Quase 100 milhões de visualizações no YouTube separam o rapper Pelé Milflows do jovem Maurício Loureço, de apenas 20 anos. Componente do grupo 1kilo, Pelé é dono dos acalorados hits “Relação” e “Não sei mais” e em maio, lança o seu primeiro álbum solo. Enquanto Maurício, criado pelas ruas de São Gonçalo, relembra cada ladeira do lugar, por onde descia rapidamente com o skate debaixo dos pés. E se o site HT contasse que ambos são a mesma pessoa? “Eu era como um foguete no skate e a galera logo me deu o apelido de Pelé. Depois, na minha primeira batalha de MCs, eu me inscrevi com esse nome. Por incrível que pareça, ficou e está vivo até hoje”, contou Maurício, em um papo exclusivo.
Depois das muitas rimas e shows ao lado do grupo 1kilo, coletivo que se define também como gravadora por publicar diversos materiais de seus integrantes, Pelé lançará, em maio, o primeiro álbum solo. “Eu sempre fui alguém com capacidade de expandir, seja a minha conta no banco ou a minha mente. Esse ano, eu queria chegar em outro patamar. Por isso, esse álbum”, explicou. Com composições próprias, o projeto recebeu o nome “Meu Fantástico Mundo” por abranger diversos aspectos do universo do rapper: “Eu vou abordar tudo que está no mundo do Pelé, seja amor, ódio, dinheiro ou revolta”.
Para ele, compor as músicas que entrariam no álbum foi a parte mais fácil do processo, que esbarrou em obstáculos como a definição de um conceito e a seleção das parcerias. “Muitos artistas sabem que eu estou fazendo esse álbum e, então, as pessoas quiseram participar. Foi complicado decidir quem entraria ou não para rimar comigo. E, além disso, destacar um conceito para esse projeto foi bem difícil, porque queríamos uma parada diferente”, pontuou ele, que se inspirou em MCs internacionais durante o processo de construção.
Hoje, o jovem consegue se sustentar com o dinheiro dos shows e projetos junto aos integrantes da 1kilo, e espera expandir a captação de recursos no que diz respeito à carreira solo. Ainda assim, por mais que consiga atingir um elevado nível sozinho nos palcos, ele não pretende abandonar o grupo que lhe deu visibilidade. “Evolui muito com a galera e grande parte do que eu sei hoje foi com esse grupo, principalmente com o Gregório [DJ Grego] e com o Pablo [Martins]. Eles me deram uma base incrível, porque entendem muito de música para além de rimar, sabe? Por mais que eu esteja investindo na minha carreira solo, eu continuo com eles”, reforçou. E prosseguiu comentando melhor a relação: “Sinto uma diferença enorme no palco, porque quando estou sozinho é uma solidão, né? Com a 1kilo é muito mais intenso, já que são oito pessoas juntas se divertindo, interagindo, rindo e cantando”.
Assim, nesse clima de gratidão, o Maurício por trás do famoso Pelé relembrou a infância, projetando-a também nas futuras crianças: “Desde a infância, eu sou vidrado em rap, porque sempre me identifiquei muito. É surreal olhar para esse menino e ver que hoje eu passo por cima do preconceito, por ser rapper e negro, e consigo dar largos passos. Não tem jeito, a cada dia nasce uma criança e toda criança pode se tornar um protestante, que com 15 anos vai querer e tentar mudar o mundo de alguma forma”. E finalizou demonstrando muita ousadia e segurança do seu papel na sociedade: “O rap é o futuro sem dúvida alguma. E eu estou aqui para fazer música para todo e qualquer tipo de público, seja a galera afro, branca, mais velha ou menor de idade. Estou aqui para o universo, todos somos vermelhos por dentro e a minha missão é mudar a vida das pessoas fazendo música. Eu quero mudar o mundo”.
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