*Por Iron Ferreira
Apadrinhado por Caetano Veloso e Gilberto Gil, dois dos maiores nomes da música brasileira e precursores do movimento Tropicália, o percursionista baiano Gustavo di Dalva possui uma forte ligação com o universo musical, desenvolvendo, desde os 10 anos, a sua paixão pelos mais diversos ritmos e a habilidade com os instrumentos, apresentados a ele pelo pai. Após passar mais de 15 anos integrando a banda de Gil, o artista decidiu lançar o seu primeiro disco solo, intitulado “GlobaCidade”.
O projeto, que foi desenvolvido entre as cidades de Salvador (BA) e Nova York (NY), é composto por oito faixas e foi totalmente inspirado por elementos sonoros brasileiros, afro-americanos e afro-caribenhos, contendo composições de sua autoria em parceria com Jorge Mautner, Carlinhos Brown, Daniela Mercury, Marcio Brasil e Boghan Gaboott.
“O disco nasceu a partir de um show que eu fiz em 2006, que foi intitulado de “Bacia Sonora”. Durante a preparação, eu acabei tendo a minha memória música estimulada. Embora eu não tivesse a ideia de gravar um disco na época, um amigo meu me chamou para gravar algumas canções em estúdio, dando origem ao álbum. As pessoas sempre me cobraram por esse trabalho, pois diziam que eu tinha bastante material. Denominei “GlobaCidade” para que o disco tivesse uma abrangência mais internacional e não tão local. É um projeto que reúne todas as minhas referências até o momento”, revelou.
Em conversa exclusiva com o Site Heloisa Tolipan, Gustavo também falou sobre como o processo internacional de produção do CD exerceu um impacto cultural expressivo em seu trabalho. Segundo ele, apesar da sua sonoridade ainda ser fortemente pautada pela essência baiana, a possibilidade do cotidiano agitado da Big apple afetar suas próximas músicas e composições é bastante alta.
“A cultura nova-iorquina influenciou mais na parte estética do que propriamente musical do meu trabalho. Talvez para um próximo disco, essa mistura esteja mais presente. Eu quis seguir uma lógica cronológica na minha carreira, apresentando as minhas referências uma de cada vez. Esse álbum é totalmente baiano e brasileiro, trazendo influências de tudo o que eu havia estudado sobre percussão no mundo. Claro que não deu para abranger todos os elementos de uma só vez, mas eu fiz um resumo. Eu me sinto maduro e preparado com esse disco, quero correr o mundo com ele”, frisou.
Assista:
Além da música que dá nome ao álbum, o grande destaque de “GlobaCidade” é a faixa “Ser humano”, que apresenta um poema escrito especialmente por Jorge Mautner, a pedido do percursionista, e declamado por Gilberto Gil. Gravada no Rio de Janeiro, a colaboração entre os três artistas é fruto de anos de companheirismo profissional e sintetiza o propósito coletivo e universal que o material busca atingir.
“Eu estava no Rio de Janeiro ensaiando para um show quando encontrei com Jorge Mautner e pedi para ele ouvir alguns dos trabalhos que eu vinha realizando em estúdio. E ele foi super gentil em escrever um poema que conversasse com toda a temática do disco. Posteriormente, pedi ao Gil, com quem trabalhei por mais de 20 anos, que declamasse os versos na canção. Depois de finalizada, os dois ouviram e aprovaram. Foi uma parceria espontânea e totalmente pautada pela amizade”, relatou.
Assista:
Gustavo di Dalva ainda fez questão de pontuar as suas maiores referências musicais, que vão desde Stevie Wonder, que já venceu 25 prêmios Grammy ao longo de sua carreira, passando pelo percursionista porto-riquenho e também vencedor do Grammy Giovanni Hidalgo, até o som popular do Olodum, e exaltou a forma como esses artistas e seus respectivos trabalhos moldaram a sua essência.
“Meu padrinho, que foi meu professor, é a minha maior inspiração. Carlinhos Brown, Jorge Ben Jor, Gal Costa, Caetano Veloso, Gil e Giovanni Hidalgo são outros que também deixaram suas marcas em mim. É uma mistura, pois tem as minhas referências na área da precursão e na música também, como Stevie Wonder, Jackson do Pandeiro (1919-1982) e Luiz Gonzaga (1912-1989). Os sons da rua, como o frevo, e grupos populares, como Olodum e Timbalada, também ajudaram a compor quem sou hoje”, afirmou.
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