*Por Rafael Moura
Declaradamente apaixonado por HQs e ficção científica, Matuê acaba de lançar seu primeiro álbum ‘Máquina do Tempo’ que vem quebrando todos os recordes no Spotify Brasil. Lançado de surpresa na noite de quinta-feira (10/9), se tornou a melhor estreia de um disco de artista nacional no serviço de streaming. Todas as sete faixas estrearam no Top 15 da parada das mais ouvidas na plataforma. Das sete faixas, seis entraram direto no Top 10, com destaque para ‘Máquina do Tempo’, que debutou no topo do ranking com 4,6 milhões de streams no Spotify BR, destronando o hit ‘Oh Juliana’, de Niack. O posto anteriormente de melhor estreia de álbum de artista nacional era ocupado por Anitta, em 2019, que mandou beijos com as 10 faixas do álbum ‘Kisses’ dentro do Top 30.
Para construir esse disco, o artista mergulhou em duas fontes de inspiração: o universo da Marvel Comics, considerada a maior editora de histórias em quadrinhos do mundo e o filme Matrix, de 1999, que descrevia um futuro distópico no qual a realidade, como percebida pela maioria dos humanos, é, na verdade, simulada. Duas grandes viagens para essa ‘Máquina do Tempo’, que aporta de maneira sólida no Afropunk, grande referência para o universo do Trap, um subgênero do rap que se originou na década de 2000, que combina ritmos de diferentes músicas, sons… O resultado é um projeto de sete faixas, que traz produções de WIU e Pedro Lotto convidando os ouvintes para uma viagem sonora alucinógena e termina com a faixa homônima, ‘Máquina do Tempo’, que leva o nome do álbum e conta com um sample de clássica ‘Como tudo deve ser’, do Charlie Brown Jr.
É nítido que o artista investiu em uma grande ação de marketing para o lançamento desse trabalho, desde pintando a lateral de um prédio, em São Paulo, espalhando diversos cartazes pelas cidades do Brasil e transformando todas as sete faixas em vídeos-HQs animados. Um olhar em 360, multiplataformas, altamente inovador! Ponto e um salve para a equipe da 30PRAUM que apostou alto na estratégia do disco de estréia do artista de Fortaleza, com a gravadora Sony Music.
As sete faixas do álbum se completam como um grande HQ animado. Uma ideia altamente inovadora de lançar um trabalho dentro do universo musical brasileiro. Confira a percepção do site HT sobre essa narrativa: a faixa que dá nome do disco, ocupa o primeiro lugar na lista, ‘Máquina do Tempo’ traz referências claras ao filme Matrix. A animação mostra o artista-herói entrando no mundo dos homens, a Matrix. A faixa ‘Antes’ (6º lugar) narra a chegada do mocinho ao mundo dos homens trazendo um espírito de renovação e florescimento. Já ‘Gorilla Roxo’ (8º lugar) traz nosso herói se deparando com um mundo caótico em um templo, e acaba transformando os sacerdotes em gorilas que mais tarde serão seus protetores e do universo. Na faixa ‘Vem Chapar’ (14º lugar) o roteiro mostra a ambição dos homens, que, ao verem o seu poder, querem captura-ló para absorver essa energia. Em ‘É Sal’ (7º lugar) a história se desenrola em uma busca incessante dos homens pelo mocinho que armam uma emboscada para capturá-ló, que recorre a ajuda dos gorilas, protetores do mundo. A faixa faz uma crítica social em que os homens destroem tudo a sua volta. A história continua em ‘Cogulândia’ (4º lugar) com a captura do super-herói, em que os ambiciosos começam a extrair sua sabedoria. O fim desse HQ animado se dá com ‘777-666’, que ocupa o 3º lugar, na lista do Spotify Brasil. Uma das faixas mais simbólicas do álbum, que faz uma reflexão sobre como estamos cuidando do nosso planeta e das pessoas. Já fora do mundo dos homens, o nosso herói retorna a máquina do tempo e desiste do mundo que explode. O número sete representa Deus e seis o demônio, fazendo uma alusão entre duas forças opostas.
Vale ressaltar que três músicas desse disco entraram para a parada global do Spotify – ‘Máquina do Tempo‘, ocupa a posição 114. A música ‘777-666‘ está na 153ª e ‘Cogulândia’ na 188ª. Todas as faixas do álbum estão também no Top 200 do Spotify Portugal. É o artista brasileiro mostrando sua força para o mundo.
Degrau por degrau
Matuê tem 26 anos, natural de Fortaleza, e é considerado um dos maiores nomes do trap brasileiro. O artista ganhou reconhecimento dos fãs em 2016, quando apresentou o single ‘Rbn’, correndo por fora da mídia mainstream, conquistando admiradores e o mercado especializado, que já aguardava ansiosamente esse disco, que já entra para a história do hip hop. Atualmente já são 2,8 milhões de seguidores no Instagram e 2,6 milhões ouvintes mensais no Spotify. No streaming seus maiores sucessos são ‘Kenny G’, com 86 milhões e ‘Anos Luz’, com 69 milhões de streams. Também se destacam ‘Poesia Acústica #7: Céu Azul’, ‘Banco’ e ‘A Morte do Autotune’.
Segundo as pesquisas do site HT, o Spotify pagou em 2019 cerca de $0,00437 por play para os artistas hospedados em sua plataforma. Matuê conquistou 4,7 milhões de plays no streaming nas primeiras 24 horas, então em sua estréia ele teria arrecadado cerca de R$ 100 mil reais. Vale ressaltar que nesse cálculo não estamos contando os descontos referentes a produtores, gravadoras, etc. No Youtube, o artista garantiu 16 milhões e meio de visualizações nas primeiras 24 horas. Com a plataforma do Google pagando cerca de $ 0,60 por mil visualizações, o artista da 30PRAUM teria um faturamento bruto na plataforma de cerca de 43 mil reais.
Universo HQ
Como grande fã dos universo Marvel, que permeia todo o lançamento do disco ‘Máquina do Tempo’, o rapper Matuê, vem causando uma grande ansiedade nos fãs. O projeto que conta com sete faixas, chegou nas ruas acompanhando de visuais animados que ganharam destaque altamente expressivo no Youtube. Enquanto começaram a pipocar teorias sobre a história do disco baseado nos visuais, o artista revelou no último final de semana que o álbum terá um HQ para chamar deu seu, em que irá contar a verdadeira história sobre esse trabalho, que deve chegar às ruas a qualquer momento.
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