Água no feijão que está chegando a segunda edição do Home Theatre em seu cafofo!


Em cinco mostras diferentes, o Festival pretende visitar gratuitamente residências da Pavuna ao Leblon com peças encenadas na própria casa do público.

*Por João Ker

Pergunte a qualquer ator sobre o significado do palco, e a resposta será unânime: ele é sagrado. Partindo deste princípio, imagine que sua casa agora pode ser o novo templo da novena cênica que toma conta do Rio de Janeiro neste mês. Sim, isso porque a segunda edição do Home Theatre – Festival Internacional de Cenas em Casa volta ao Rio entre os dias 15 e 25 de maio, para visitar 50 residências da Pavuna ao Leblon, renovando a arte teatral através de quatro mostras diferentes: “Cenas em Casa”, “Memórias de uma casa”, “Meu prédio tem história” e “Teatro na porta”. Um primor, o conceito. Não é à toa que esta iniciativa foi premiada em março deste ano na edição carioca do Prêmio Shell de Teatro.

Para aqueles que resolverem colocar mais água no feijão e receber os espetáculos em suas casas, há a vantagem indiscutível de ganhar uma entrada gratuita para uma peça de teatro customizada para a sua sala de estar. Pode empurrar o aparador para o lado, trazer a poltroninha do quarto para a área social do apê e guardar o murano dentro da escrivaninha para evitar que algum estabanado dê cabo daquela preciosidade que você ganhou da sua bisavó. Fora, isso, a experiência é única.

No mais, há opções para todas as tribos, e nem a turma que segue a linha mais tradicional e dispensa propostas muito moderninhas precisa se preocupar, porque os temas da mostra “Cenas em Casa” são super variados e ainda rendem aquele bate-papo bacana entre elenco e plateia no final dos 20 minutinhos de encenação. O único detalhe é que estas apresentações estão restritas à locais mais distantes do centro do Rio ou em comunidades, como Pavuna, Cidade de Deus, Rocinha, Batan e Borel. E, se este aspecto for um dificultômetro para que o pessoal que mora em locais privilegiados da cidade possa assistir, por outro lado chega a ser uma bênção agraciar este outro público, mais carente desse tipo de lazer, com tamanha iniciativa.

Boas ideias não faltam. A série “Meu prédio tem história” ,dirigida pelo inglês Kerry Michael, se baseia na história de um grupo de dez moradores do Edifício Mercúrio, na Pavuna. As cenas serão executadas no dia 24, às 19h, no próprio local que inspirou o roteiro. E, para quem gosta do conceito e pretende fazer um happening caseiro para convidados, há o “Teatro na porta”, uma espécie de disque-peça misturado com tele mensagem ao vivo, que leva um palco móvel em um carro cenografado até o endereço do felizardo.

Sobre a idealização do Festival Home Theatre, o diretor teatral e cineasta Marcus Vinicius Faustini comenta: “Estamos repensando a cidade ao convocarmos as pessoas a abrir suas portas, espectadores a se deslocarem pelos bairros e ao discutir o ato teatral, concretizando-o fora de seu espaço convencional”. Para se inscrever, basta entrar no site oficial.

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Fotos: Divulgação

Programação

Mostra Cenas em Casa
Dez cenas criadas por autores brasileiros (cinco do Rio de Janeiro e cinco de São Paulo, Maranhão e Ceará), pré-selecionadas pela curadoria do festival, serão apresentadas em 20 casas na Pavuna e mais 20 casas na Cidade de Deus, Rocinha, Batan e Borel. O encontro do artista com o público potencializa a experiência teatral. O público interessado em participar deverá se inscrever através do site do festival ou por e-mail.

Serviço:
Datas: 15, 16, 22 e 23/05
Inscrições: Através do www.festivalhometheatre.com.br ou pelo e-mailfestivalhometheatre@gmail.com
Entrada gratuita

Mostra Competitiva
As cenas da “Mostra Cenas em Casa” formam a Mostra Competitiva e concorrem a dois prêmios de R$ 3 mil (Melhor Cena e Melhor Atuação). No dia 25 de maio, às 17 horas, na Arena Jovelina Pérola Negra, na Pavuna, as cenas serão avaliadas pelo júri, composto por profissionais da área, em apresentação aberta também ao público. 

