Em menos de seis meses de uma gigantesca exposição nacional, a banda potiguar Plutão Já Foi Planeta conquistou boa parte da juventude brasileira com seu despretensioso indie pop-rock. O segredo ninguém se arrisca em dizer. Talvez seja por suas melodias bem construídas, vocais alinhados ou até mesmo arranjos montados em cima de instrumentos que fogem totalmente da linha convencional guitarra, baixo e bateria. No entanto, além de todos esses atributos que um grande conjunto precisa ter, certo mesmo é que eles carregam consigo muito foco, carisma e identidade. Com uma participação meteórica no programa “Superstar”, o quinteto, oriundo de Natal, desembarca na cidade do Rio de Janeiro, mais precisamente no Festival Rio Novo Rock, no Imperator – Centro Cultural João Nogueira, nesta quinta-feira, para embalar canções do álbum “Daqui Pra Lá”.
Em entrevista exclusiva ao HT, a vocalista Natália Noronha falou sobre a ansiedade de participar desse evento que promete sacudir a urbe carioca. “Nós estamos muito animados. O Rio é uma das melhores cidades que a gente toca. A galera curte tanto o nosso som que a gente chega até a comparar com o público de Natal. Cada show é um show e, por isso, é importante manter essa troca de energia com os nosso fãs”, disse ela. O grupo, no entanto, ainda é composto pelos amigos Sapulha Campos, Gustavo Arruda, Gustavo Arruda e Khalil Oliveira.
Com influências dos Os Mutantes, Los Hermanos, John Frusciante e Little Joy, além de grupos do Indie Pop britânico como Bombay Bicycle Club e Little Comets, uma das marcas do grupo é a instrumentação diversificada, com a utilização de ukulele, escaleta e sintetizador. “A gente queria uma proposta diferente e uma ideia nova. Mas os instrumentos mais alternativos foram realmente surgindo muito espontaneamente. Os meninos chegaram com peças cada vez mais diferentes que acabaram influenciando a gente e o som da banda. Tanto que no palco a gente faz um verdadeiro rodízio. Tudo foi surgindo meio sem querer querendo, sabe?”, apontou.
Já no reality show musical na Rede Globo, comandado por Fernanda Lima, Plutão foi longe, mas tão longe, que chegou à final do programa, arrematando a segunda posição no ranking de bandas. Segundo Natália, a receptividade do público foi uma grande surpresa para os roqueiros, que hoje já conseguem viver apenas da música. “Nós fazíamos faculdade, mas agora nossa profissão é a banda. A gente trabalha, respira e vive na banda 24h por dia. Agora, o que mudou foi a repercussão nacional que tivemos. A gente se surpreendeu muito com o resultado. Não esperávamos que fosse tão grande, porque temos consciência que é arriscado ser uma banda autoral na televisão brasileira”, disse ela, ressaltando os ingredientes que levaram o grupo até o topo da atração dominical. “Quando se faz um trabalho com verdade, você consegue conquistar as pessoas”, disse.
Ainda em tempo, a banda Plutão Já Foi Planeta inaugurou, de fato, no meio musical se apresentando no programa “Talento Potiguar”, da Rede TV. Desde então, o grupo teve a oportunidade de mostrar seus talentos com um show na Virada Cultural da Ribeira, no Festival Bandas Novas organizado e realizado no Centro Cultural Do Sol e no Hell’s Pub, quando abriu o show da banda Camarones. O disco de estreia, “Daqui Pra Lá”, foi lançado no dia 16 de outubro de 2014, e um clipe oficial para a música título também foi divulgado. No entanto, mesmo com tanto exposição, foi através do uso das redes sociais que alavancaram esse crescimento. “Usamos muito as redes sociais, desde o início da banda. Afinal, começamos mais pela internet do que ao vivo. É uma ferramenta muito útil. A gente consegue chegar a lugares que fisicamente ainda ficam mais complicados”, apontou ela.
Sobre as dificuldades de ser uma banda nordestina no meio elitista do rock n’ roll, Natália acredita que a cultura de sua região nunca esteve tão forte como nos últimos anos e descarta qualquer tipo de preconceito. “Hoje em dia a galera está voltando muito os olhos para o nordeste. Estamos exportando muita coisa boa e chamando atenção. Claro que temos os esteriótipos como qualquer região do pais. Mas com a internet tudo mundo tem aparecido e mostrado sua cara”, disse ela, apostando ainda na ressurreição do rock brazuca. “Estamos ressurgindo, não só nas rádios, como em outras mídias mais tradicionais. O Scalene, por exemplo, acabou de emplacar uma música pesada na novela das sete da Globo (‘Rock Story’). Estamos voltando a colocar o pezinho no mainstream. O rock está muito mais presente do que a gente pensa”, avaliou a cantora.
Mas, como nem tudo são flores, Natália ainda contou ao HT sobre as dificuldades de ser uma jovem mulher à frente de uma banda. Por ser um ambiente muito machista e dominado pela presença masculina, ela se disse feliz por poder representar o grupo seleto das cantoras. “É diferente, porque a gente precisa de referências. Quando somos jovens e participamos de um grupo minoritário, precisamos de muita representatividade. Não tenho como não ser feminista. Sou mulher e sei que sofremos opressões em diversos níveis. Como musicists, me sinto na obrigação de levantar questões essênciais e que façam alguma diferença nesse mundo louco”, revelou.
Agora, há quase três anos juntos, os integrantes da Plutão Já Foi Planeta contam que escolheram o nome da banda a partir de uma matéria jornalística. “Estávamos buscando um nome, e o Sapulha ouviu a matéria falando que Plutão não era mais planeta, daí tivemos a ideia do nome”, explicou a Natália, revelando que o grupo se prepara para lançar um novo disco produzido por ninguém menos que Gustavo Ruiz e com participações especialíssimas. “A gente acabou as gravações do segundo CD, que está com 10 faixas. A ideia é lançar no início do ano que vem, mas deixaremos ele sair no tempo dele. Temos a participação de Liniker, Cris Botarelli e do meu pai, que também é musico. Foram encontros muito felizes”, completou. Alguém duvida de que esse álbum vem com tudo?
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