Paulinho da Viola e Marisa Monte encheram de poesia e de alegria de viver o KM de Vantagens Hall – o antigo e eterno Metropolitan – na Barra, em seu primeiro show na cidade dessa turnê em conjunto, que segue em cartaz até domingo, dia 11 de junho. Cerca de trinta minutos depois do horário previsto – o show estava marcado para as 22h – as luzes da grande arena se apagaram, as cortinas se abriram, e lá estava Paulinho da Viola sentado em um banquinho, com sua viola nos braços pronto para cantar a primeira música do set list: “Nervos de Aço”, um clássico do repertório do portelense, mas composto por Lupcínio Rodrigues.
Em seguida, enfileirou ainda “Tudo se Transformou”, “Coisas do Mundo Minha Nega”, “Coração Leviano” e “Pecado Capital” no primeiro bloco da apresentação, antes da entrada triunfal de Marisa Monte, belíssima em um vestido vermelho com direito a capa e tudo. A primeira música que os dois cantaram juntos foi “Para Ver as Meninas”, emendando logo com uma versão arrebatadora de “Sinal Fechado”. De repertório da cantora carioca, destacou-se, ainda, “Dança da Solidão”, “Universo ao Meu Redor”, “De Mais Ninguém”, “Carnavália”e “Esta Melodia”, que foi gravada com a Velha Guarda da Portela no disco “Cor de Rosa e Carvão”, cantado em uníssono pela plateia, que tinha alguns famosos, como Mariana Ximenes, Murilo Benício e Débora Falabella, Marco Pigossi, Mariana Weickert e outros.
É claro que os clássicos sambas dos compositores da azul e branco, paixão dos dois, não poderiam ficar de fora. Apesar de querer parecer uma roda de samba improvisada, ficava bem claro que tudo estava bem ensaiado e harmonizado, quando os dois simulam uma conversa descontraída sobre as lembranças musicais portelenses, evocando e cantando composições de Monaco, Bubu, Candeia, Chatim, Mijinha, Manacéia, Candeia e Alberto Lonato, entro outros, culminando com uma linda interpretação da dupla de “Carinhoso”, hino de Pixinguinha que completa 100 anos em 2017.
Este, aliás, foi um dos poucos momentos de comunicação direta com a plateia, já que nesta temporada de shows, ao que parece, a dupla quer se ater mais a fazer o que sabe de melhor: cantar e encantar. Marisa fala mais, conta casos, como quando descobriu que “Não quero Você Assim”, de Paulinho, foi escrita pensando em Roberto Carlos, mas que o compositor nunca entregou a música ao Rei, tendo ele mesmo gravado, ou quando contou que um dia Paulinho entregou uma fita casseta a Marisa com uma melodia para que ela pedisse a Arnaldo Antunes que escrevesse uma letra. E assim nasceu “Talismã”, que também está no setlist do show.
Enquanto Marisa fazia as vezes de mestre de cerimônias, Paulinho, mais tímido, prefere sorrir, se mostrando feliz de estar ali, no palco e ao lado da amiga de tantos carnavais. Apesar de poucas surpresas e riscos, e muitos clássicos e belas interpretacões, é uma rara oportunidade de ver um encontro de gerações tão significativo no palco e que termina, contemporaneamente, ao som de “Comida”, um clássico dos Titãs que grita: “A gente quer comida, diversão e arte”. Viva Marisa e Viva Paulinho!
Artigos relacionados