Uma curiosidade sempre presente nos corações brasileiros é como uma família inteira pode ser dotada de percepção musical incrível e de vozeirões impressionantemente afinados. O louvável centenário de Dorival Caymmi (1914-2008), além de todas as justificativas plausíveis, traz de volta aos palcos filhos tão dadivosos quanto o pai. Os três irmãos – Nana, Dori e Danilo Caymmi – subiram ao palco do Vivo Rio nesta sexta, 21/2, para lembrar o centenário de nascimento do pai, Dorival Caymmi, em show cujo repertório passa por algumas das canções mais importantes compostas pelo músico, pintor e ator baiano.
No palco, a presença maciça do trio, na plateia um misto de suspiros, mãozinha no peito e até choro provocado. Afinal, não há como não emocionar no show com tanto talento e sensibilidade. E não é para tanto, a voz e personalidade marcante de Nana Caymmi, junto à voz doce de Dori e a grave, como a do pai, de Danilo, juntos, é tudo imensamente desbravador.
Fotos: Vinícius Pereira
O centenário de nascimento Dorival Caymmi é só em abril (ele nasceu em 30 de abril de 1914), mas as comemorações são intensas desde já, indo de show a palestras, de exposições a um livro, incluindo gravações de CD e DVD, que já começaram no ano passado. “Caymmi”, álbum lançado recentemente pelos irmãos, é apenas o primeiro passo para as comemorações ao centenário, que, na verdade, já teve o start com a publicação de “O que É que a Baiana Tem? – Dorival Caymmi na Era do Rádio”, livro escrito pela neta do compositor, Stella. Para os espetáculos, o trio tem planos imensamente esperados, com participações de Caetano Veloso, Gilberto Gil e Chico Buarque, entre outros. Os irmãos já se apresentaram com o repertório do disco em São Paulo, onde os ingressos evaporaram em minutos, como se fosse água atirada sobre uma superfície fervendo.
Dorival Caymmi lançou seu primeiro disco, “Carmen Miranda & Dorival Caymmi”, em 1939. Foi uma carreira de sete décadas que o tornou um dos mais importantes compositores da história da música popular brasileira. E os filhos vão, além de matar a saudade, dar continuidade a uma obra de virtudes inquestionáveis.
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