Ney Matogrosso fala sobre lançamento de CD e DVD de “Bloco na rua” e lamenta situação cultural do Brasil


Em entrevista exclusiva, o cantor diz: “A cultura, especialmente, tem sido muito prejudicada. Acho que porque ela leva a pessoa a raciocinar, a refletir. Talvez muitos não queiram o povo raciocinando, por isso atacam tão duramente a cultura. Mas tudo passará”

*Por Karina Kuperman

Ney Matogrosso botou o “Bloco na Rua” esse ano. Em turnê com o show que dá nova roupagem a músicas de artistas como Chico Buarque, Rita Lee, Caetano Veloso e outros, ele, agora, transforma o repertório – já disponível nas plataformas virtuais – em CD e DVD. Esse trabalho foi diferente da forma como Ney está acostumado a fazer. Os fãs sabem: ele começa com um novo show, sente a resposta do público e, só depois, pensa em gravar o disco. Em seguida, lança o álbum, começa a turnê e, por último, o DVD. Dessa vez, ele optou por gravar o DVD e o CD em um show sem plateia. “Em geral, eu gravo o disco um ano depois, mas dessa vez quis fazer diferente: tudo de uma vez só. Conseguimos takes super diferentes. Não é um registro de um show, mas um passo adiante: um filme sobre o show. O Felipe Nepomuceno, que gravou, foi muito feliz nas imagens”, comemora ele, que teve a experiência de gravar um DVD sem público pela primeira vez. “Para mim, as câmeras eram as pessoas”, diz.

Ney Matogrosso em “Bloco na rua” (Foto: Marcos Hermes)

“Bloco na rua” reúne canções como “Yolanda” e “Tua Cantiga”, de Chico Buarque, “Jardins da Babilônia” e “Corista de Rock”, de Rita Lee, “Sangue Latino” e “Mulher Barriguda”, dois hits do “Secos & Molhados”, entre outras. “A intenção foi fazer um repertório conhecido. ‘Sangue Latino’ ficou mais rock ‘n roll… o show todo é mais voltado para o rock”, define ele, que, além de várias cidades do país, se apresentou na Europa. “A reação da plateia tem sido maravilhosa. Desde a primeira música, as pessoas cantam comigo. Geralmente isso não acontece tanto, não tem ‘sai do chão’…. Mas o público sempre foi muito participativo”, afirma.

Ney deu nova roupagem a clássicos de Chico Buarque, Rita Lee, entre outros compositores (Foto: Marcos Hermes)

Artista que já teve músicas censuradas na época da ditadura, Ney lamenta a situação da cultura no país. “A cultura do Brasil caiu em um buraco negro e agora, acentuadamente, voltamos à Idade Média, pelo que leio e ouço. As autoridades falando parece que voltamos mil anos. A cultura, especialmente, tem sido muito prejudicada, acho que porque ela leva a pessoa a raciocinar, a refletir. Talvez muitos não queiram o povo raciocinando. Por isso atacam tão duramente a cultura. Mas tudo passará…”, reflete.

Ney fala sobre a situação da cultura no Brasil: “Falta de verba é censura” (Foto: Marcos Hermes)

Recentemente, Ney esteve no lançamento do livro “Primavera nos dentes”, obra de Miguel de Almeida, que narra a história do “Secos & Molhados” e o sucesso de João Ricardo, Ney e Gerson Conrad. O que será que Ney achou da publicação? “É um livro no qual ele coloca quatro versões da verdade, portanto nem sempre predomina a verdade. Muitas coisas que aconteceram eles negam. Então, os três negaram (João Ricardo, Gerson Conrad e o empresário, Moacir Durval) e eu afirmo que aconteceu e fica por isso mesmo. A verdade de cada um é individual e o autor ouviu todos. É difícil tomar um partido”, analisa ele, que não revela exemplos: “Não é nada grave”.

O CD “Bloco na rua” já está disponível nas plataformas digitais (Foto: Marcos Hermes)

Agora, ele se concentra no novo CD, que já está disponível nas plataformas digitais e sairá em formato físico em janeiro, assim como o DVD, que já foi lançado em seu canal do Youtube. “Ainda tenho três shows até o final do ano, paro no dia 15 e retorno em janeiro, no Vivo Rio”, conta.

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