Serviço:
Data: 25/05
Horário: 17h
Duração: 3 horas e meia (20 minutos cada cena)
Local: Arena Jovelina Pérola Negra
Endereço: Praça Ênio S/N – Pavuna
Entrada gratuita (senhas serão distribuídas 1 hora antes)

Cenas:Ação e Reação (RJ)

Esta cena nasceu do desejo de abordar o tema da violência sexual contra mulheres e crianças. A expectativa é que este trabalho seja um embrião de um monólogo, que será o primeiro trabalho deste tipo produzido pela Cia. Asa-Delta. 
Texto e direção: Vicente Pereira Júnior / Atuação: Naila Rodriguez 

Aramis (RJ)
Homem e cavalo encarnados numa só figura. E, acima de tudo, um aspecto lúdico a permear a cena do começo ao fim. Não se trata da descrição de um espetáculo cujo enredo nos remeta a qualquer figura mitológica. Essa feliz amálgama de elementos diversos acima descrito encontra-se na performance “Aramis”, de Luis Carlinhos. Baseando-se em fatos reais, ocorridos em sua tenra infância, o ator conta suas aventuras e desventuras com o cavalo Aramis, ora narrando, ora dramatizando os eventos. 
Atuação: Luís Carlinhos/ Direção: Marcela Andrade/ Música original: Luis Carlinhos em parceria com Daniel Lopes

A Terra é redonda (RJ)
A cena se inspira no conto “A Terra é redonda”, do escritor suíço Peter Bichsel. O ator Cadu Cinelli, do grupo Os Tapetes Contadores de Histórias, conta a história de um homem que passa o tempo inventariando tudo que sabe e, para comprovar a teoria de que a Terra é redonda, ele decide fazer uma viagem sempre em linha reta para voltar ao local de partida.
Supervisão: Isaac Bernart / Atuação: Cadu Cinelli 

Farnese de saudade (RJ)
Em cena, há uma narração das experiências do artista plástico Farnese de Andrade, que conta estórias em primeira pessoa, uma encarnação do artista. Textos, entrevistas, depoimentos de pessoas próximas e até uma passagem do curta-metragem “Farnese”, de Olívio Tavares de Araújo, são fontes que, conjugadas, formam o texto da cena.
Direção: Celina Sodré/ Atuação: Vandré Santos

Tipos de perturbação (RJ)
Cena livremente inspirada nos textos da escritora norte-americana Lydia Davis. Uma criação de Cristina Flores em parceria com a artista Maria Flor Brazil. 
Atuação: Maria Flor Brazil/ Direção: Cristina Flores

A vida por um fio (MA)
A vida por um fio é um conjunto de cenas extraídas da peça “As três fiandeiras”, em processo de montagem pelo Grupo Xama Teatro. Conta a história da mãe de Ribamar, o menino que cismou de ser pescador, mas pouco sabia dos mistérios por detrás das águas. Ignorava a dor descortinada por detrás das lágrimas daquela que o pariu. Sob a ótica do feminino em diálogo com a metáfora da roda que nunca para de girar, a atriz tece a personagem com suas histórias de vida e de morte, de renda e de mar. Na casa, na praia e na loja, a vida da rendeira vai sendo revelada num ambiente de fé, trabalho e solidão.
Texto e direção: Igor Nascimento/ Atuação: Gisele Vasconcelos

Festival de Ideias Brutas – Episódio 1 (MG) 
Cena composta por quatro textos do blog da artista mineira Marina Viana: “A modelo é viva”, “Comitê de Escracho Permanente”, “Belo Horizonte” e “Careta”. Os textos da artista falam de autoria, amor, plágios e raiva, a partir da relação com sua cidade. Questionam rituais da tradicional família mineira, bem como a realidade de ser artista numa cidade um tanto provinciana e que expulsa tantos artistas pra outras cidades do país. Um manifesto de amor/ódio a uma cidade e suas lendas, suas referências, suas mágoas, sua história. 
Texto e atuação: Marina Viana / Direção: Rodrigo Fidelis

Ofélia Blue, aprendendo a nadar (SP)
Partindo do estudo sobre Ofélia, a peça surge da ideia de “desafogar a afogada”, dando voz ao conjunto de desejos e pensamentos que lhe surgem debaixo d’água. Aprender a nadar é também uma metáfora sobre redescobrir a própria língua, sobre a busca de novas nuances da expressão, sobre a sublevação de desejos e memórias, sobre a busca do encontro com outras vozes e presenças. Aprender a nadar é, no fundo, aprender a amar e a criar (-se). 
Texto, direção e atuação: Raiça Bonfim

Sepultamento Prematuro (SP)
Esta cena é uma das três que compõem o espetáculo “Histórias de Terror”, de Edgar Allan Poe, trabalho já apresentado em lugares bem diferentes. Apesar da seriedade do assunto, ele é apresentado de forma irônica, com um toque de humor negro que culmina com um grito saído de dentro do baú fechado. 
Texto original: Edgar Allan Poe / Adaptação do texto, direção e atuação: Cristiane Gimenes

