*Com Domênica Soares
Salve, mestre Antônio Carlos Jobim (1927 – 1994), um dos maiores nomes da música brasileira, que nos deixou vários legados. E a filha caçula Maria Luiza Jobim, do casamento de Tom com Ana Lontra, está trilhando uma carreira musical solo bonita e conquistando o coração do público. “Casa Branca” é a primeira música lançada por ela em português, canção composta em parceria com Lucas Vasconcellos e produzida por Alexandre Kassin e que dá nome ao primeiro álbum da cantora com lançamento previsto para o mês de outubro e repleto de memórias afetivas. Além da música, a produção ganhou um clipe dirigido por Julio Secchin e contou com um compilado de imagens de arquivo pessoal da cantora. Em “Casa Branca” há um grande foco na celebração da saudade. As cenas, a letra, melodia, irmãos, Tom, os amigos, Nitendo e João, compõe esse cenário repleto de emoção. “O disco tem muito de quem eu fui e quem eu sou agora. A maternidade – ela é mãe de Antônia – nos faz reconectar com muitas vivências da infância e nos dá muita coragem. Me mostro de uma maneira como nunca antes, exponho os vazios e muitas alegrias, tem nostalgia mas tem uma gratidão enorme pelo o que vivi. Tem a beleza de ressignificar as coisas também. A música “Casa Branca” fala de onde cresci. As memórias, os cheiros, os sonhos daquela infância. Acho que consegui expressar esse universo”, conta Maria Luiza.
Contudo, o álbum não remete apenas às memórias. Ele conecta aquela garota de “cabelo amarelo e óio cor de chuchu” à Maria Luiza Jobim de hoje: mulher, mãe e artista. Ela conta que as primeiras músicas surgiram de um momento muito rico, quando estava em Nova York estudando produção musical na Juilliard, quando descobriu que estava grávida. “Foi um momento de muita criação, o disco e minha filha surgiram desse tempo”, comenta. Além disso, ela disse que por ser seu primeiro álbum solo foi fundamental se conectar com o início da música em sua vida. Os ensaios que aconteciam na casa do Jardim Botânico, as crianças em volta do piano, seu pai tocando e ela acompanhando cada nota musical. O que mostra que talvez seja por isso que a programação eletrônica moderna do single tenha uma sinergia com o passado e a doçura da voz da cantora.
Em entrevista exclusiva ao site Heloisa Tolipan, Maria Luiza, filha de um dos maiores ícones da música, explica um pouco do que busca levar para o público com suas produções. Ela conta que quis dividir o amor que recebeu na infância e acha que transmitir isso para o mundo, esse sentimento belo e de verdade, é uma forma de retribuir a tudo de bom e lindo que colheu. “Os temas das músicas também são recordações para muita gente: ‘as paredes que conheço de cor’, ‘as tardes de Nitendo’, todo mundo tem sua casa branca”, pontua. Ainda sobre o clipe, ela explica que “Casa Branca” é uma referência à casa onde cresceu, mas que além do ambiente concreto de seu lar, a alma da canção elucida também sua casa interna, da infância e do coração, tendo como principal objetivo a vontade de homenagear esse lugar e as pessoas que se identificam com o universo sentimental e familiar, de pertencimento.
Maria Luiza, até então, tinha feito algumas composições em inglês, mas conta que para ela, esse processo era natural. Compor em inglês ou português é um aspecto normalíssimo em sua vida, já que cresceu nos Estados Unidos e quando esteve no Brasil foi também alfabetizada na língua inglesa. “Essa escolha não foi tão consciente e, sim, intuitiva”. A cantora sempre foi muito próxima ao seu pai, e conta que um ponto marcante em sua vida, era que Tom Jobim acordava todos os dias às 5 horas para tocar piano e, para ela, esses momentos foram inspiradores. Tudo mostra que a música sempre esteve presente na vida da cantora e que viveu profundamente as emoções divididas com sua família, e claro, com seu pai, o inspirador Tom Jobim. Proporcionou que sua paixão pela carreira crescesse ainda mais.
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