“Nunca precisei fazer teste do sofá”, diz Leny Andrade no Dia Internacional da Mulher


Ao lado de Gilson Peranzzetta, a jazzwoman apresenta logo mais versões de clássicos da música brasileira em show no Teatro Rival Petrobras.

Leny Andrade e Gilson Peranzzetta, parceira azeitada que vem emocionando plateias em show de piano e voz (Foto: Divulgação)

Leny Andrade tem história de luta e resistência e deve ser reverenciada no Dia Internacional da Mulher, 8 de março. A fim de prestar carinho a todas as outras que batalham pela causa feminista, a cantora cuidou pessoalmente da escolha de cada música que será apresentada hoje à noite, no Teatro Rival Petrobras, no show que contará com a participação do amigo e maestro Gilson Peranzzetta. A parceria fina de longa data promete emocionar o público a partir de um roteiro precioso composto por músicas como “Saigon”, “Céu e mar”, “O sol nascerá” e “Dindi”. 

Segundo Leny, o espetáculo “é um belo, suingado e refinado show da canção brasileira, um presente para as mulheres”. Diva do jazz e expoente da bossa nova, uma das maiores intérpretes brasileiras, a carioca viveu boa parte de sua trajetória artística no México, Estados Unidos e Europa. Travou várias batalhas contra o machismo durante a carreira, mas isso não a fez desistir. Pelo contrário, a tornou mais forte. “Hoje em dia, a mulher tem muito mais chances de apresentar os seus projetos sem ter que ceder ou atender ao pedido de um homem. Se eu canto, sei o que faço e a mensagem que levo. Nunca precisei fazer teste do sofá para gravar uma canção. Isso é uma grande conquista”, afirma.

Aos 75 anos, seis décadas de carreira, com 35 discos lançados e incontáveis sucessos, Leny continua antenada às mudanças pelas quais a sociedade vem passando diariamente. A cantora diz ter muito orgulho da nova geração de mulheres que vão para as ruas soltar sua voz. “Gosto da palavra empoderamento. Acho forte e bastante adequada aos avanços conquistados pelas militantes. As coisas mudaram muito e conseguimos grandes avanços. No entanto, como dizia meu grande amigo Johnny Alf, “sejamos sensatos”. Ainda temos muitas lutas pelo caminho e precisamos arregaçar as mangas e resistir”, ressalta.

Um assunto que a tira do sério relaciona-se aos dados, cada vez mais alarmantes, sobre o feminicídio no Brasil. “A questão me irrita profundamente. A mulher não veio ao mundo para ser espancada, agredida, humilhada como vemos nos dias atuais. Todas nós temos voz e o homem não vai conseguir calar com o uso da violência. É isso que o homem covarde almeja com o tapa. Ele acredita que pode moldar a mulher com o uso da força. Uma lástima esse tipo de pensamento. O que ele não sabe é que depois de viver um momento tão doloroso assim, a mulher fica mais forte e corajosa para a luta”, analisa.

Uma nova fase

Leny Andrade vive um momento particularmente feliz na vida pessoal. Morava sozinha em um apartamento no bairro de Botafogo e como perdeu a mãe e o irmão, não tinha nenhum familiar para fazer-lhe companhia. A solidão acabaria preocupando um dos seus grandes amigos, Stepan Nercessian, que resolveu convidá-la a morar no Retiro dos Artistas, desde dezembro passado.

“Nos encontramos na Fiorentina, restaurante que chamo carinhosamente de meu escritório, e ele me fez o convite. Disse que eu teria toda a estrutura necessária, acompanhamento médico, comidinha caseira e gostosa, além do amor e carinho dos moradores. Depois de pesar prós e contras, decidi aceitar e aqui estou muito feliz”, conta.

Seu endereço atual não poderia ser mais querido. Ela mora na Rua Nair Bello, desde o ano passado, e é vizinha das também cantoras Helena de Lima e do compositor Sérgio Natureza. “As pessoas creem que o Retiro dos Artistas é um mero asilo, que acolhe pessoas da classe artística, de idade avançada ou com limitações físicas. Existe muita vida e amor aqui dentro e eu gosto de chamar o local de condomínio. Minha casa foi reformada e estou muito bem instalada. Sou tratada feito rainha, como do bom e do melhor e não pago um tostão”, diz ela em tom brincalhão.

Leny e Peranzetta (Foto: Divulgação)

Serviço:

Show: Leny Andrade e Gilson Peranzzetta

Dia 8 de março, às 19h30

Ingressos: Inteira (R$60) / Meia (R$30)

Pontos de venda: Bilheteria do Teatro Rival (Rua Álvaro Alvim, 33/37) – sem cobrança de taxa de conveniência

Horário de funcionamento da bilheteria: terça à sexta das 13h às 21h; sábados e feriados das 16h às 22h.

Mais informações:

Telefones: 2240-4469 – 2240-9796 (bilheteria).