Maria Rita rebate críticas que recebeu por interpretar Elis Regina. “Lugar de ninguém é ocupado jamais”

Ser filho de um ícone não deve ser uma tarefa muito fácil. Ainda mais quando se segue a mesma carreira do pai ou da mãe. Do mesmo modo que Chico Chico não gosta das comparações com Cássia Eller (1962 – 2001), Maria Rita também já sofreu com isso. Como contou durante o show de comemoração do 4º aniversário do Theatro NET Rio, no Rio de Janeiro, a filha de Elis Regina  (1945 – 1982). “São comentários que se a gente encara de frente são profundamente ignorantes. Mas eles vêm de um lugar de amor, de saudade, de paixão. Quase como se eu estivesse ocupando o lugar da minha mãe. E muita gente se sentiu ofendida com isso”. Mas Maria Rita concluiu: “Lugar de ninguém é ocupado jamais, mas as semelhanças existem”.

A cantora disse que ficou com medo que a característica “agressiva” dos comentários que ela recebeu e a “falta de tolerância” nas opiniões pudessem “intoxicar um pouco o relacionamento que ela tinha com a mãe, que era única e exclusivamente pela música dela”. Para Maria Rita, esse afastamento foi como “se perdesse a mãe pela segunda vez”. E, posteriormente, ela assumiu essa perda. Porém, hoje, a cantora reconhece que agiu assim de “consciência limpa” e que era uma necessidade para seguir na carreira de cantora.

Com “os números, prêmios e reconhecimentos” que Maria Rita conquistou ao longo da trajetória, ela pôde mostrar que seu talento não estava exclusivamente em interpretar de forma semelhante as canções da mãe Elis Regina. Ela se diz orgulhosa e honrada por não ter crescido de forma “oportunista em se calcar no repertório da mãe e em cantá-la”. E hoje, dez anos depois do começo da carreira, Maria Rita se diz madura e pronta para “reencontrar Elis”.

No show Redescobrir, que ficou em turnê por um ano e meio pelo Brasil, a intérprete canta músicas que foram sucesso na voz de Elis. E como não foram poucas, Maria Rita reconheceu a dificuldade que encontrou para selecionar o repertório. Nesse espetáculo, ela disse que subia ao palco “mais como filha do que como cantora”. Para ela, foi uma experiência agregadora ver, como filha, a emoção e a saudade que as pessoas sentiam da mãe. E essa outra realidade, oposta à que viveu no início da carreira, emociona e fortalece Maria Rita. “Com esse show eu vi essa mulher, essa alma, a artista, amiga, intérprete, música que minha mãe era. E isso me enche de orgulho e ela volta para casa. Volta para os meus filhos, volta para mim. Acho que esse foi o maior presente que as pessoas me deram. Com uma receptividade tão generosa, quente e apaixonada mantiveram minha mãe tão viva dentro deles”.