“O feminismo me fez entender que eu não preciso ser bruta”, destaca Mônica Casagrande, nome forte da nova MPB


A cantora e compositora está lançando seu primeiro álbum a partir de uma experiência pessoal que a fez renascer e ressignificar o feminismo em sua trajetória. “A negação da suavidade, é uma construção social da mulher moderna, que precisa ser forte o tempo todo”, frisa a artista

Na era digital, a trilha do sucesso depende de quando o artista consegue criar curiosidade nos fãs e atraí-los para suas plataformas de música, usando como principal ferramenta a divulgação de conteúdo nas redes sociais. É exatamente o que Mônica Casagrande busca com o EPSegundo Ato do Novo”, de seu primeiro disco solo, “Cárcere do Carcará”, depois de 10 anos de carreira. “É um disco onde quero louvar a minha brasilidade na arte e uma experiência bem pessoal. Perdi minha voz durante dez dias por falta de cuidado com a saúde e este foi um momento que, ao mesmo tempo, desesperador foi libertador, pois precisei me reinventar. Disso tudo surgiu o meu primeiro disco”, destacou a cantora e compositora. Ela também atua como digital marketing. Em meio à produção para se aproximar ainda mais de seu público, a artista que quer contribuir com pessoas que estão passando por uma fase de renascimento pessoal, conversou com o site Heloisa Tolipan. Mônica falou das mensagens em letras autorais.

 

Contemporânea de artistas como Xênia França e Luedji Luna, que trabalham com o conceito de afrofuturismo, ela se espelha na trajetória e música das baianas. “Elas são o que há de melhor atualmente. Escuto e sou muito fã do trabalho, afirmou Mônica. Além disso, ela traz uma outra temática característica das mulheres: as descobertas pessoais a partir do feminismo. “Eu achava que ser suave era ser fraca, e quando pediram para eu cantar de forma mais leve, pois as letras são poéticas e sensíveis, eu senti uma raiva profunda. Só depois entendi que essa negação da suavidade é uma construção social da mulher moderna, que precisa ser forte o tempo todo. Ao longo da vida, aprendi que tudo que remetia à feminilidade era ruim e reprimi me tornando extremamente áspera. Hoje sei que a questão é a falta de equilíbrio. Pausei as gravações e fui descobrir o feminino em mim.  Entrar em contato com meus sentimentos e ver que a força do suave é muito maior do que da brutalidade”, frisou.

Capa do disco “Cárcere do Carcará” (Foto e Arte: Paulo Bueno)

Alçando vôos cada vez mais altos, ela considera o trabalho com o disco a melhor experiência em sua vida depois de tantas transformações pessoais, como por exemplo, a saída da banda paulistana Sol a Pino. “O álbum é uma homenagem a minha antiga banda, onde fui muito feliz pessoal  e musicalmente. A psicodelia em ‘Segundo Ato do Novo’, por exemplo, é justamente este louvor”, comentou.

O single recentemente lançado conta com a produção de Eduardo Brechó, líder e vocalista do grupo paulistano Aláfia. “Esse som representa, sobretudo, libertação. É sobre recomeços e descobertas. Nele, reverencio o próximo passo e aquele olhar atento que precisamos ter, principalmente, com os nossos sentimentos mais profundos. É sobre emergir depois de uma inundação. Esse é o caminho e esse é o jeito que escolhi para me despedir dos vocais na banda Sol a Pino, homenagenado todos os integrantes ao mesmo tempo que me entrego, completamente, para esse projeto particular”, explica.

“Segundo Ato do Novo” tem uma atmosfera completamente solar e psicodélica (Foto: Paulo Bueno)

Disponível em todas as plataformas digitais, “Segundo Ato do Novo” convida para dançar e seguir o ritmo das palmas com Renato Alves (guitarra), Fábio Leandro (rhodes e sintetizadores), Daniel de Paula (bateria), Rubinho Antunes (trompete) e Bruno Barbosa (baixo).