“Música, sentimento e vida real”. Essas três palavrinhas explicam o significado de Mahmundi, a “moleca” que vêm conquistando o cenário contemporâneo da música popular brasileira. Em entrevista ao HT após mais uma edição do Noite Faro MPB, no Botafogo Praia Shopping, no Rio de Janeiro, Marcela Vale contou que sua música é um reflexo da verdade que deseja transmitir ao público. “Eu prezo muito por ser verdadeira comigo e com as relações que eu tenho e, automaticamente, isso passa na minha arte. Eu não consigo desconectar. Quanto mais a música se conecta com a minha vida, mais ela se torna uma coisa só”, explicou ela. E tem novidade para quem curte o som da musa: dia 6 de maio tem disco novo. Com dois EP’s na carreira – em 2012 e em 2013 –, o projeto Mahmundi, com a participação e parceria de Lux Ferreira e Felipe Vellozo, aposta em mais musicalidade e faixas inéditas. “O álbum demorou quatro anos para ser produzido. Eu estou muito feliz por ele, é um reflexo de todo esse tempo de trabalho sintetizado em um disco”, nos contou emocionada.
Mahmundi, que além de cantora é compositora e produtora, destacou a importância da relação direta com as pessoas. A carioca que agora habita na terra da garoa destacou que “São Paulo remete a observar muito a vida do outro”, o que está contribuindo para que ela escreva mais. “Eu me mudei para lá querendo conhecer pessoas e histórias novas. E com essa conexão as letras acontecem. Eu acho que quanto mais você estiver em sintonia com a sua arte, mais fácil fica. Eu quero estar com pessoas, e para fazer música com essa dimensão você precisa entender o outro”, disse Marcela. Está achando que é fácil ter um som diferenciado, leitor? Pelo contrário. Para ela, “arte requer muita dedicação e espiritualidade” do músico. Por isso que sua pouca experiência de ter uma banda, no começo da carreira, foi um “fracasso”. “Era um som muito novo, tinha muita ideia ruim ainda. Eu aprendi nessa época que não dá para fazer música de qualquer jeito. Eu não me sentia confortável com a minha musicalidade. Em função disso, eu preferi sair e começar minha carreira musical do zero, estudando mais guitarra e buscando boas referências. Não dava para ficar simplesmente me reunindo nos finais de semana para tocar. É óbvio que isso acontece, mas tudo só transcende quando você se concentra e cria um som conectado com as pessoas”, explicou a artista.
Com uma relação tão intimista com a música, se engana quem pensa que Marcela “nasceu cantando”. Ela, que já foi comparada à Rita Lee e Marina Lima, disse ao HT que se descobriu cantora tocando bateria. “Eu fui aprendendo a cantar e a usar a minha voz cada dia mais. Eu não cantava quando era menor, mas tocava muito”. Antes de fazer sucesso nos palcos, Mahmundi estreitou a ligação com a música nos bastidores do Circo Voardor. O HT te explica: a morena trabalhou como técnica de áudio por sete anos na casa de shows. “Fazer música foi muito importante. O Circo me trouxe muita maturidade para eu fazer meu próprio som. Eu comecei a ouvir mais sobre sonoridade – caixas, bateria, guitarra e etc. Essa experiência me mostrou a necessidade de conectar com as pessoas. Quando eu decidi fazer o meu próprio disco, foi baseado nessas experiências”, relembrou Mahmundi.
Durante as apresentações, a artista busca interagir diretamente com os fãs. Conversas descontraídas, piadas e selfies aproximam a plateia da cantora. Além dessa característica nos shows, Marcela busca essa relação estreita com o público nas redes sociais. “Já me falaram que é bom colocar um assessor de mídias sociais, mas nada mais carinhoso que ter o artista falando com o fã. Eu prezo muito por essa comunicação”. E internet é com ela mesmo! Super adepta do Instagram e Snapchat, Mahmundi contou que foi de lá que ela saiu. “Eu comecei na internet postando música no Soundcloud. Em um dia, minha primeira postagem tinha mil execuções. Isso para mim foi um marco. Estar conectada e saber o que anda acontecendo é fundamental e fortalece tudo o que a gente faz”, afirmou.
Além de toda a carreira artística, Marcela Vale também é atuante em movimentos sociais. No último Dia Internacional da Mulher, ela participou de uma campanha com frases de preconceito presentes no cotidiano feminino. Segundo ela, mais que defender uma maior participação das minorias na sociedade, é importante que lutemos por igualdade entre todos. “Eu acho que a gente está vivendo um momento muito importante. Não só para as mulheres, mas para todos os movimentos que foram reprimidos ao longo do tempo. Eu prezo não pela superioridade delas, mas pela igualdade. Na verdade, não é interessante que nenhum lugar seja maior que o outro. Mas que todo mundo tenha espaço e possa ser o que quiser. Eu acho que isso que move as coisas. A gente tem que provar para o mundo que é possível ser feliz sem agressão”, mandou o recado. Ao lembrar das situações preconceituosas que já viveu, dentro e fora do cenário musical, Marcela disse que devemos lutar pela paz. “Esse discurso se tornou meio piegas, porque paz virou uma coisa tão utópica que parece que você está brincando quando fala. Mas eu super acredito que as minorias vão se estender pela sociedade. A gente precisa lutar por isso todos os dias”. Falou e disse!
Assim como Mahmundi, vários outros artistas se apresentam no Noite Faro MPB. O show, que rola no Botafogo Praia Shopping na última terça-feira do mês, é apresentado pela jornalista Fabi Pereira e traz os novos nomes do cenário musical brasileiro. Para maio, a banda Dônica, com o filho de Caetano Veloso, já está confirmada. Nos vemos lá, hein?
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