O fino burlesco de Silvia Machete viaja em Souvenir como numa excursão da Marsans!


Espetáculo cada vez mais inventivo e menos careta da cantora é uma experiência sensorial por diferentes cantos do globo, como um delicioso pacote musical “around the world”

Cuba, Brasil, Estados Unidos, França, Portugal… e uma Silvia Machete loura! A artista anti-caretice não deixa por menos na estreia de seu quinto disco “Souvenir”. A começar pela sua entrada triunfal acompanhada de babados, saia volumosa e maracas, ao som de “Mambo nº 5” (do lendário Perez Prado). A viagem se torna lisérgica, começando por Cuba e se ajustando perfeitamente ao tom abusado e sacana da cantora. Até a clássica pomba branca está lá, mesmo que semi escondida no penteado que ajuda a compor o seu new look: cabelos louros com um quê de esverdeados. O bambolê, outra marca registrada, também diz ao que veio e reaparece em cena. E, logo em seguida, irrompe no palco “Totalmente Tcha Tcha Tcha”, presente de Eduardo Dussek, cuja presença na plateia do Theatro Net Rio foi saudada por Machete.

O novo show de Silvia Machete é, para o deleite do público que lota a casa, uma viagem musical das mais variadas – e mais divertidas, of course! Os figurinos são cerca de oito, criados por Sol Azulay, e, diga-se de passagem, ora ousados, ora divertidos, como quando Silvia deixa uma enorme fenda nas costas revelar seu “cofrinho” (e até algo mais) para a plateia. Ui! No repertório que mais parece uma excursão da Marsans pela Europa e América, tipo volta ao mundo, o set vem dedicado à música francesa, com uma Torre Eiffel cenográfica – que Silvia equilibra no queixo, enquanto gira o bambolê  – e uma bicicleta surpreende a plateia. Óbvio que rola o eterno hit eternizado por Edith Piaf, “Non, je ne regrette rien”. A fina ironia de Silvia, aliás, continua deliciosa: ela pergunta sobre a greve (“ah, relaxa, vocês aqui não andam de ônibus”), bota o trio de vocalistas para dançar e ainda dispara tiradas como: “nasci pra ser intelectual, pra moda e pra cozinhar”.

Neste caleidoscópio onírico, “Ba be bi bo bu” (Jorge Mautner e Rubinho Jacobina, 2014) brinca com frases feitas com leveza e graça, que ecoam o universo carnavalesco das marchinhas de Lamartine Babo. Já o “Tango da bronquite” evolui pelo lado sedutor de Machete em cena, mesmo sem a presença de sua compositora Ângela Ro Ro, convidada da regravação de sua música neste recém-lançado disco “Souvenir”, onde o arranjo tenta reproduzir o clima de fanfarra que rolou no estúdio durante a gravação. Entre todas as facetas da artista, a que menos se comenta é a de boa cantora, profissional e instrumentista. Silvia é um estouro de prazer, volúpia e humor. Coisa que não existe no mercado e que ela não abre mão de ser, parecendo gozar do mais alto prazer em ser burlesca e movida a sacanagem. Para ver a musicista de primeira, a plateia está bem boa. Nomes como Alessandra Colasanti, Eduardo Dussek, Felipe Abreu, Léo Feijó, Leticia Muhana , Lia Sabugosa , Luiz Carlinhos, Thiago Picchi e o cartunista Chico Caruso, entre outros.

Veja tudo nas fotos de Vinícius Pereira

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