Desde que anunciado, o show de Alunageorge já estava previsto de ser complicado: a dupla formada por Aluna Francis (vocais) e George Reid (produção) teve a difícil tarefa de, apenas algumas semanas antes do Rock In Rio 2015, substituir Robyn, que desmarcou sua apresentação por problemas emocionais. Mas nem o duo britânico e nem o público do Rock In Rio poderiam imaginar que a chuva despencaria do céu apenas alguns minutos antes de a performance começar e, some-se a isso a carreira curta, underground e com poucos hits gigantescos dos artistas, e então você terá a fórmula de um dos shows mais frios desta edição do festival.
É preciso ressaltar que a tarefa incumbida a Aluna Francis não era das mais fáceis: o público brasileiro mainstream não está familiarizado com seu repertório e ela, sozinha, pareceu muito pequena para o Palco Mundo, mesmo que tentasse controlar a plateia com carão, uma voz afinada e movimentos de dança muito contidos, que não deram conta de contagiar os presentes com seu eletrônico contemplativo. E a chuva também teve sua parcela de culpa, tanto ao diminuir o ânimo da plateia quanto ao restringir o espaço de performance de Aluna.
E é aí que entra a diferença entre um artista veterano e um que ainda precisa aprender a lidar com os imprevistos que criam o ditado “the show must go on”. Enquanto o próprio público se esforçava para continuar em pé em meio à chuva e aos raios, Aluna pareceu amedrontada pela possibilidade de um tombo ou de se molhar. Tentou não demonstrar a partir de certo momento e, a essa altura, depois de ela ter soltado um “Te amo” e “You’re amazing” que não surtiram o efeito proposto ou esperado, já era tarde para conquistar o Rock In Rio. Nem quando elogiou a hospitalidade carioca e perguntou “posso ficar aqui para sempre?”, a plateia pareceu se comover, respondendo com frases deselegantes (proferidas em sua maioria por homens com copos de cerveja na mão) e machistas como: “Chama a professora, Aluna!” ou “Mete o pé, filha da p***”.
Justiça seja feita, Aluna sabe sim como comandar um público, dadas as devidas condições, como HT comentou durante a performance da britânica no MECA Festival, em janeiro deste ano. Na ocasião, a energia e a presença de palco foram atributos que levaram a Estação Leopoldina ao delírio. Infelizmente, o mesmo não ocorreu no palco do Rock In Rio. Mas, ainda assim, com algumas músicas animadas, desde uma versão remixada de “To ü” (parceria com o Jack Ü) a “You know you like it” e “Attracting Flies”, combinadas com o talento genuíno da dupla, a Alunageorge deixou o Palco Mundo com um gostinho de quero mais – mais energia, mais dedicação e mais empolgação.
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