Depois de cinco dias que o clipe ‘Você não presta’ foi lançado, a cantora Mallu Magalhães desabafou nas redes sociais sobre o fato de ter sido acusada de racista. “Gostaria de pedir desculpas a essas pessoas. Meu trabalho e minha mensagem têm sempre finalidade e ideais construtivos, nunca, de maneira nenhuma, destrutivos ou agressivos”, escreveu a jovem.
http://https://www.youtube.com/watch?v=hrh6zd5c0OY
No clipe, atores negros exibiam corpos brilhosos como se estivessem mergulhados em um óleo o que foi apontado como uma forma de hipersexualização. Para os internautas, o brilho remete a época da escravidão quando se passava banha para que a pele parecesse mais saudável. As pessoas acusaram a garota de reforçar estereótipos aumentando a objetificação cultural.
A galera questionou o fato de que justo na parte em que a cantora fala “não convido você porque você não presta”, os bailarinos estavam atrás de uma grade sem Mallu dentro. Afirmaram também que ela se distancia do grupo no momento em que parece não se colocar no mesmo patamar que os outros integrantes. Outra associação que foi feita era com relação a blusa da menina que exibia ‘Oscar 2002’, o único ano em que dois atores negros, Denzel Washington e Halle Berry, ganharam a um troféu de melhores atores ao mesmo tempo.
Com 25 anos, Mallu é cantora, compositora e instrumentista. Seus maiores sucessos são “Velha e Louca”, “Tchubaruba”, “J1” e “Shine Yellow”. Já foi elogiada pelo ‘New York Times’ como uma mulher de sensibilidade própria e cativante. Mora em Lisboa com a sua filha de 2 anos e o marido e cantor Marcelo Camelo.
A música recentemente lançada investe no samba, ao ritmo do Carnaval. O novo álbum dela deve sair ainda este ano.
Leia íntegra o pedido de desculpa da cantora publicado em seu perfil:
“Fico muito triste em saber que o clipe da música “Você não presta” possa ter ofendido alguém. É muito decepcionante para mim que isso tenha acontecido. Gostaria de pedir desculpas a essas pessoas. Meu trabalho e minha mensagem têm sempre finalidade e ideais construtivos, nunca, de maneira nenhuma, destrutivos ou agressivos.
A arte é um território muito aberto e passível de diferentes interpretações e, por mais que tentemos expressar com precisão uma ideia, acontece de alguns significados, às vezes, fugirem do nosso controle.
Sei que o racismo ainda é, infelizmente, um problema estrutural e muito presente. Eu também o vejo, o rejeito e o combato.
Li cada uma das críticas, dos posts e comentários, e o debate me fez refletir muito sobre o tema. Entendo as interpretações que derivaram do clipe, mas gostaria de deixar claras minhas reais intenções.
A ideia era ter um clipe com excelentes dançarinos que despertassem nas pessoas a vontade de dançar, de se expressar. Foram convidados pela produtora e pelo diretor os bailarinos Bruno Cadinha, Aires d´Alva, Filipa Amaro, Xenos Palma, Stella Carvalho e Manuela Cabitango. Com a última, inclusive, tive a alegria de fazer aulas para me preparar para o vídeo.
É realmente uma tristeza enorme ter decepcionado algumas pessoas, mas ao mesmo tempo agradeço a todos por terem se expressado. E reitero o meu pedido de desculpa. É uma oportunidade de aprender.
Espero que, após este esclarecimento, seja aliviado deste espaço de conversa qualquer sentimento de ofensa ou injustiça, ficando os fundamentos nos quais tanto acredito: a dança, a arte e o convite à música.
MALLU”
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