*Por Simone Gondim
Os instrumentos estavam prontos, assim como o repertório da apresentação e os ingredientes para o almoço, um saboroso picadinho de picanha. O motivo era mais do que especial: uma live de Dia dos Pais, no ano que se completam duas décadas sem João Nogueira. Mas tinha um coronavírus no meio do caminho e Diogo Nogueira foi obrigado a adiar seus planos. Refeito do susto e bem perto de voltar à rotina, o cantor e compositor escolheu o dia 23 de agosto para, enfim, mostrar ao público o que havia preparado. “Passei a noite com febre e dor no corpo, acordei sem paladar. Fiz o teste e era Covid. Minha quarentena já está terminando e o meu tratamento foi bem tranquilo”, conta. “Tomei todos os cuidados possíveis, mas a gente nunca sabe de onde esse vírus invisível surge”, lamenta.
A live promete muita emoção. “Vai ser o momento em que vou homenagear meu pai e meu avô, que também era músico, tocou com Jacob do Bandolim e era elogiado por Pixinguinha, Donga e João da Baiana. Vou contar um pouco da história deles”, descreve Diogo. No repertório, estão previstos sucessos de João Nogueira, como “Espelho”, “Poder da criação” e “Nó na madeira”, além de composições próprias, como “Coragem”. Também haverá espaço para músicas de estrelas como Djavan e bambas como Zeca Pagodinho e Martinho da Vila.
Além da live, Diogo está na expectativa para o primeiro show que se enquadra no chamado “novo normal”: dia 28 de agosto, ele sobe ao palco do Arena Sessions, drive-in montado no Allianz Park, em São Paulo. “Será mais uma experiência inédita na minha vida. Estou um pouco curioso em saber como vai ser e achei o maior barato isso de as buzinas serem aplausos”, afirma.
A pausa na agenda imposta pela pandemia vem sendo produtiva, apesar do medo inicial. “Tive muitos shows adiados para o segundo semestre, outros já foram remarcados para o ano que vem. Graças a Deus estava com uma agenda bem cheia. No começo, fiquei um pouco assustado, mas aos poucos outros projetos foram surgindo”, explica. Durante esse período de quarentena, Diogo lançou o single “Princípio, meio e fim”, que tem a participação do filho, Davi, ao piano. “Foi uma experiência incrível e mágica. O Davi estava no estúdio assistindo à gravação e foi convidado pelo produtor Lua Lafaiette para tocar piano junto com ele. Ficou incrível e foi muito simbólica essa participação”, orgulha-se.
Outra novidade revelada aos fãs durante o isolamento social foi o talento do cantor e compositor com as panelas. E não se trata de batuque, a habilidade é na hora de pilotar o fogão mesmo, que rendeu até livro: “Diogo na cozinha” foi lançado em abril, em versão digital. “Sempre gostei de cozinhar e aprendi vendo, desde criança, meu pai fazer os pratos dele. Também ficava ao lado da minha mãe, ajudando a cozinhar, mas às vezes atrapalhando”, diverte-se. “Cozinhava em casa quando tinha tempo, para amigos, família ou para mim mesmo. Nesse período de isolamento, aproveitei e me dediquei um pouco mais à culinária”, resume.
O cardápio do chef Diogo inclui moqueca, kafta, galinhada, escondidinho, rabada, camarão na moranga e sobremesas como Delícia de Banana. Uma das especialidades da casa é o estrogonofe, que o empresário do artista batizou de EstrogoNog. “Adoro fazer pratos com frutos do mar. Essa é a minha especialidade na cozinha e sempre preparo com arroz ou uma massa. Todas as receitas estão no meu livro”, garante. “A ideia de preparar comida nas lives surgiu em um bate-papo com a minha equipe, sobre quais momentos poderíamos ter além de cantar. Pensei em cozinhar e todos curtiram”, lembra.
O artista é bom de garfo. Com ele, não tem aquela história de ficar enjoado depois de passar horas no fogão e não querer comer. “Adoro frutos do mar, aves e carnes. Sou louco por sobremesas, essa é minha perdição”, assume. “Tem sido um tempo bom, porque gosto de ir para o fogão mesmo, de preparar um prato especial, com receita minha, do meu jeito. Tenho me aventurado a aprender a fazer pizza, que adoro, mas confesso que ainda não cheguei lá”, entrega.
Voltando a falar de música, Diogo revela que tem uma parceria muito especial. “Sonho muito com o meu pai. Em alguns sonhos, ele me soprava melodias, e eu acordava indo direto para o gravador para registrar as ideias, as melodias. Aos poucos, elas foram se transformando em músicas com letra e estou guardando para gravar na hora certa”, diz.
Sobre os sucessivos ataques à cultura no Brasil, ele mescla otimismo e indignação. “Temos que acreditar em um tempo novo e fazer a nossa parte para que as mudanças possam vir. O que está acontecendo atualmente no Brasil é inacreditável, é surreal. E olha que a gente achava que já tinha visto de tudo!”, admira-se.
Fora dos palcos, o porte, a voz e o talento na cozinha deixam fãs em polvorosa. Como lidar com o assédio? “Sou assediado como todos os artistas são. Mas acho que lido bem, sempre recebo os fãs no camarim e falo quando sou parado na rua ou alguém me reconhece. Receber elogios é bom, é legal ter o carinho das pessoas. Tem algumas fãs que passam um pouco do limite, mas é só cuidar para ter um limite. Faz parte da nossa profissão lidar bem com os fãs e eu gosto”, pondera.
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