Oops up upside our head! De um George Michael encapsulado no armário ao É o Tchan!, BOHO agita o finde com o melhor dos anos 1990


Época estranhíssima em que não havia ainda Ivete, mas já rolava axé e gente como Spice Girls e Pikachu imperava, a década volta com a corda toda no badalo. HT rememora esse tempo!

* Por Bruno Muratori e Alexandre Schnabl

Ela já faz parte da vida da galera descolada da cidade e sempre que é anunciada já causa certo frisson., Afinal, a BOHO é mesmo top! Aquele encontro delicioso entre amigos, tribos misturadas, amor fluindo por todos os lados, momento de conhecer gente nova e criar laços nessa grande família que é a noite preta. E na edição que rola nesse sábado (13/09) no Cais da Imperatriz, no “Porto quase maravilha” dessa obra que não acaba nunca, a organização promete fazer o público viajar na cápsula do tempo até a década de 1990. Sim, pouco a pouco o revival dos oitenta abre a rodinha para a época em que C&C Music Factory e Snap dominavam as pistas, Robin S soltava a franga nos clipes e Madonna entrou em frenesi sexual de vez, justificando seu amor, lançando livro x-rated, deitando na cama com a torcida do Flamengo em documentário e beijando de Naomi Campbell a Isabela Rosselini em “Erótica”. Era uma época mais legal também no Baixo Lido, em Copacabana, quando inferninhos que já fecharam o expediente – tipo o Bataclan – recebiam o povo moderno em festinhas que não eram de cabide, mas onde dava até para pendurar o modelito em um deles.

Mesmo que o baladeiro faça a linha novinho que não pegou esse momento, vai pagar mico e perder a vibe de ficar soltinho e reviver bons momentos na BOHO. Portanto, não faça a Carrie, mas solta logo o Tcham que há dentro de você, meu bem! O resto vai acontecer naturalmente. Vale até cantar Sandy & Junior, “porque o que é imortal não morre no final….”

Foto: Divulgação

Foto: Divulgação

Década imprevisível que trouxe a cultura rave para a terra das mulatas, os anos 1990 mal haviam acabado, e a explosão de cores que fazia a cabeça da galera no período, os penteados esquisitos, mochilinhas de pelúcia abaixo do cangote e a overdose de informações na moda e comportamento se encarregaram de fazer desse período um clássico eterno, com bandas como Soup Dragons e Dee-lite. Como dizia o EMF: “You’re unbelievable!”.

Dee-lite: grupo que trouxe à tona o psicodelismo seventies nos 1990, com Lady Miss Kier entre Towa Tei e Dmitri, que costumavam dar expediente de DJs em clubes da cena novaiorquina, como o Pyramid (Foto: Reprodução)

Dee-lite: grupo que trouxe à tona o psicodelismo seventies nos 1990, com Lady Miss Kier ao lado de Towa Tei e Dmitri, que costumavam dar expediente como DJs em clubes da cena novaiorquina, como o Pyramid (Foto: Reprodução)

Muita coisa aconteceu nesse período: domesticaram a inflação (que só voltou para valer com o topete de Dilma no power), o Plano Real estabilizou o país, as viagens internacionais se popularizaram, Uma Thurman dançou com um Travolta renascido em “Pulp Fiction” – sucesso que levou Quentin Tarantino ao estrelato – e ainda rolou a revolução tecnológica, do Windows 95 à Era da Informação, com John Galliano e sua moda globalizante se tornando reflexo do multiculturalismo. Nirvana explodiu nas rádios, Red Hot Chili Peppers se manteve nas paradas e Pearl JamFoo FightersSoundgardenStone Temple PilotsThe Smashing Pumpkins duraram até o final da década, influenciando outras bandas que dominam até hoje o mundo musical como Linkin’ Park. Enquanto isso, Prince se encantou com pérolas e diamantes, mudou seu nome para um pictograma impronunciável e foi sumindo da mídia, mesmo mantendo sua genialidade, na mesma época em que George Michael provou que era fashionista de carteirtinha escalando mais top models para seus clipes do que desfile da Victoria’s Secret e bem antes de sair do seu armariozinho Chippendale. Em meio a muito Technotronic, Xuxa Park, literalmente, assumiu o “pump it up” no seu paradão e pegou fogo na televisão, antes de a apresentadora entrar na crise dos quarentinha e começar a desandar num ilariê com pé de galinhas. Isso numa mesma época em que as cachorras faziam mais sucesso na telinha do que na Castelo das Pedras, em programas como “TV Colosso”, Priscila à frente.

Thurman aditivadérrima dá uma canseira no gangster interpretado por Travolta, finalmente de volta à ribalta hollywoodiana (Foto: Reprodução)

Thurman aditivadérrima dá uma canseira no gangster interpretado por Travolta, finalmente de volta à ribalta hollywoodiana (Foto: Reprodução)

E, se o assunto é terra brasilis, o que rolava forte eram os grupos de axé, pagode e a suingueira com louras 10.3 da Embelleze gratinadas ao sol, trocando passinhos com morenas jambo lado a lado de jacarés de papo amarelo, crocodilos, aligators e toda a sorte de répteis sacolejantes. Não há quem não se lembre da “Dança do Maxixe” e da galera batendo forte o tambor e querendo tiquetiquetiquetar quase ao mesmo tempo em que Daniela era o canto da cidade, na era em que Ivete ainda nem existia. E ainda tinha aquela gente “safadinha”, com o homem no meio fazendo o misto quente, enquanto nas boates babadeiras a onda era “fazer almôndega”. Pura antropologia da gastronomia bem antes de “ser chef” virar moda. E havia a Banda Beijo, comandada por um Netinho pré-excessos de anabol sacudindo o povo com o sucesso “Beijo na Boca”.

