Lá se vão 515 anos desde que os portugueses descobriram o Brasil e, ao que parece, uma nova onda de descobrimento tem se tornado uma constante nas relações entre os dois países. Não é de hoje, é certo, que as culturas brasileira e portuguesa se misturam e se fundem, mas, nunca antes na história dos dois países, a música de lá se mostrava tão presente, influente e influenciada pelas música de cá.
Antonio Zambujo, por exemplo, é um desses desbravadores portugueses mais enraizados no imaginário verde e amarelo. Dando prosseguimento, ele desembarcou no Brasil para uma leva de shows que começou em São Paulo, passa por Porto Alegre nesta quarta-feira (22/04) e chega ao Vivo Rio, no dia 25.
“Eu sou um João Gilbertiano confesso e convicto. Nada seria igual se eu não tivesse escutado os discos do João Gilberto e posteriormente tudo o que conheço da MPB. Desde os mais antigos aos mais atuais. No panorama geral da aproximação entre a música portuguesa e brasileira, eu acho que todas as aproximações são boas, porque duas cabeças pensam sempre melhor que uma! Fico muito feliz com esta reunião”, confessou.
O site HT, aliás, em conversa exclusiva, quis saber exatamente o que ele mais gosta de fazer assim que coloca os pés no Brasil. “Pessoas! Amigos! O que dá encanto aos países, às cidades, são as pessoas que conhecemos neles. A minha sobrevivência depende disso. Depende de estar com os meus amigos. Felizmente no Brasil já tenho alguns!”, animou-se.
O show, além de clássicos do repertório de Zambujo, vai marcar o lançamento do lindo álbum “Rua da Emenda”, que conta com canções dos brasileiros Noel Rosa – “Último desejo” – e Rodrigo Maranhão e Pedro Luís – “Valsa Lisérgica” -, além de parceiros portugueses antigos, como João Monge e Maria do Rosário Pedreira, o escritor angolano José Eduardo Agualusa – “Na Canção de Brazzaville” – e até uma regravação do francês Serge Gainsbourg – “La Chanson De Prévert”.
Este disco, o sexto da carreira, como disse o próprio músico. É o fim de um ciclo que foi acrescentando novas camadas de instrumento a uma base de voz e guitarra. “Poderia ter acabado no “Quinto”, meu álbum anterior, mas achávamos que fazia sentido acrescentar mais alguma coisa. A partir daqui, terei de começar de novo. Há uma necessidade minha de procurar algo diferente, de não me acomodar”, contou Antonio em recente entrevista ao jornal “Público“, de Portugal.
A gente, claro, ficou curioso para saber se ele já tinha pistas sobre o novo caminho que gostaria de seguir. A resposta veio discreta, em tom bem humorado: “Não, ainda falta muito tempo! Tenho muita música para ouvir, muitos concertos para assistir, muita conversa para ter e muito vinho para beber (risos). Tudo isso irá influenciar a minha decisão final”. Enquanto a decisão não chega, a gente fica se deliciando com as já conhecidas facetas geniais de Zambujo.
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