*Por João Ker
Na semana passada, o mundo foi agraciado com o tão aguardado lançamento de “The Pinkprint”, o terceiro álbum de estúdio de Nicki Minaj. Claro que, como não estamos falando de Beyoncé, o disco já havia vazado online dias antes e, somado à falta de preparação da Target – que ficou um dia sem exemplares no estoque -, impediu que a artista alcançasse seu tão merecido #1 em sua primeira semana de lançamento e ficasse 125.000 cópias atrás do “1989” de Taylor Swift.
Apesar de não ter chegado ao topo (por enquanto), a nova direção da carreira de Nicki Minaj impressiona e a consagra como a melhor rapper da atualidade. Após despedir seu antigo time de styling no início de 2013, ela aparece totalmente reformulada em imagem e em som, mantendo-se fiel a algumas de suas características principais, as mesmas que já a colocaram entre os grandes nomes do gênero ao longo de sua trajetória.
Nicki se fez onipresente em 2014. Foi o rosto por trás de Roberto Cavalli; surpreendeu com sua capacidade criativa ao lançar um curta-metragem de 16 minutos para ilustrar três faixas do álbum (uma delas com direção assinada por Francesco Carrozzini); criou um meme mundial com a capa de “Anaconda”; invadiur a Semana de Moda de Nova York com força total; apareceu em capas de revistas conceituadas como a V; se mostrou mais voluptuosa que uma mulher fruta no calendário de 2015 que acompanha a versão deluxe do disco; descolou parcerias gigantescas por fora de “The Pinkprint” (com Beyoncé no remix de “Flawless”, eleita pela Times como a melhor música do ano; em “Bitch, I’m Madonna”, com a Rainha do Pop; e em “Bang Bang”, sucesso inegável das rádios com Ariana Grande e Jessie J).
Abaixo, nós listamos 5 fatos sobre “The Pinkprint” e a nova era que ilustram o porquê de Nicki Minaj ser a atual e incontestável Rainha do Rap. Afinal, não é o sucesso comercial que define o talento de um artista, não é mesmo? Vem ler (e ouvir)!
1: 22 músicas em uma só tacada. Ao contrário de seguir o novo fluxo da indústria e lançar apenas um álbum com 13 faixas para guardar algumas cartas na manga e posteriormente faturar com um relançamento fajuto e algumas músicas extras em forma de EP, Nicki Minaj preferiu agraciar os fãs com um material completo e extenso, totalizando uma hora e meia de som novo. E não, não há nenhuma faixa bônus com remixes e versões diferentes da mesma canção: são 22 novidades.
2. Seu lado mais pessoal até hoje: Ao escolher “Pills N Potions” como single de lançamento, já era de se esperar que Nicki tocasse em assuntos mais profundos e pessoais em “The Pinkprint”. Logo na faixa de abertura, “All Things Go”, a rapper fala sobre sua família, o assassinato de seu sobrinho, aborto, casamento e a vontade de vencer na carreira para fazer seus parentes orgulhosos e conseguir pagar uma faculdade para seu sobrinho. Em faixas como “Grand Piano”, “I Lied”, “The Crying Game”, “Bed Of Lies” e “Favorite” é possível ver todas as inseguranças da rapper em um relacionamento conturbado, sua carência, as traições que sofreu e um certo amor incondicional que ela ainda tem por Safaree Samuels, namorado que cultivou pelos últimos 15 anos.
“The Pinkprint Movie”
3. Ainda assim, o suprassumo da ostentação: Tudo bem, quem ouve “The Pinkprint” consegue conhecer o lado mais frágil de Nicki Minaj, mas não pense que ela para por aí. Um dos pilares do movimento urbano do rap é a ostentação e Nicki sabe melhor do que ninguém como imprimir uma boa autoestima através da música, exaltando a si mesma e, simultaneamente, tirando sarro da concorrência. No álbum, ela vai ainda mais além e sai citando todos os fatos que a transformam em um “ícone”, com rimas sobre sua fortuna bem contabilizada pela Forbes (ela é a única mulher no top 5 de artistas mais ricos do rap), seu sex appeal, o fato de ela intimidar os homens e de suas adversárias não chegarem perto do seu talento. Músicas como “Big Daddy”, “Win Again” e “Want Some More” deixam isso claro, além de serem responsáveis pela artista ser interpretada como um ícone moderno do feminismo, graças à sua sexualidade exacerbada.
Nicki Minaj – “Want Some More”
4. Diversidade de gêneros e talento: A versatilidade de Nicki Minaj como artista faz com que ela vá muito além da típica rapper que só sabe falar sobre dinheiro e sexo. É possível analisar isso apenas pela gama de produtores com quem ela trabalhou no álbum: desde Dr. Luke, o “gênio do pop”, a Hit-Boy, talvez o nome atual mais quente quando se trata de hip hop e som urbano, além de Alex da Kid (Rihanna e Eminem), Cirkut (Britney Spears e Kesha) e muito sangue jovem de gente prestes a estourar na indústria. No entanto, mais do que se cercar de pessoas talentosas e usar as samples certas (parece inacreditável que ninguém ainda tivesse pensado em como “Dillema”, de Nelly, ainda soa atual hoje em dia, mesmo 12 anos após seu lançamento), Nicki mostra que ela própria é capaz de se reinventar e mudar mais que seus alter-egos ou sua antiga persona extravagante. Além de compor todas as músicas do disco (e aqui, compor não significa “comprar créditos”), ela mostra tanto a sua rima acelerada em “Want Some More”; seu lado pop em “Get On Your Knees” (mais abaixo); volta com sua faceta de baladeira que a fez estourar com “Starships” em “The Night Is Still Young”; além de mostrar que consegue, sim, cantar (ouviu, Mariah Carey?) em músicas como “I Lied”, “Bed of Lies”, “The Crying Game” e “Grand Piano”.
Nicki Minaj e Skylar Grey – “Bed of Lies”
5. Diga-me com quem andas e te direis quem és: Conhecida como a “Rainha dos Featurings”, Nicki soube escolher as parcerias certas para o seu álbum, se dividindo entre os maiores nomes já consolidados na indústria e novos talentos que, assim como seus produtores, conseguem mostrar sua versatilidade e seu poder. Em “Only”, a rapper faz história ao ser a primeira artista capaz de juntar Chris Brown, Drake e Lil’ Wayne na mesma música, o principal clã da gravadora Young Money. Mas ela não parou por aí: descolou para si outra música com Beyoncé, “Feeling Myself”, que além de polêmica (é praticamente uma ode à cocaína), já foi anunciada como o próximo single. “Get On Your Knees”, composta por Katy Perry e com a colaboração de Ariana Grande, pode ser uma resposta a “Black Widow”, de Iggy Azalea com Rita Ora, mas em uma versão menos infantilizada e mais adulta que chega até a fazer um bem por tabela à ex-Nickelodeon. Skylar Grey, responsável pelo single de divulgação “Bed Of Lies”, consegue adicionar uma certa dose de delicadeza e feminilidade ao álbum, assim como Jessie Ware em “The Crying Game”. Enquanto Jeremih, Meek Mill e Lunchmoney Lewis mostram que Nicki continua fiel às suas origens e com um olho para o que está acontecendo de realmente novo no mundo do hip hop.
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