Pedro Bernardo, conhecido como Pedrinho do Cavaco, é uma promessa da música brasileira. O jovem de 24 anos, que toca desde os seis, já recebeu prêmios, como os troféus da “Ordem dos Músicos do Brasil” , e “Cacique de Ramos” e é apadrinhado por ninguém menos do que Milton Nascimento. Ah, e se você ainda não está contente com esse currículo, tem mais: Pedrinho já tocou com astros da música nacional e internacional e até se arriscou na atuação, na temporada de 2011 da novela “Malhação – Conectados”, que ele revela ter sido muito importante para sua carreira musical. Pedrinho começou cedo, quando, aos oito anos, foi convidado por Alexandre Pires a integrar a banda “Só Pra Contrariar”. Ele garante que a infância foi muito feliz e avalia positivamente a experiência que adquiriu tão novo. Tudo isso, aliás, ele contou em uma entrevista exclusiva ao site HT.
Em 2010, lançou seu primeiro CD, chamado “Pedrinho do Cavaco – Pedro Bernardo” em que apresenta composições próprias e regravações de grandes sucessos, como a música “Minha”, de Cartola. Atualmente, prestes a lançar seu novo projeto, o CD “Vem comigo ser feliz”, produzido por ele em parceria com Sylvio Neto, o músico conversou com a gente e contou que o EP tem sete faixas autorais e uma regravação da canção “Pra você dar o nome”, do grupo “5 à Seco”. Além de adiantar tudo que vem por aí, Pedrinho falou sobre o começo precoce na carreira, a parceria com músicos famosos e a vontade de voltar a atuar. Vem ler:
HT – Você começou a carreira muito novo, acha que isso ajudou?
PC – Com certeza. Eu sempre agradeço por ter descoberto o meu dom cedo, porque, geralmente, isso é uma coisa que demora, e desde os meus seis anos eu já sabia que o que eu queria era tocar e cantar. Isso me ajudou na carreira, porque quanto mais cedo se começa é melhor, em qualquer área.
HT – Como foi a sua infância?
PC – Eu curti muito a minha infância, mas não como as outras crianças da minha idade. Tinha pouco tempo para brincar, porque eu comecei a tocar com seis anos e, aos oito, o dom já virou profissional. Eu fazia shows pelo Brasil e trabalhava muito, mas eu adorava. Não me arrependo. Foi maravilhoso!
HT – Como surgiu o convite para cantar ao lado do Só Pra Contrariar?
PC – Na época eu fazia parte do projeto social da Mangueira. Um dia, em 1999, o Alexandre Pires foi visitar a quadra, me viu tocando e me convidou pra integrar a banda. Nós fazíamos muitos shows, fui com o SPC em diversos programas de televisão, como o Faustão, o Gugu e vários outros. Foi um pontapé inicial para que as pessoas pudessem conhecer o meu trabalho. Sou muito grato por isso.
HT – Você fez ou pretende fazer faculdade?
PC – Eu cheguei a cursar Música na UniRio. Passei no vestibular e fiz um semestre, mas como na época estava em uma correria de shows, eu não consegui trancar e tive que largar. Não tinha como conciliar. Eu até tenho vontade de fazer faculdade, difícil é conseguir tempo. Para cursar uma faculdade tem que ter foco e a vida de músico é muito sem rotina.
HT – Como é seu dia a dia? O que você gosta de fazer nas horas vagas?
PC – Ah, eu curto sair com os amigos, jogar futebol. Gosto de estar com as pessoas e também estou sempre, mesmo nas horas vagas, pensando em música. Se eu estou com os amigos, a gente está fazendo música ou gravando algo novo nas horas vagas. Eu não encaro isso como trabalho, até é, mas é acima disso. É a minha vida.
HT – Você já tocou com muitos músicos experientes, como foi? Pode contar alguma história divertida dos bastidores?
PC – Tem uma história bacana com o Milton Nascimento. Eu fiz parte de uma banda com ele e aí comecei a estudar piano, ritmos diferentes e conheci muitos ícones do jazz. O Milton é muito amigo dessas pessoas, como o Wayne Shorter e Ron Carter, aí surgiu o convite para tocarmos juntos no Festival “Tudo É Jazz”, de Ouro Preto. Eu fiquei muito assustado, porque é um festival histórico, mas aceitei. Viajamos juntos e, quando fomos tocar nesse show, acabou a luz da cidade. Aí eu fiquei mais tranquilo até, dei uma relaxada. Só que depois voltou a luz e nós fizemos o show e foi incrível. Isso foi em 2008 e o DVD vai sair agora, está lindo.
