Na SPFWn43, Gaby Amarantos prestigia grife de Emicida, fala de empoderamento e dispara: “Me sinto privilegiada e sortuda por ser negra”


Com pensamentos fortes e discursos super posicionados, a cantora paraense garantiu que nunca foi mal interpretada na sociedade. Apesar de os tempos de intolerância, Gaby Amarantos destacou a compreensão e a positividade da atitude. “Eu acho que eu consegui pavimentar uma estrada bacana e abrir caminho para que outras mulheres também venham e façam isso”

Na vitrine, o amor dela pode até custar R$ 1,99. Mas, o guarda-roupa de Gaby Amarantos é um luxo só. Na primeira fila do desfile da LAB, ontem na SPFWn43, a cantora paraense contou de sua relação com a moda. Em entrevista ao HT, Gaby disse que se considera uma esponja, que absorve os conceitos e inspirações, e depois libera o estilo por conta própria. Na verdade, como reconheceu, a artista vai além. “A minha relação com a moda sempre foi de muita amizade e amor. Eu gosto de usar a roupa a meu favor. Porém, não sou muito de seguir tendências, eu gosto de usar do meu jeito. Mas também gosto de assistir desfiles, acompanhar o que está rolando e absorver essas ideias para ir além. Eu sempre transgrido”, disse.

Reprodução Instagram

Na passarela, Gaby Amarantos acompanhou um protesto em forma de desfile. Para o casting, modelos negros, plus sizes e fora dos rótulos criados para o cenário da moda foram as estrelas. Já no conceito, João Pimenta, diretor criativo da LAB, trouxe a insatisfação com o atual panorama brasileiro e abriu o desfile com uma bandeira nacional negra. Sobre a participação de uma marca que não esconde suas ideologias e traz a inclusão para a maior semana de moda da América Latina, Gaby Amarantos foi só elogios. “É importante para a moda, a arte e a sociedade. E é por isso que eu estou aqui, esse conceito da LAB tem muito a ver com o meu discurso. O Emicida é um irmão e um cara excepcional. É muito incrível isso que ele está fazendo e nós precisamos de mais gente com esse engajamento”, destacou.

Embalada por esse discurso, a cantora paraense também é um desses exemplos de vozes da diversidade no cenário cultural. Negra, do norte do Brasil, com uma música própria e discursos fortes, Gaby Amarantos acredita que se inclua nesse time contemporâneo por suas atitudes e posicionamento. “Eu aceito o meu corpo do jeito que ele é e levo a minha música do Pará, que é diferente, para todo o Brasil. Eu não cedo pela pressão do mercado ou das pessoas”, argumentou.

No entanto, em tempos de cólera social, nem sempre é fácil manter discursos empoderados e fortes na sociedade. Mas, para Gaby Amarantos, isso nunca foi problema. Segundo a cantora, ela garantiu que nunca foi mal interpretada por ser quem é ou assumir publicamente seus pontos de vista. “Sempre foi muito positivo. Eu acho que eu consegui pavimentar uma estrada bacana e abrir caminho para que outras mulheres também venham e façam isso. Esse é o nosso objetivo e o que queremos: cada vez mais mulheres negras e empoderadas se aceitando e levantando a mão”, afirmou.

Gaby com o marido (reprodução: Instagram)

Seja Gaby Amarantos na música, Emicida na moda ou outros  exemplos de artistas engajados no cenário cultural brasileiro, a paraense destacou a importância deste movimento. Para ela, novas e profundas reflexões precisam fazer parte do cotidiano moderno. “Eu me sinto muito privilegiada e sortuda por ser negra. Isso é algo que me fortalece cada vez mais”, exclamou Gaby Amarantos que, para este ano, se dedicará à carreira musical. “Em 2017 eu vou focar na cantora. Então, vai ter disco novo, clipe e tudo mais de música”, contou.