*Com Bell Magalhães
O cantor Piettro, 26 anos, tem feito bonito e o clipe de ‘Sientate’ soma mais de 259 mil visualizações pouquíssimos dias pós-postagem. O trabalho foi feito em parceria com Oxa, fenômeno musical internacional que viralizou após sua participação no The Voice Alemanha. Com a direção de Tiago Nascimento, o trabalho passa a mensagem de um resgate da espiritualidade e da força interior. Para trabalhar a ideia na concepção do clipe beberam na fonte dos cinco elementos da natureza em sinergia com a busca pela verdade interior e a libertação. Ao todo, foram 25 horas de trabalho divididas em dois dias seguindo os protocolos sanitários contra a Covid-19. “É preciso ter paciência e compreensão quanto às restrições e, principalmente, saber respeitar os limites dos outros, para assim fazer um produto de qualidade”, pontua o cantor.
A motivação veio depois de uma experiência que Piettro vivenciou ao tomar ayahuasca, um chá à base de duas ervas encontradas em florestas da América do Sul e usado por tribos indígenas e seitas em rituais religiosos. “Tive uma experiência com a ayahuasca muito intensa. Percebi que todas as respostas estão dentro de nós e que podemos acessá-las se pararmos para ouvir a voz do nosso coração. As pessoas não se lembram mais da força que a fé tem. Temos o meio de alcançá-la, mas o que nos impossibilita somos nós mesmos”, reflete.
Em 2018, o músico fez 18 shows em diversas paradas de orgulho LGBTQIA+. Acostumado com o público em massa, conta que está sendo desafiador produzir em meio à pandemia: “Sinto falta do meu público, do contato com os fãs, das reações, dos gritos… Essa energia maravilhosa que a gente só encontra no ao vivo”. Mas tudo por dias melhores e ele reforça os pedidos de isolamento feitos por autoridades sanitárias: “Gostaria de estar fazendo shows, mas neste momento o mais importante é estarmos seguros. Quando estivermos todos bem, com certeza, poderemos estar próximos e sentirmos novamente essa energia”, afirma.
Como um bom escorpiano, Piettro é versátil e adora “trocar de pele”, e fez isso inclusive com a mudança do seu nome artístico. Pedro Quevedo, nome de batismo do cantor, sempre quis implementar um estilo camaleônico em seu trabalho: “Amo ser eclético e para o próximo ano, quero me arriscar ainda mais e produzir música de balada, funk, romântica e brega, passeando por todos os estilos”. Além da dança de ritmos, a representatividade é algo presente e muito forte nos trabalhos do artista. Drags, pessoas trans e outras minorias são vistas nos clipes e na música de Piettro.
Para o cantor, a representatividade é necessária, principalmente quando tem o apoio dos mais variados artistas: “Vejo que outros profissionais estão trazendo essa representatividade. É maravilhoso, mas deveria ser algo natural para todos nós – fazendo ou não parte do universo Queer. Eu pretendo mostrar outra perspectiva com o meu trabalho: uma realidade de união, com corpos, estilos e personas com vibes diferentes e vibrantes”.
Infelizmente, o preconceito contra membros do grupo LGBTQIA+ ainda é uma realidade no Brasil. Segundo dados do Sistema Único de Saúde (SUS), um LGBT é agredido a cada hora no país. A pesquisa mostrou que, entre os anos de 2015 e 2017, foram notificados 24.564 crimes de violência contra a comunidade. E as agressões não se limitam ao meio físico. Elas estão entranhadas nas redes sociais, paradoxalmente uma ferramenta de expressão para esses corpos se sentirem livres e confortáveis com a própria identidade.
Sendo uma figura pública, Piettro conta ter sofrido ataques parecidos, mas que tende a ser compreensivo com quem o critica: “ É algo muito triste, mas tento agir com empatia e devolver boas energias para lutar contra a maldade nas redes. Não consigo responder a todos os comentários, porém quando consigo e vejo algum ataque, tento ver quem é a pessoa e entender quais são suas motivações para fazer comentários ofensivos. Claro, não deixo de pensar ‘por que esse ódio?’ “, desabafa.
Sobre a luta contra o preconceito, Piettro lançará mão sempre da sua paixão: a música. Ele pretende levantar temas pouco debatidos e ao mesmo tempo dolorosos, mas importantes de serem trazidos à tona: “Muitos desses temas são ‘feridas’ e precisam ser debatidos. Quero somar aos artistas que admiro e falam sobre isso em seus trabalhos. Lançar músicas que falem do universo gay, além de poder dizer mais sobre relações poliamoras, pansexualidade e mais assuntos vistos como tabus dentro da sociedade”, nos conta.
Quem acompanha o cantor sabe a sequência de novidades não param de chegar. Ao acompanhar os lançamentos, percebemos o artista experimentando ritmos variados e ele confirma: “Minha inspiração maior é a alegria. Tudo o que me faz bem, me faz vivo, eu imagino que traduz para o público. Gosto de alto astral e se puder passar isso com o meu trabalho, terei cumprido minha missão”, no que adianta: “Nos próximos meses, vamos testemunhar uma nova fase desse projeto, com diversos sons e misturas. Estou trabalhando muito, mesmo com a pandemia. Tenho focado em produzir e acredito que em breve vocês terão várias boas surpresas”. Estamos aguardando, Piettro!
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