HT – Quem são seus maiores ídolos?
PC – Essa pergunta é complicada, porque tem bastante gente. Sempre digo que o meu pai é meu grande ídolo, ele é o meu maior incentivador até hoje e está sempre ao meu lado. Na música, eu tenho o Milton Nascimento como ídolo, porque além de me ajudar muito, ele é um ídolo da história do Brasil.
HT – Como é conviver com Milton Nascimento?
PC – Além de gênio, o Milton é uma pessoa muito simples. Ele é um cara ímpar, exala simpatia e coisas boas e tem muita experiência. Só de estar com ele eu aprendo muito, ele dá muitos conselhos. O Milton é muito especial.
HT – Você toca mais de 12 instrumentos. Aprendeu todos sozinho? Qual é o mais difícil? E o mais fácil?
PC – Eu aprendi muitos sozinho, de ouvido. Um vai levando o outro. O piano eu estudei e digo que é bem difícil. Mas, o mais complicado, na minha opinião, é o violão. E o meu carinho gigante é pelo cavaquinho.
HT – Como você vê essa facilidade de baixar músicas pela internet atualmente? Acha que isso atrapalha os músicos?
PC – Isso modernizou muito e está difícil para a indústria do disco. Eu acho importante a facilidade de acesso que a internet proporciona, e, hoje em dia, a pessoa só vai no seu show quando conhece suas músicas. Eu compro disco, porque eu gosto, sou músico, mas eu sei que é raro comprarem, pois tem a internet. O meu disco novo vai ser disponibilizado de graça nas redes. Isso ajuda mais do que atrapalha, porque chega a mais pessoas, que viram fãs e passam a ir aos shows.
HT – Acha que é possível viver de música no Brasil?
PC – Acho, e eu vivo de música. É difícil como qualquer outra profissão, mas tem muito espaço. O Brasil é grande, a gente faz shows e eu sou compositor também, faço música para outros artistas. É correria, tem que se dedicar, mas é totalmente possível.
HT – De onde surge inspiração e que horas você senta para compor?
PC – A questão da composição eu encaro assim: sou autobiográfico, o que estou vivendo, aproveito e coloco na música. E também os meus amigos contam histórias e eu pego emprestadas para fazer canções. Isso surge do nada, não tem um modo de acontecer. Às vezes, estou na rua conversando, e me vem a ideia. Por exemplo, tenho músicas com o Milton que mando o som e ele faz a letra, isso também acontece.
HT – Você é uma promessa na música no país. Como você vê a música brasileira no futuro?
PC – Eu acho que tem bastante gente boa por aí. A música brasileira é uma das mais ricas, nós temos muita diversidade de gêneros, como o forró e o samba, que é nosso cartão de visitas. Estive na Europa com o Milton fazendo shows e vi que as pessoas dão um valor absurdo ao samba fora do Brasil. A música brasileira nunca vai morrer, já que é rica e tem muito talento no nosso país. Ainda existe muita gente que precisa ser descoberta e falta espaço. Mas, mas eu acho que a MPB está em boas mãos.
HT – Você compõe em outras línguas também?
PC – Sim. Eu e Milton Nascimento fizemos um disco com um guitarrista brasileiro que mora em Nova York, chamado Ricardo Vogt e com a Esperanza Spalding, que é um ícone da música e já ganhou um Grammy. O disco se chama “Conversas, desenhos e pinturas” e vai ser lançado aqui e nos Estados Unidos. Nele, nós cantamos músicas em inglês e português.
HT – Como foi a experiência de fazer “Malhação”? Você acha que a novela te ajudou como músico?
PC – Então, eu já era conhecido como criança e fiquei um tempo sumido da mídia e aí o meu amigo Augusto Nogueira me fez o convite do teste e eu encarei como uma grande oportunidade. Muita gente não lembrava de mim, porque eu era muito novo e foi muito bom estar em “Malhação”. Só acrescentou, me fez ficar conhecido no Brasil inteiro, foi um presente. É uma escola sensacional e só quem faz sabe. Na época, o Luan Santana que já tinha feito a novela, me deu a dica de não perder nenhum momento, de aproveitar tudo, porque é bom demais, e é isso mesmo. Lá está todo mundo junto, querendo aprender. Eu sempre tive vontade de atuar. Pretendo fazer mais coisas na TV, mas, agora, o meu foco é o disco que fiz com o maior carinho. Já estamos no final e logo será lançado. A partir daí, quero ver como vai ser a agenda para conciliar a atuação com a carreira musical.
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