Netinho na época do sucesso "Milla": mistura de micareteiro bombado com aqualouco (Foto: Rerpdoução)

Netinho na época do sucesso “Milla”: mistura de micareteiro bombado com aqualouco (Foto: Reprodução)

Mas foi quase na segunda metade da década de 1990 que surgiu o maior ícone da suingueira noventista, o É o Tchan!, num momento em que o pagode deixou de ser apenas um elemento da milenar arquitetura chinesa. Com incontáveis hits que dominavam as tardes de domingo, o grupo fez sucesso junto com o banheirão de Gugu e Luizas do naipe de Mel e Ambiel. E ainda tinham aquelas provas sem sentido do “Domingão do Faustão”, muito antes de famosos resolverem sacudir o esqueleto ao vivo e sem pudor. Nessa época, O trio de dançarinos em sua versão original, Carla Perez, Jacaré e Débora Brasil (antes de Scheila Carvalho, e muito antes de Sheila Mello, que nessa época nem devia ainda saber direito o que uma cegonha significava)   incentivavam o rebolado de moças de todo o Brasil, todas querendo conquistar o remelexo mais hot do Brasil.

Muito antes do animal print voltar de vez, É o Tchan! já assumia a jaguatirica em cena (Foto: Reprodução)

Muito antes do animal print voltar de vez, É o Tchan! já assumia a jaguatirica em cena (Foto: Reprodução)

Já na segunda metade dos anos 1990, quem reinava absoluto nas pistas era o quinteto Spice Girls, que se reuniram para lançar o musical “Viva Forever”, enquanto, na porção baba-fossa, uma Whitney Houston pré-cafungação seduzia guarda-costas e interpretava “Will always Love Youuuu…” Medo. Mas quem não confessar que já vibrou com essa canção pelo menos uma vez, merece o nariz do Pinochio.

Outra febre foram aqueles grupos que pareciam pokémons em cena, com um band leader assumindo o Pikachato. As boys bands evoluíam, evoluíam, evoluíam, mas apareciam sempre com o mesmo conceito! Uma chatice tão grande quanto Pikachu, Charmander e sua trupe de tamagoshis da tevê, mas que levavam à histeria menininhas e até alguns menininhos numa época em que parar de ser clone do Conan e virar twink começou a virar moda entre os mais novinhos. Backstreet Boys, 5Five e ‘N Sync capitaneavam as atenções depois de Mark Marky ganhar dinheiro com o cuecão do Calvin Klein, aposentar seu funk bunch, mudar de nome e virar porn star em “Boogie Nights”. Good vibrations, my loving!

Whalberg: queridinho da CK, o rapper iniciou a década como sarado da cueca e terminou como porn star de Hollywood (Foto: Reprodução)

Whalberg: queridinho da CK, o rapper iniciou a década como sarado da cueca e terminou como porn star de Hollywood (Foto: Reprodução)

Agora, depois de HT introduzir o leitor nessa imersão nos nineties, é hora de se ligar em quem assume as carrapetas da BOHO, levando toda essa boa energia para a pista: abrindo a noite, o DJ sempre presente Mike Knecht tocando pop, além dos convidados para esta Super Festa “Barrados no Baile” especialista anos 1990: Claudio Macedo e Rafael Vaz. E, para abrilhantar ainda mais a noite, ainda rola o set da Helen Sancho, que tem um som super eclético. Ela já tocou na BOHO algumas vezes e é residente do Baile da Favorita. E, para fechar os trabalhos, o DJ LUIZ G-Vô, que arrasou na última festa com sua pegada de flashback, rock, mashups e pop. Além disso, o VJ Hugo Mattos vai fazer a rapaziada entrar ainda mais no universo da década com suas super imagens! Já viu, né?

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Fotos: Divulgação

Serviço:

Cais da Imperatriz: Rua Sacadura Cabral, 145 – Gamboa – Rio de Janeiro

Lista amiga: lista@bohoafesta.com  Valores: R$40 até meia noite / R$ 50 até 1h / R$ 60 até 2h; fora da lista amiga ou após 20h Valores: R$ 70

Para entrada, pagamento somente em dinheiro. Para o consumo do bar, é possível usar cartões de débito e crédito.

Aniversariantes da semana (08/09 a 15/09) não pagam entrada combinando com a produção com até 24horas de antecedência pelo email producaodafesta@gmail.com. Seus convidados entram automaticamente na lista amiga.

https://www.facebook.com/events/714344688645145/?fref=ts

https://www.facebook.com/BOHOaFESTA

* Carioca da gema e produtor de eventos, Bruno Muratori é uma espécie de fênix pronta a se reinventar dia após dia. No meio da década passada, cansou da vida de ator e migrou para a Europa, onde foi estudar jornalismo. Tendo a França como ponto de partida, acabou parando na terra do fado, onde se deslumbrou com a incrível luz de Lisboa e com o paladar dos famosos toucinhos do céu, um vício. Agora, de volta ao Rio, faz a exata ponte entre o pastel de Belém e a manjubinha