Leo Justi sabe muito bem vender seu peixe. Principalmente quando trata-se de sua festa, a Heavy Baile. E são pelos diferenciais que ele destaca o badalo dos restantes da profusão noturna carioca. “Além de ter três DJs residentes que são produtores musicais – o meu set é majoritariamente autoral, por exemplo – temos um momento de live show com o MC Tchelinho e dançarinos, que traz a essência do funk de favela muito forte, mas com beats lançados por mim que transcendem o estilo, muitas vezes”. A jogada vem parecendo dar certo. Não à toa, completa dois anos nestes sábado (16), no Raízes da Lapa, com show da rapper curitibana Karol Conká – que também conversou com HT.
Dessa edição, ela garante: os presentes podem esperar pelo “melhor Heavy Baile até hoje”. Para isso, além de Karol, ele convocou, para reforçar o line up, Johnny Ice, Ulyverse e Dorly. A essência é mais ou menos assim: o baile mistura o funk tradicional das comunidades cariocas a gêneros atuais e mais pesados, como hip-hop, kuduro, moombahton, trap e dubstep. Atenção especial para o som que sai da comunidade da Cruzada, no bairro do Leblon, Zona Sul do Rio, de onde vem o MC Tchelinho – o mestre de cerimônias. Nessa pegada, portanto, a festa tem o funk como mote, mas contrapondo com outros bailes da cité que vem com o discurso de que o “funk desceu o asfalto” e vendem ingressos que beiram os R$ 400, enchendo o espaço de abastados.
O que Leo acha disso? “Que eles criam outra realidade, utilizam a cultura do funk, mas fazem um evento pra um público distante de onde o funk vem. Eu faço questão de incluir, mesmo que numa proporção que ainda não é a que eu gostaria, gente que vive o funk, que faz parte da nascente do funk. O Heavy Baile tem uma lista com ingressos a menos da metade do preço pra moradores da Cruzada, comunidade do nosso MC”. E foi além: “Não sei como esses empresários veem isso, mas eu vejo assim: temos (nós que tivemos escola particular, seguro de saúde, etc) uma divida histórica com a favela, com herdeiros da escravidão, e, aqueles que amam a cultura negra como eu amo, e querem trabalhar com ela, devem colaborar pra que ela cresça com raízes firmes”.
O que, por outro lado, não o impede de pensar que há gente que também se preocupe com a questão social que o funk carrega consigo desde os primeiros batidões. “Agora, toda história tem dois lados. O cara pode fazer uma festa excludente, mas investir do lucro dele em projetos sociais. Cada um com sua consciência”, disse. Pelo sim ou pelo não, Leo Justi, nesse clima de comemoração e vitória, não esquece de quando contratou e viu, pela primeira vez um show da MC Carol na festa. “Explodiu a mente de todos”, lembrou. Tudo isso enquanto, em tempos de mainstream, comanda uma festa alternativa na mais festeira das cidades. “O grosso do nosso repertório é exclusivo. Acho que 99% das festas apenas toca sons que você já ouviu no rádio, na TV, que estão nas paradas, que tocam o tempo todo. Não é o que nós fazemos”. E por isso que a gente gosta.
Serviço
Heavy Baile com show da rapper curitibana Karol Conká e DJ sets com Leo Justi, Johnny Ice, Ulyverse e Dorl
Quando: Dia 16, às 23h
Onde: Raízes da Lapa, Avenida Mem de Sá 21, Lapa (Tel.: 96958-8877).
Preço: ingressos a R$ 35 (1º lote), R$ 45 (2º lote) e R$ 55 (3º lote)
Ingressos Antecipados: goo.gl/FKzMto (Taxa de conveniência de 10%)
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