Na noite de ontem, quarta-feira, o Theatro Net Rio reverberou o poder da voz de Leila Pinheiro com o show ‘Extravios’ dirigido e roteirizado pela atriz Ana Beatriz Nogueira. O site HT foi à estreia e registrou a emoção da plateia. O mergulho no mais encorpado e forte registro da cantora foi prestigiado por nomes como Patricia Pillar, Marcello Serrado, Zélia Duncan, Louise Cardoso, Pally Siqueira, Carol Beiriz, Tom Karabachian e Isabela Garcia.
O toque especial de Ana Beatriz trouxe conteúdo e acabamento surpreendentes pelo inusitado das escolhas musicais ainda nunca antes interpretadas por Leila. “Dirigir uma cantora como a Leila é apenas acompanhar o que ela já faz há anos e dar um palpite ou outro. E, no roteiro, eu selecionei pérolas que seriam interessantes para ela cantar. Conheço a Leila há 30 anos, então pensei numa região vocal que poderíamos fazer e aproveitar para arriscar o diferente do que já dominava. Foi um exercício para nós duas e dirigir uma cantora já consagrada é um bálsamo. Um trabalho de muita amizade e amor com um repertório diferente do que a Leila vem fazendo, Não é para sacudir a poeira é para dar uma lavada na alma”, destacou a atriz, que já dirigiu peças e o show de Zélia Duncan anteriormente.
O espetáculo ‘Extravios’ passou porSão Paulo e, ontem, foi a vez do Rio de Janeiro receber esse trabalho conjunto de Ana + Leila. Antes da estrela entrar no palco, nós conversamos com o ator Marcelo Serrado, que estava ansioso para o que iria presenciar: “Espero cantar as músicas e me emocionar. Eu adoro o trabalho da Leila e junto com a Ana Beatriz será incrível. Acho que vai ser uma noite inesquecível”. Patrícia Pillar tinha as mesmas expectativas: “Eu acompanho o trabalho da Leila e também da Ana e eu acho que essa junção ‘vai dar samba’. A Ana me mostrou uma música e eu achei muito interessante a influência dela na obra da Leila”.
No hall movimentado do Theatro Net Rio à espera de “ser extraviada”, estava também a atriz Louise Cardoso. “Eu adoro a Leila. É uma grande cantora, que acompanho há anos. E a Aninha é muito boa na direção”, afirmou. E foi. A cantora abriu o show com a valsa “Dorotéia” e seguiu pelo repertório com Villa-Lobos e Dolores Duran, Caetano Veloso e Paulinho da Viola, Alvin L, Zé Miguel Wisnik, Antonio Cícero, entre outros nomes da nossa música, embalados pela poesia de Hilda Hilst e Cecília Meirelles. Em alguns números Leila Pinheiro foi acompanhada pelo jovem e premiado músico João Felippe, com o seu cavaquinho de 5 cordas que soou, em duos com Leila, ora como guitarra portuguesa, ora como um bandolim.
Depois de um pouco mais de uma hora de apresentação interrompida por aplausos constantes entre as canções, formou-se um aglomerado de amigos e artistas para abraçar a intérprete. A colega de profissão, Zélia Duncan disparou: “Eu já acompanho há muito tempo o trabalho da Leila e sou mega fã da cantora e artista que ela é. O que vimos foi algo diferente do que ela já havia mostrado, um outro tipo de delicadeza. E dá para notar também a direção da Ana Beatriz que dá um ar teatral para algo que parece simples. Quando Leila se movimenta não é à toa. Vai de um lugar para outro com um objetivo. Fala algumas frases e se movimenta até o violão. Tudo muito bem pensado. O roteiro é muito bonito e diferente”, destacou a cantora ao site HT.
Foram muitos abraços, fotos e elogios. O sorriso largo de Leila era contagiante. E foi nesse clima de gratidão e ainda em êxtase pela experiência desafiadora de sua carreira que conversamos com a estrela da noite. “Um show solo é sempre uma imensa surpresa. Cantar no Rio é muito especial e tinha na platéia tanta gente querida. Ver esse show que está só começando e termos já esse retorno tão profundo de emoção das pessoas. A costura do show e a percepção do que de fato queríamos ter feito e fizemos é muito gratificante. Eu adoro cantar nessa casa e amo cantar no Rio. Então, trata-se de um começo iluminado”, ressaltou Leila.
Apesar da amizade de três décadas, a cantora e a diretora artística nunca tinham trabalhado juntas. Depois de assistir a um show, Ana chegou em casa e ligou para Leila dizendo que tinha um desejo enorme de dirigi-la criando algo diferente. “E foi aí que eu me descobri nesse diferente”, admitiu a intérprete, que acrescentou: “Ana começou a promover alguns saraus na casa dela. Então, acho que no fundo inconscientemente ela sabia que estava costurando um projeto e acabou germinando aqui nesse show”.
Ana Beatriz completou: “’Extravios’ é um projeto que nasceu da vontade imensa de trabalharmos juntas. Queríamos fazer algo muito amoroso, com alegria, com música do mais alto nível, e que ainda nos proporcionasse um momento de aprendizado. E esse projeto veio numa boa hora. Estamos todos a bordo de um navio precisando de um norte. Esse show tem um norte danado. Ainda que se chame ‘Extravios’”. E continuou: “Nesse momento, temos que estrear muitas obras de arte, quanto mais melhor. É um tempo de dizer ‘estamos aqui’ tanto no teatro, quanto no cinema e em shows”.
No fim do espetáculo, toda a platéia foi extraviada para um lugar de reflexão artística e poética provocada pelo caminho da própria intérprete. “É um extravio, pois ocorre no paralelo com o que eu venho fazendo. Estou com outros shows em cartaz cantando Cazuza com Menescal e Rodrigo Santos e as minhas apresentações solo. E esse é um solo diferente, um extravio de fato. É um extravio meu próprio. Uma outra cara, um outro jeito”, afirmou Leila.
Confira na galeria os artistas presentes no Extravios de Leila Pinheiro com direção de Ana Beatriz Nogueira:
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