baseado só em eletrônico, vamos ter vários experimentos.
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