TRIIIIIIMMMMMMM (CE)
Tânia é uma mulher de 29 anos, filha única, solteira e um segredo: é virgem. Certo dia ela conhece Gevaldo. Apaixonada, coloca em sua cabeça que ele é o homem de sua vida. Gevaldo fica de ligar no dia seguinte, às oito e meia da manhã, só que durante essa espera Tânia recebe várias ligações inoportunas. Texto e direção: José Sena / Atuação: Tacia de Mourais 

Mostra Mémorias de uma casa – Parei de ser fôlego 
Sob a direção de Emanuel Aragão, a Cia. Terceiro Mundo vai criar o happening “Parei de ser fôlego” em uma casa no Jardim Pernambuco, no Leblon. Atores, moradores, visitantes e empregados vão circular pelos diversos cômodos da casa, acompanhando as memórias vivas, inventadas ou não, de pessoas que já passaram por aquela residência. Diversas cenas – de 20 minutos cada – integram o espetáculo, que tem duração completa de 3 horas. O público pode optar pelas cenas que gostaria de assistir e, durante a apresentação, também será servido um jantar. 

Ficha técnica:
Texto e direção: Emanuel Aragão
Dramaturgia: Cia Terceiro Mundo e Emanuel Aragão
Elenco: Flora Diegues, Julia Stockler, Laura Araujo, Luiza Yabrudi, Marina Provenzzano e Roberta Brisson
Cenario: Tatiana Chalhoub
Luz: Isadora Petrauskas
Figurino: Ana Carolina Lopes
Produção de áudio: Isadora Medella
Voz: Alex Cassal
Produção: Cia Terceiro Mundo e Sylvio Fraga

Serviço:
Data: 16, 17 e 18/05
Horário: 18h às 3h
Duração: 3 horas/ 20min cada cena
Local: Rua Codajás 661, Jardim Pernambuco, Leblon
Entrada gratuita

Meu prédio tem história
Dez atores convidados, sob a direção do inglês Kerry Michael, diretor artístico do Theatre Royal Stratford East, e os diretores assistentes Zé Alex e Pedro Rothe, vão criar cenas baseadas nas histórias pessoais de dez moradores do Edifício Mercúrio, na Pavuna. As apresentações acontecem no dia 24/05, a partir das 19h, dentro dos apartamentos dos moradores e o processo será filmado e registrado em vídeo. No final do dia, a rua será ocupada para um jantar de confraternização, que vai contar com um bate-papo sobre a experiência e a exibição das imagens captadas durante as apresentações.

Teatro na Porta
Um carro com a Cia Os Fabulosos (Marcos Camelo e Cesar Tavares) vai circular pela cidade, apresentando uma cena com música e humor, inspirada no universo do circo brasileiro. Marcos e Cesar se conheceram no projeto Doutores da Alegria, do qual fizeram parte durante sete anos. O público pode ligar e solicitar que o espetáculo vá até a sua porta. O carro levará a cena a duas casas por dia, em diversos locais na cidade.

Serviço:
Datas: 15, 16, 17, 18, 21, 22 e 23/05
Telefones de contato: 2507-2909 / 98901-3219


Seminário internacional Teatro e Cidade
O foco é a relação entre arte e cidade. Artistas, pensadores, realizadores, produtores do Brasil e do mundo participarão do seminário. Serão 100 vagas e as inscrições devem ser feitas através do e-mail festivalhometheatre@gmail.com

Mesa-redonda nacional:
Mediador a confirmar
Marcus Faustini: Ator, diretor e escritor/ Idealizador do Festival Home Theatre
Alexandre Damascena: Ator, diretor e escritor/ Diretor da Cia do Invisível, grupo teatral da periferia do Rio de Janeiro
Marina Henriques 
Verissimo Júnior (a confirmar)
Marina Vianna – atriz, diretora e professora da UniRio

Mesa-redonda internacional (14h às 17h)
Paul Heritage (mediador): professor de artes dramáticas da Queen Mary University of London e Diretor Artístico da People’s Palace Projects
Anirudh Nair: diretor teatral do Wide Aisle Productions (Índia)
Amir Nizar Zuabi: diretor e escritor palestino, graduado pela Nissan Native Acting Studio (Israel)

Serviço:
Data: 20/05
Horário: 9h às 17h
Local: UniRio
Endereço: Av. Pasteur, 296 – Urca
Entrada gratuita


Oficinas 
Anirudh Nair (India), Amir Zuabi (Palestina) ministrarão duas oficinas para jovens atores, que acontecerão no dia 21/05, na Arena Jovelina Pérola Negra. Serão 20 vagas por aula e as inscrições devem ser feitas através do e-mail festivalhometheatre@gmail.com 

Serviço:
Data: 21/05
Horário: 10h às 13h (Anirudh)/ 15h às 18h (Amir)
Local: Arena Jovelina Pérola Negra
Endereço: Praça Ênio S/N – Pavuna
Entrada gratuita


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E-mail: contato@festivalhometheatre.com.br
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