Se você anda reclamando de cansaço é porque ainda não faz ideia de como está a rotina de Fernanda Takai. A cada fim de semana, ela executa um projeto, meio que como se estivesse protagonizando “O bêbado e o equilibrista” de Elis Regina, sem a parte etílica, of course. À lista de funções: os shows da turnê solo “Na medida do impossível”, o saracoteio pelo Brasil com a “Não pare para pensar” do Pato Fu, a dublagem da voz de Alice de “Alice no país das maravilhas” para o Museu Giramundo e espetáculo cênico-musical “A Grande Atração” – que mantém vivo o legado do artista Nico Nicolaiewsky. Todos eles, de uma forma ou de outra, afinando sua relação com a música, que já vem ganhando corpo desde a década de 90. Por isso, ela tem propriedade e tanto para analisar o que anda acontecendo com o mercado fonográfico, que trava uma queda de braço com a concorrência das redes sociais e com a própria recessão econômica.
Em encontro com HT na 18ª edição do Minas Trend, no Expominas, em Belo Horizonte (MG), Takai disse: “O auge da crise da música foi em 1998 quando apareceu o MP3. A gente está colado na crise. Todo mundo da música mudou muito o jeito de produzir, de fazer. Para a música, que está calejada, esse momento é normal. Essa foi a área que entrou em crise antes de todo mundo”. O motivo? “Foi por causa das novas tecnologias. Eu, por exemplo, disponibilizo meu som na rede do jeito que o fã, assim como eu também sou, achará melhor. Como? Coloco no meu site coisas que eles não acharão em nenhum outro lugar. Agora, o CD, para ouvir, tem no Spotify, no Deezer e por aí vai. Eu sei que o retorno de ganho não é o ideal. Mas o que eu recebo do Ecad também deveria ser muito maior. Das TV’s também deveria ser. É melhor você ter várias frentes de ação e gente cuidando disso do que ficar reclamando. Não dá para você lutar contra a tecnologia”.
Mezzo conformada mezzo positivista, Takai pressiona a tecla de que hoje o ideal é explorar as várias “formas de se arrecadar com sua música, de fazer receita com ela”. E continua: “Se não tem só as duas fontes antigas – a venda de discos e de shows -, corre para outro caminho com o licenciamento de músicas para filmes, peças. Você produz mais e grava mais. Antes, você ficava esperando para gravar um disco”. O que pensa ao ouvir “Baile de favela” e “Tá tranquilo, tá favorável”, no mainstream? “Eu já fui mainstream e independente. Não prefiro nem um, nem outro. Eu prefiro que as pessoas encontrem minha música. Eu não sou mais mainstream, mas as pessoas – que conquistei ao longo da carreira – sabem onde me encontrar”.
Em tempo: HT conversou com Fernanda Takai logo depois da estreia de Sonia Pinto no Minas Trend. Fernanda assistiu tudo da fila A. Para ela, “o setor da moda é o que mais sofre com a crise”. E explica: “é tudo muito desleal em termo de reserva de mercado, de mão de obra, de preços. Mas a moda brasileira, hoje, não deve nada a nenhum outro país. A gente encontrou identidade”.
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