Um dos maiores ícones da música pop brasileira, Marina Lima participou de um pocket show, ao lado da banda Strobo, na noite do terceiro dia de desfiles da São Paulo Fashion Week, no Parque do Ibirapuera, mostrando que está em plena forma física e vocal no auge dos seus 61 anos. Esbanjando confiança e simpatia no palco montado no estande da Natura, a artista, que ganhou a cena musical no final dos anos 70, entoou canções emblemáticas como “Charme do Mundo”, “À Francesa” e uma releitura sintetizada da música “Partiu”. Dizer que foi um sucesso, seria o mesmo que chover no molhado. Ah, e quando o assunto é moda, Marina também nunca fez feio. Influencer de sua geração, ela confessou com exclusividade ao HT, que é uma verdadeira apaixonada pelas tendências, mas hoje tem optado pelo conforto. Tanto que em seu primeiro livro publicado em 2013, intitulado “Maneira de Ser”, ela deixa claro um aspecto intrínseco de sua personalidade: a paixão pela moda.
“Eu adoro a moda, porque ela traduz a gente. Dependendo da forma que a pessoa está vestida, ela é capaz de apontar de que tribo você é ou se você é de uma tribo única que não tem nenhum outro participante. A moda ajuda muito o ser humano se expressar e colocar para fora sua verdadeira identidade, eu gosto muito”, disse ela, que ainda revelou o segredo para completar seis décadas com tudo em cima. “O segredo é começar a se cuidar cedo. Eu sou virginiana com acendente em virgem, ou seja, eu sou uma formiguinha. Desde dos meus 20 anos que eu adoro malhar, me alimento direito, adoro creme e curto a idade que eu tenho no determinado tempo. Eu procuro sempre ser melhor que eu puder nas limitações das fases. Quero envelhecer com saúde, mostrando meu prazer de estar viva, de participar. Jamais voltaria no tempo e devo dizer que a maturidade foi libertadora”, comemorou.
Em uma turnê conjunta com o duo Strobo, Marina começa a rodar o Brasil com releituras dos hits mais poderosos de sua carreira, que começou a ser construída em 1979, com o álbum “Simples Como o Fogo”. Disco vai, CD vem, depois de alcançar o almejado disco de platina com o inesquecível “Fullgás”, e tantos outros que vieram, a artista passou por tempos difíceis, mas isso hoje é coisa do passado. “A voz voltou com tudo e eu estou feliz. Eu conheci essa turma de Belém do Pará, um pessoal com foco na música, sabe? E depois desse encontro a gente começou a fazer shows juntos. Se eu tivesse começado hoje em dia, o som deles seria exatamente o que eu estaria fazendo. Eles também adoram o meu trabalho e conhecem muita coisa da minha discografia, então, a gente resolveu se juntar e estamos começando a produzir um disco novo”, disse, acrescentando: “Estamos começando a escolher repertório e músicas e fazer um single. Mas de fato estamos muito no começo ainda desse projeto”. Ela tem dividido o palco com Arthur Kunz e Léo Chermont.
Marina Lima nunca escondeu de ninguém suas preferências, pensamentos, ideologias e muito menos seus pontos fracos – muitas vezes reproduzidos em suas canções. Militante na luta contra o preconceito, em seu âmbito mais abrangente, a cantora acredita que as pessoas precisam viver suas vidas sem receberem o dedo apontado por ninguém. “Eu acho importante a liberdade conquistada. Em todas as áreas. Não só no movimento feminista, mas também para os negros, para os gays… É muito importante. Todo mundo paga imposto, todo mundo é cidadão e por isso todo mundo tem o direito de ser feliz e poder se expressar e viver o mundo que a gente vive da melhor maneira possível. Então, eu acho que as mulheres, os negros e os gays devem se libertar, se assumir e ser exatamente como os outros: livres”, ressaltou.
Ah, e atenta aos movimentos políticos do nosso país, ela ainda ressaltou que tem sido um pouco mais complicado falar de cultura em tempos febris da nossa sociedade. “Quando acontece uma crise, a primeira coisa que cortam são os investimentos no entretenimento. Tanto que chegaram até a cortar o ministério da Cultura, o que achei um tremendo absurdo. Está muito complicado, mas ao mesmo tempo, se for por um período não muito longo, isso ajuda a criatividade também, porque quem é criativo consegue superar essas coisas todas. Então, espero que seja por pouco tempo e que a gente consiga se redescobrir de várias maneiras também através dessa neblina”, completou.
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