*Por Domênica Soares
Entre Brasil e Portugal nasce um novo som. “A Elasticidade do Tempo” é o novo álbum do cantor Rod Krieger, ex integrante da banda Cachorro Grande, na qual esteve presente por 15 anos. O álbum, que foi gravado no Brasil e finalizado em Lisboa, país que o artista vive atualmente, será lançado em 2020, mas já podemos apreciar algumas músicas. Hoje, dia 1º, o artista disponibiliza a faixa “Todos Gostamos de Você” nas plataformas de streaming. Esse primeiro álbum solo foi gravado, mixado e co-produzido por Ricardo Prado no estúdio Canto da Coruja, em Piracaia, interior da cidade de São Paulo, e, logo depois, masterizado pelo australiano Rob Grant, do Poons Head Studio, que também já fez trabalhos com grandes artistas como Tame Impala e Lenny Kravitz. “O nome do álbum foi escolhido quando eu estava trocando mensagens com a Lucinha, esposa do Arnaldo Baptista. Eu havia esquecido de enviar algo que ela tinha me solicitado e quando me desculpei ela carinhosamente disse que não tinha problema, porque ‘o tempo era elástico’. Fiquei com essas palavras na cabeça durante muito tempo até que elas foram se moldando e surgiu o nome do disco, que além de tudo, combina perfeitamente com as letras do produto”, conta.
Em entrevista exclusiva ao site Heloisa Tolipan, o artista conta que esse disco já está o acompanhando faz tempo. Começou como um single que se transformou em EP, que depois disso virou álbum, no qual as canções foram tomando forma com o tempo. Nesse mesmo período, Rod já estava em processo de transformação, não só física, como espiritual também. “Nesta época estava saindo de São Paulo e me mudando para o litoral, onde comecei a estudar sitar (instrumento indiano) yoga e meditação, o que ajudou a me livrar de alguns hábitos. Tudo isso se tornou a essência do disco e para completar, eu fiz gravações em uma fazenda no interior de São Paulo, em um dos estúdios mais incríveis que já conheci, o Canto da Coruja. Então, essa produção tem um pouco de cidade, praia e mato, dá para dizer que ele é um pouco de tudo, ou um espelho do que eu sinto quando estou nesses lugares”, comenta. O cantor, que busca levar paz para o público, reflete que se estivermos bem, conseguimos nos tornar pessoas melhores e ajudar os outros. Essa preocupação com as pessoas é refletida também no seu novo single “Todos Gostamos de Você”, que é uma espécie de diálogo entre nosso eu interior com o corpo que habitamos, uma mensagem positiva para aguentarmos as pressões do mundo externo. Como se fosse uma meditação, um mantra. “Já tinha um rascunho da música gravado no meu home studio e, quando coloquei o instrumento indiano, ela se completou. A letra apareceu depois, acho que eu fui escrevendo aos poucos e moldando até chegar no resultado final. No disco quem toca sitar é o meu amigo e instrutor Fabio Kidesh”, diz.
Morando em Lisboa há seis meses, ele conta que a principal diferença é o tamanho dos países, visto que Portugal é muito pequeno em relação ao Brasil e isso interfere em muitas questões. Mas, ao mesmo tempo, fala que a região conta com uma efervescência musical incrível. O país é lotado de festivais no Verão e além de outras bandas europeias circularem por lá, os grupos regionais também tocam em outros países gerando uma espécie de intercâmbio cultural. Rod explica que perto de sua casa tem em torno de cinco casas de shows com músicos do mundo inteiro fazendo apresentações, mostrando que tudo isso vem gerando muito aprendizado e conhecimento ao artista. “Sobre preconceito, não tive nenhum problema. Pelo contrário. Todas as pessoas que conheci por aqui foram incríveis. E, sim, estamos todos tristes com a situação atual do Brasil, inclusive, esse também foi um dos motivos da minha vinda para cá, mas eu não interpreto como depressão, ainda tenho esperança de um dia tudo melhorar”.
Com muitas experiências na bagagem, o cantor analisa o cenário da música e o surgimento de novas oportunidades para quem está iniciando a carreira. Segundo Rod, o momento está cada vez melhor, porque por mais que existam muitos desafios, a tecnologia vem para quebrar barreiras. Afinal, todo mundo pode gravar um disco em casa, divulgar shows nas redes sociais e levar seu som para muitos lugares do mundo com apenas um clique. Quando iniciou sua carreira, no final dos anos 90, o telefone público era de ficha e o CD nem existia, deixando claro que atualmente existem inúmeras possibilidades de crescimento. O artista conta que começou estudando música clássica quando ainda era criança mas que, ao longo do tempo, foram surgindo em sua vida os discos de rock, a guitarra elétrica e acabou migrando para outra área. “O que mais aprendi é que a gente pode ser feliz fazendo o que gosta, e que sempre existirão algumas dificuldades, mas se você persistir e acreditar as coisas acontecem. Além disso, pode ser clichê, mas é real: A busca é tão interessante quanto a conquista”, pontua.
O artista conta que sua maior inspiração é Arnaldo Baptista, cantor e compositor conhecido pelo seu trabalho na banda “Os Mutantes”. Além dele, descreve que também transita pelos clássicos como David Bowie, Bob Dylan, John Lennon ,Syd Barret e permeia discos que vão de Caetano Veloso a Sepultura, mostrando o quão eclético é o cantor. Empolgado, cita que a maior dica que pode dar para quem está iniciando é “escutem todos os discos dos Beatles na ordem”. Ainda compartilha uma curiosidade: “Meu maior sonho é ter um lar para cachorros abandonados. E se puder ser dois sonhos, eu gostaria de abrir um show do Paul McCartney, de preferência, aqui no velho mundo”.
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