*Por Rafah Moura
Sob as bênçãos do Redentor e os olhares do Rei Sol, o Jockey Clube do Rio de Janeiro, recebeu a segunda edição do Festival Mita, no final de semana. E, apesar de estarmos às vésperas do inverno, a temperatura da galera estava nas alturas. E foi na golden hour, que o trio Gilsons subiu ao Palco Deezer e promoveu uma catarse de amor, boas vibrações e encontros, afinal a música é uma linguagem universo que nos une. “O MITA é um festival maravilhoso, no coração da nossa cidade, com um cenário lindo. Nós somos cria da Gávea. E o festival é interessante, porque traz essa energia de uma diversificação de músicas que miram pro lugar de misturar talentos internacionais e nacionais sem ser óbvio, trazendo uma essência, principalmente nesse momento que temos muitos festivais e, às vezes, temos os line-ups que são semelhante e o MITA traz essa diversidade, por isso aceitamos o convite”, conta José Gil.
O trio se tornou uma das grandes referências da nova música brasileira e cada vez mais estamos vendo o surgimento e consolidação de uma nova geração de artistas nacionais, sendo uma grande fonte de efervescência criativa e de talentos. “O Brasil tem a música como uma tônica muito forte na nossa cultura, sempre tivemos muitos talentos e o ponto de mudança hoje é a possibilidade do artista, independente, conseguir se lançar e fazer um trabalho pela internet. E isso, antigamente, era mais difícil, porque ficava nas mãos das gravadoras e era tudo mais restrito”, comenta Francisco Gil.
Hoje, o público tem esse poder escolha, buscando novos artistas, sonoridades e escolhendo seus ídolos, muito mais do que pela imposição da indústria, tendo mais possibilidades de escolhas como consumidor e até como artista para lançar seu trabalho. Esta foi a grande mudança. O Brasil sempre foi um grande celeiro genial de cantores, cantoras, músicos, arranjadores e tantos profissionais desse universo, sendo referência pro mundo todo. Acredito que esse movimento continua e vai sempre se perpetuar e essa troca com o mundo é cada vez mais forte. O Brasil só tem a oferecer cada vez mais talentos – Francisco Gil
‘Várias Queixas’ é uma canção do Olodum fez o trio explodir pro Brasil e para o mundo, uma letra que vira uma catarse nos shows. “Dentro do universo da canção, essa música é um caldeirão. A letra tem contradições e reflexões, porque apesar de frases como ‘eu quero ser seu namorado’, que coloca a relação nesse lugar do leve, traz versos polêmicos também. Uma forma muito do baiano falar de amor. ‘Te amo disgraça’, desse lugar de ser cômico. É uma música do Pelourinho, de compositores de lá e tem toda essa energia que é amorosa, mas também e contraditória”, explica Francisco.
Recentemente, vocês lançaram com Rachel Reis e Mulú o single ‘Bateu’. Uma parceria forte e que já caiu nas graças do público. “A gente já tinha uma paixão pela Rachel e uma vontade imensa de gravar com ela. Então, veio o convite dela e do Mulú. O que nos deixou muito feliz. Chegamos e arrematamos, finalizamos a canção, a produção da base em um trabalho muito coletivo. O Mulú é um cara que a gente é fã e acompanha por um bom tempo. O que nos deixou muito feliz e empolgado e deu uma liga muito boa”, revela Francisco.
O disco ‘Pra Gente Acordar’ saiu em 2022, um álbum que levou o trio a vários cantos do Brasil e até shows no exterior com ingressos esgotados. Foi um verdadeiro boom em pouco mais de um ano. “Lançamos o disco e estamos trabalhando nele até agora e levamos um ano para divulgar uma nova música que foi o BaianaSystem – Presente, e, agora, com a Rachel e o Mulú. E é isso que a gente tem planejado para esse ano, além de mais alguns singles e parcerias. Algo que já tínhamos feito antes do disco e do EP, que só tem músicas nossas, o que acabou virando uma características do nosso trabalho. No futuro poderemos ter um novo disco cheio de músicas só nossas, mas para esse ano vamos te mais algumas parcerias bacanas. Aguardem que com certeza vocês vão gostar”, pontua Francisco.
Recentemente, em um papo com o historiador e professor Luiz Antônio Simas, comentamos sobre a conexão Bahia, com o samba de roda, x Rio com a mesma pegada. E que a roda é uma grande oportunidade de compartilhamento de ideias, encontros, festejos e até espiritualidade. Pelas redes sociais vemos muito a família Gil em grandes rodas. “Nosso processo criativo é muito dinâmico, varia bastante, inclusive o trio Gilsons tem conseguido cada vez mais fazer rodas de músicas. O que nem é muito a nossa característica, porque temos muitas composições feitas individualmente. No entanto, estamos com muitas parcerias, porque gostamos muito dessas conexões, trocas, como as músicas com o Jovem Dinísio (Algum Ritmo), YOÙN (Besteira), Mariana Volker (Devagarinho), Julia Mestre (Índia) e tantos outros nomes. Cada encontro desse é único, por isso estamos buscando cada vez mais compormos juntos, porque estamos em processo de estruturação do novo disco e a ideia é ter cada vez mais composições dos três, além dessas parcerias que contribuem muito para a nossa caminhada como artistas e tornar cada processo singular”, explica José.
O trio existe, oficialmente, desde 2018, nascendo de uma família tão criativa e cheia de musicalidade. “A música começou como um hobby muito presente, desde sempre. E com a nossa conexão com o meio artístico desde muito novos, mas também por influência de outros membros da nossa família, que tem outras características, além do palcos. No meu caso, a minha mãe é uma grande influência por trabalhar com cultura e sempre movimentando tudo. Eu acabei cursando e me formando em administração por influência dela e do meu pai. O João já tem uma aptidão pelo desenho, começou a cursar design, mas a música o puxou e o Fran com cinema. A música que nos puxou, não tínhamos essa certeza até a criação da Sinara, que foi um projeto anterior que nos fez ter essa vontade de sermos artistas e dividir a nossa arte com o mundo”, lembra José.
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