*Por João Ker
Já faz mais de 40 anos desde que Ney Matogrosso apareceu no mundo da música à frente do Secos e Molhados, pegando um país inteiro pelo cabelo enquanto gritava em voz de contralto o seu talento e esfregava a sua imagem polêmica e irreverente na cara do conservadorismo. Quatro décadas e um incontável número de feitos que serviram para imortalizar o cantor na memória do cenário cultural brasileiro. Agora, em 2014, ele finalmente recebe parte do reconhecimento merecido ao ser homenageado pelo Grammy Latino com o Prêmio à Excelência Musical da Academia Latina da Gravação.
Tal honra é concedida apenas para os nomes que apresentam destaque excepcional no mundo musical, a ponto de modificarem as regrinhas vigentes e criarem um impacto que se perpetue por gerações a fio. Condizente com o trabalho de Ney, não? Afinal, poucos – ou nenhum – artistas no cenário brasileiro apresentam um tom de voz tão lírico e característico que ainda conseguisse se juntar a performances chocantes, emblemáticas, poderosas e artísticas como a do cantor. Não é à toa que ele foi eleito pela revista Rolling Stone como o terceiro maior artista do país e terceira maior voz de todos os tempos.
Ney Matogrosso – Homem com H
A premiação ocorrerá no dia 19 de novembro em Los Angeles, no Hollywood Theatre, em um evento obviamente fechado para convidados. Na ocasião, outro “brasileiro” de coração será homenageado por seu grande impacto na indústria fonográfica, principalmente na brasileira. André Midani, executivo musical que já ficou à frente de gravadoras como a Universal Music, Odeon Records, Capitol Records e, mais recentemente, Warner Music, é também o responsável por assinar inúmeros e importantíssimos nomes da música brasileira. Foi ele quem contratou Elis Regina, Maria Bethânia, Tom Jobim, Raul Seixas e o próprio Ney Matogrosso (para citar apenas alguns), proporcionando um desenvolvimento e visibilidade inestimáveis para suas carreiras e, consequentemente, para a cultura brasileira.
“Estou muito surpreso mesmo e feliz com esse prêmio. Nunca imaginei que a repercussão do meu trabalho chegasse tão longe”, comentou Ney, que sabe-se lá como permanece cheio de humildade. O mesmo vale para André Midani, que declarou: “É um prazer enorme receber esse prêmio, que me reaproxima do convívio maravilhoso que eu tive com a comunidade latino-americana”. Chega a ser desnecessário ressalvar que o trabalho de ambas as personalidades teve impacto não só em território brasileiro, como em escala internacional.
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