Há gente nova na cena musical carioca. O nome é Julio Secchin e acabou de chegar com o álbum “Quero Um Carnaval”, que marca o reencontro dele com a festa mais popular do mundo. Antes de se permitir entrar no mundo da música, Julio era diretor de cinema e assinou a direção de clipes de nomes como Silva, sucesso ao lado de Anitta e do coletivo Heavy Baile. Com referências do samba, bossa nova, e uma junção de funk e pop contemporâneo, Julio se tornou uma aposta para 2019. O site HT conversou com o músico sobre as inspirações, o carnaval e as letras das composições.
Ao todo, oito faixas integram o primeiro projeto do artista, incluindo as já lançadas “Bote”, “Quero um Carnaval”, “Me Acorda Antes de Partir” e “Festa de Adeus”. Algumas dessas letras foram escritas durante a faculdade de cinema e guardadas durante anos na gaveta. Foi a experiência de vivenciar a tradicional festa brasileira carnavalesca que trouxe de novo a paixão pela música para o primeiro plano. “O que me fez não ir para frente naquele momento foi um certo temor da exposição que era difícil de lidar. Talvez o carnaval tenha me ajudado a dar um start. A experiência coletiva me ajudou muito a retomar a vontade de fazer música”, contou Julio.
Com mais de 130 mil plays no Spotify, encabeçado pelo sucesso digital “Bote”, Julio se joga na música prometendo unir diversos estilos com palavras reflexivas e deixando claro a sua admiração pelos blocos carnavalescos. “A música ‘Boi Tolo’ é uma carta de amor ao carnaval carioca. Dessa vez, tem endereço certo: o bloco ‘Boi Tolo’, um dos grandes marcos dessa festa no Rio. A música narra um dos momentos mais aguardados do cortejo do bloco: quando o Boi Tolo entra em um túnel. Todos os foliões se juntam em coro que ecoa bem alto. Nesse cenário, os encontros amorosos no bloco se fazem ainda mais inflamados e delirantes, aproveitando esse clima mágico”, relatou o cantor, que tem a capa do álbum assinada pelo irmão Gabriel Secchin e inspirada em”Brasileirinho”, de Maria Bethania, lançada em 2002.
Esse amor súbito pela época mais animada do ano libertou o compositor para se expor e cantar para mais gente. “Minha visão de carnaval mudou quando eu conheci os blocos do Centro do Rio. E foi o que eu sempre sonhei em encontrar no carnaval. É como uma utopia ao organizar os valores brasileiros em um só momento dando tudo certo. Isso me impressionou muito. E essa festa abriu a cachoeira das músicas que estavam guardadas em mim. Foi a conexão que faltava com a música brasileira que eu sempre gostei”.
Julio se arrisca nas composições ao ser explícito na forma e no conteúdo do álbum. “Eu queria que fossem letras que narrassem o que as pessoas vivem hoje em dia. As gerações atuais não vão dar muita bola para narrativas que não tenham o mínimo de realidade do que elas vivem”, afirmou. Influenciado pela sinceridade nas letras do rap e do funk, o cantor tem como maior inspiração Caetano Veloso e o momento escolhido para lançar o novo projeto foi intencionalmente pensado. “A cultura pode salvar o país nesse momento. Então, eu faço a minha parte, pois não há saída nem política nem econômica sem que a gente consiga se entender. E só vamos conseguir nos entender através de algo que nos una na brasilidade, ou seja: a música. Ela é uma pílula muito mais doce de engolir e de assimilar certos valores. As pessoas estão numa trincheira de argumentação política que já está saturada e a música é um belíssimo caminho”, afirmou o músico.
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